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31 de out. de 2012

Reclamações sobre os mecanismos de pianos feitos de compostos sintéticos

por Isaias Malta
A tentativa de trocar a madeira por materiais compostos em pianos não é de hoje, pois a coisa começou mais intensamente na década de 40 nos pequenos pianos do tipo espineta. E a novidade não foi muito longe porque o PVC empregado não resistia durante muitos anos e se tornava quebradiço. Hoje são encontrados por aí pianos nacionais com mecânica de PVC, naturalmente imprestáveis. Já o uso de plástico em substituição ao marfim na forração das teclas se tornou imperativo devido à proibição da caça ao elefante depois do fim da 2ª guerra mundial.

A introdução da resina ABS (Acrilonitrila butadieno estireno) e compostos sintéticos mesclados com carbono mudou completamente o cenário de descrédito em relação à durabilidade. Inclusive há uma onda de ufanismo sobre o uso de tais materiais em substituição à madeira, cujas irregularidades e comportamento errático são perfeitamente conhecidos. No entanto, apesar da Kawai ter começado a usar compostos sintéticos nas suas mecânicas há 40 anos, até hoje persistem as discussões sobre o assunto e o fato é que a tradição da madeira tem reinado soberana, pois a maioria dos fabricantes permanece fiel à obra prima tradicional. Isso por causa de prováveis deficiências no funcionamento, ou será por imposição do mercado?

Agora, em meio às vozes que fazem juras de amor aos plásticos modernos, ouçamos algumas vozes dissonantes que falam de questões bastante pontuais e caras aos pianistas, que são os verdadeiros interessados nessa guerra entre o seguimento da tradição e a abertura de espaço para a introdução de novos materiais.

O problema da rigidez dos pinos dos martelos
O vídeo acima demonstra como a extrema variabilidade na flexibilidade das madeiras pode minar o equilíbrio na produção da nota de tecla para tecla. Ora, o oposto também é um problema. A rigidez dos tubos de carbono usados como pinos dos martelos dos mecanismos fabricados pela Wessell, Nickel and Gross” (uma subsidiária da fábrica de pianos norte americana Mason and Hamlin), pode tornar o som muito "seco", fato que restringe a capacidade expressiva dos pianistas. Será que este motivo fez com que a Kawai tivesse permanecido fiel aos pinos de martelos de madeira? A primeira foto da página ilustra uma mecânica Kawai, enquanto a foto abaixo mostra um mecanismo WNG (Wessell, Nickel and Gross).
Segundo palavras do projetista de pianos Del Fandrich "o peso dos pinos de martelos produzidos pela WNG é quase idêntico aos tradicionais pinos de madeira fabricados pela Renner, porém eles são significativamente mais rígidos, tanto no sentido longitudinal, quanto no rotacional".

O problema da rigidez total da mecânica
Se a questão estrita da rigidez dos pinos dos martelos pode ser um problema, pode-se cogitar o quanto a rigidez total das partes de plástico altera o toque ao pianista, desejoso antes de tudo de ter um teclado altamente responsivo, mas que não vê com maus olhos uma pitada de resistência. A madeira, com certeza, dá esse componente orgânico em alto grau, apesar da sua irregularidade e de ser vulnerável às variações de umidade.

Não transmite as vibrações aos dedos
Um depoimento intrigante dado por esse pianista lança luz sobre uma das maiores vantagens do instrumento acústico sobre os seus congêneres digitais: a capacidade que os primeiros têm de transmitir as vibrações via teclado aos dedos, coisa que os teclados eletrônicos não transmitem absolutamente. Pois bem, o pianista relata que notou tal deficiência quando experimentou um piano Mason and Hamlin equipado com mecanismo de plástico. Ora, sabemos que a madeira de fibras longas é uma ótima condutora de som, por isso ela é usada em praticamente em todos os instrumentos musicais acústicos. O que pode garantir essa mesma capacidade condutora nas resinas de plástico?

