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9 de jul. de 2008

A Internet é uma revolução de Nerds idiotas?

Axioma transcendente que ouvi: “a informática inventou problemas que não existiam”.

Quem criou a Internet foram os militares ou os Nerds? Não pode ter sido os militares porque eles somente inventam controle, nunca o descontrole. Qual militar maluco teria imaginado um sistema acéfalo, não hierarquizado, distribuído em nós autônomos?

A internet só poderia ter sido bolada por portadores da Síndrome de Asperger, Autismo, cujos sintomas podem ser relacionados aos Nerds. Calma, Asperger se trata apenas de uma derivação do autismo clássico – o Nerd /Asperger não apresenta os sintomas populares do catatonismo – ele se comporta de acordo com nichos específicos de interesses e comportamento. Vamos dizer que eles são sensacionais em uma dezena de assuntos que incluem física quântica, RPG, simulações virtuais, FC, probabilística, teoria do caos, algoritmos, Linux, computadores, filosofia, etc, ao passo que apresentam desempenhos sofríveis e até execráveis no trato com o resto das coisas terrenas.

O Sistema.
Pois bem, a leitura de um artigo intitulado “O Sistema: Globo chama nerds de retardados mentais” me fez concluir que a polêmica escritora Fernanda Young da série Sistema levada ao ar no início de 2008 alcançou o “X” da questão ao retratar o mundo Nerd sob o ponto de vista da Teoria da Conspiração. Ao contrário da posição assumida no post pelo Bighi, acho que a Fernanda captou tanto o retardamento para a vida, como a genialidade inerentemente Nerd de vivenciar o imponderável.

Cripografar para não Comunicar?
O assunto é polêmico: a Internet não foi criada por pessoas normais e muito menos dirigida para pessoas normais. Ao contrário, ela foi criada por nerds acadêmicos idiotas voltada para satisfazer as necessidades conectivas de outros tantos nerds acadêmicos idiotas. E desse pecado inicial até hoje a Internet padece: o de se debater no lugar-comum da coisas triviais tornadas complexas.

Limitações cognitivas da normalidade.
O mundo Nerd nem de leve sonha com as limitações das capacidades cognitivas das pessoas que andam nas ruas, vejamos o que elas não conseguem e nunca conseguirão fazer na Internet:

- Achar coisas na Internet, o internauta comum não aprende a questionar os mecanismos de busca, porque estes foram feitos por Nerds dotados de capacidades semânticas acima da média, portanto nem suspeitam que os reles normais não consigam perpetrar aproximações heurísticas, em abordagens de camada de cebola, na direção da informação que estão procurando;

- Rolar páginas, esqueçam da rolagem de página tanto vertical e, cruz credo, da horizontal. Pesquisas indicam que somente 0,4 % dos usuários rolam a página horizontalmente. Isto significa uma grande parte da informação é perdida nas páginas extáticas dos sites, desenhadas com largura superior a 1024 pixels Mesmo os de 1024 pixels correm o mesmo risco quando são consultados a partir de computadores com resoluções menores, de 800 x 600 e 640 x 480.

A rolagem vertical é um problema menor e mesmo assim abismal: a maioria dos usuários do Google quase jamais lê além dos 5 primeiros resultados. Não é à toa que o Google mostra por default somente 10 links de cada vez. Quando o assunto toca a trocar a página dos resultados apertando naqueles numerozinhos no final da página de 1 a 10, então a estatística é desanimadora: a maioria dos usuários nem sabe que aquilo existe;


- Excesso de informações: o Google deve ter alguma assessoria vinda do mundo exterior não Nerd, tanto que a sua página inicial clássica é espartanamente “clean”, propiciando que as pessoas consigam apreender as informações. Porém, a grande maioria dos sites é sobrecarregado de janelinhas popups, frames incomodativos, poluição visual e mais poluição visual, o que causa a rejeição dos internautas.

Na medida em que cresce a quantidade de informações emboladas numa tela, decresce a capacidade/interesse do usuário de lê-las. Os piores Webdesigners são os poluidores visuais com sua mania de preencher cada pixel da tela com lixo iconográfico. Só os Nerd não sabem disso e quem disse que a Fernanda Young não tinha razão?


- Navegação entre páginas estamentadas em hierarquias vertical e horizontal. Os internautas não navegam contentes em sites excessivamente hierarquizados pela mania de fazer janela dentro da janela, dentro da janela, etc, ad infinitum. Para conseguir sair dos buracos lógicos, os comuns mortais deveriam possuir em alto grau a capacidade de precedência/poscedência inteiramente familiarizada com o dom da reversibilidade.

O resultado da escassez de tais capacidades, abundantes na estrutura cognitiva Nerd e raras no mundo real, é que as pessoas, ao se perderem nas janelas sucessivas, se frustram e se sentem burras por não conseguirem fazer coisas que outros perfazem com a maior facilidade.


Qual é a solução?
Os sites devem contratar além da cambada de compulsivos Nerds, alguns seres normais que freiem e modulem a sua tendência à complexação. O Brasil, graças à sua carência de oferta de computadores a preços baixos, há um enorme mercado reprimido de futuros internautas, que só não se lançaram porque não têm acesso aos meios virtuais. Todavia, na medida em que o governo formata políticas especificamente voltadas aos excluídos digitais, a cada ano aumenta o contingente de internautas navegando e enfrentando as pegadinhas que os Nerds criam inconscientemente aos incautos “internautas civis”, infelizmente possuidores de recursos semânticos dentro da curva padrão da normalidade.

Referências:
O Sistema: Globo chama nerds de retardados mentais
Fernanda Young
Síndrome de Asperger

Nerd, Internet, Asperger, Sistema, Fernanda Young, normalidade, inclusão digital, iconografia, webdesigner

4 comentários:

  1. Não é à toa que tantos de nós abominam a inclusão digital. Mas afinal, seria prudente dar um carro a alguém que não sabe dirigir? De maneira semelhante, dar acesso à Internet a alguém que não sabe usá-la, é direito? Deveriam haver cursos voltados para o assunto, porque a Internet para "não-internautas" não seria uma rede de comunicação, seria um sistema de IA gigante que tentaria adivinhar o que o usuário está querendo. Suas visitas ao Yahoo! Respostas que o digam...

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  2. a sindrome de Asperger está também associada a reduzida actividade imaginativa, áreas de interesse muito limitadas, gosto pela rotina, etc.

    não me aprece que isso seja muito "nerd".

    Acho que o que se criou (sobretudo na Net) foi a mania de usar "sindrome de Asperger" como código para "inteligente inadaptado".

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  3. Uma das acepções do termo síndrome leva em conta a hierarquização de gravidade do problema.
    As pessoas MUITO inteligentes são socialmente inadaptáveis, sofrem ocasionalmente do transtorno do pânico, sentem-se como ET's no planeta.
    O esteriótiopo do NERD, garoto cheio de espinhas, feio, de óculos de fundo de garrafa, introspectivo, fraco, que todo mundo acha louco, tem algum amparo nos sintomas de Asperger e na maneira como as pessoas concebem aquelas pessoas que eles têm a absoluta certeza de viverem "fora da casinha".
    Por outro lado, é temerário fazer uma associação científica nerdismo e aspergismo. Para se chegar a isto, muitas pesquisas científicas seriam necessárias.

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  4. E que me dizem de uma eventual associação nerdismo/transtorno de personalidade esquizóide?

    A mim até me parece fazer mais sentido (sobretudo,imagino muito mais um esquizóide a gostar de role-playing games do que um asperger)

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