Problema na cola
Especificamente quanto aos mecanismos WNG, que usam martelos de madeira colados a pinos de carbono, uma escola de música de Ontário (Canadá) documentou um acontecimento estranhamente desolador. Eles compraram um Mason and Hamlin orquestral CC 9'4" em 2009. Depois de afinado, regulado e entonado, ele ficou sem uso até 2012. Quando foram usá-lo, eis a amarga surpresa: todos os martelos estavam incrivelmente desalinhados. Ora, sabemos que pianos com mecânica de madeira chegam a permanecer décadas parados num canto sem que os "fantasmas brincalhões" consigam transformar os martelos num lixo puro.

Ruídos
Este usuário relata os barulhos que tem experimentado no seu Mason and Hamlin modelo AA recém comprado. O ruído, que ocorre quando o martelo percute a nota, é mais pronunciável na zona dos agudos, diminui nos médios e quase não é notado nos graves. Ele comparou com outro modelo semelhante dotado de mecânica de madeira e não constatou os ruídos. A explicação pode ficar por conta do item "O problema da rigidez dos pinos dos martelos" visto acima.

Mecanismo leve demais
Uma medição do peso exercido pelo bascul sintético sobre a tecla revela que ele é 2,5 gramas mais leve do que o equivalente de madeira. Se por um lado há a vantagem dessa leveza significar a diminuição do uso de chumbo como contrapeso da tecla (por ser um material altamente tóxico), por outro, o pianista pode se sentir desconfortável com um toque demasiadamente macio - fato que remete aos famigerados teclados eletrônicos.

Maiores informações sobre o uso de novos materiais em pianos:

26 de out. de 2012

Pianos de aglomerado?

por Isaias Malta
A fartura de madeiras nobres se esgotou há anos no planeta. Como a manufatura de pianos depende umbilicalmente da farta oferta de madeiras de excelente qualidade*, os fabricantes buscaram alternativas para enfrentar o problema. E o uso de diferentes tipos de aglomerados tem sido a solução. Assim, o maior ou menor uso desses materiais extremamente abundantes e baratos é um dos ditadores do abismo nos preços existente entre os pianos de baixo custo fabricados em massa no oriente e os caríssimos instrumentos tipo high-end feitos artesanalmente.

Além de definir o preço, o uso de LDF, MDF e HDF influi também, como não poderia deixar de ser, na qualidade sonora do piano. Por isso, na hora de comprar um instrumento, não podemos deduzir que um piano de barbada só tem esse preço porque o dono da loja está sendo bonzinho.

Tampo de piano de cauda
Até os caríssimos pianos europeus de alto pedigree utilizam aglomerados na confecção dos tampos. Tal procedimento se justifica diante da grande pressão exercida por entidades ambientalistas em nome da preservação dos recursos naturais. Diga-se de passagem, o tampo feito de MDF em nada afeta a projeção do som, exceto ser bem mais pesado de manusear. Portanto, não estranhe se você descobrir esse material no seu dispendiosíssimo piano de cauda (naturalmente, o fabricante jamais mencionará tais pormenores nas especificações).

Teclas
Curiosamente, um afinador encontrou teclas confeccionadas em HDF (High-density fiber) num piano vertical Kawai. Tradicionalmente num piano bem construído, as teclas são feitas de abeto (spruce) alpino. Seria catastrófico se sobre o teclado fosse derramado qualquer líquido, acidente que não é difícil de se imaginar em pianos domésticos e de bares.

Tabuleiro do teclado
Pelo mesmo motivo exposto acima, não é recomendável que a madeira que serve como fundo do teclado seja de aglomerado, contudo, alguns pianos baratos usam MDF nesse lugar crítico para a longevidade do piano.

Tampo harmônico
Segundo as palavras do afinador Francisco Motta: Em alguns pianos de baixo custo foram utilizados compensados especiais no próprio Tampo Harmônico, por exemplo: Yamaha e Baldwin. No Brasil foram utilizados até compensados comuns de Virola, como se pode observar no M. Schwartzmann.
Fiz uma pequena manutenção num Schwartzmann desses que ainda andam por aí e garanto que aquela coisa foi uma das puras enganações aplicadas pela antiga e famigerada indústria nacional de pianos.

Estrutura
Principalmente nos pianos verticais, os fabricantes cada vez mais ousam (eventualmente abusam) nos aglomerados, especialmente no fabrico de peças curvas. Contudo, as partes responsáveis pela integridade estrutural (exemplo: colunas), e aquelas que contribuem para sonoridade (caixa) não deveriam ser de aglomerado.

Resumindo, se você verificar nos sites dos fabricantes, não verá nenhuma menção ao uso de aglomerados, simplesmente encontrará omissão onde porventura houver. Por outro lado, em relação aos componentes confeccionados em madeira, o fabricante ostenta em letras bem destacadas "madeira maciça" nas especificações, fato que o mercado percebe como um sério indicador de alta qualidade.

Num dia qualquer vi numa loja de instrumentos musicais da minha cidade um pianinho de armário Suzuki (nome que tenta ganhar uma certa respeitabilidade na carona do método de ensino musical japonês, quando na realidade integra o time dos pianos chineses da mais pura ralé). E o pouco que vi é impressionante em termos de baixa qualidade e fragilidade.  Como seria esperável, na sua estrutura pululavam componentes de aglomerado, fato que nos fornece um paradigma de avaliação bastante objetivo: no estado da arte atual, a proliferação de componentes feitos de aglomerado é sintoma gritante de baixa qualidade.

* Por causa de determinados pianistas não aceitarem a sonoridade empobrecida dos pianos novos, uma vez que as suas entranhas desconhecem as antigas castas de madeiras nobres, o mercado de pianos usados continua a florescer e a praticar preços absurdos até por pianos cuja capacidade de produzir som decente já se extinguiu devido ao término da vida útil das suas partes acústicas.

18 de out. de 2012

Comprar piano...

Assistimos ao renascimento do interesse pelo estudo de música no Brasil e um dos instrumentos mais fascinantes, por exigir menos "ouvido", é o piano. Pois bem, enquanto em décadas passadas havia praticamente um piano em cada casa, hoje ele se encontra banido do cenário doméstico, por isso as pessoas correm atrás de prejuízo e partem para aquisição do instrumento que acaba se tornando parte da família.

No entanto, o ato da compra de um piano não é uma tarefa fácil para quem está fora do métier. Justamente pensando nos marinheiros de primeira viagem, abordo o assunto de maneira bem leiga, tentando reproduzir aqui as perguntas mais frequentes que ocorrem ou deveriam ocorrer ao comprador.

Novo ou usado?
Um piano novo teoricamente tem a desvantagem do preço, porém, o mercado de usados por vezes prega peças intrigante, pois eventualmente o preço de um instrumento de segunda mão pode custar igual ou mais caro do que um novo.

Cauda ou armário?
A sonoridade dos pianos de cauda é incomparável. Entretanto, as limitações de espaço e custo levam as pessoas a optarem pela solução mais prática do piano vertical.

Acústico ou digital?
Se você pretende enveredar pelo caminho da música clássica, então opte necessariamente por um piano acústico, já que o desenvolvimento da verdadeira técnica pianística nasce obrigatoriamente estudando num piano acústico em bom estado de funcionamento.

Preço de mercado ou de barbada?
Saiba que há riscos de um piano ofertado a preço de barbada ter passado anos jogado num canto, fato que implica numa reforma geral – o que pode confirmar o ditado popular: o barato custa caro. Os pianos com preço de mercado tendem a apresentar melhores condições.

Consultar um afinador antes da compra ou não?
Não acredito na opinião do afinador para a decisão final, mas o julgamento dele é muito importante para descartar aqueles que não apresentam condições de uso.

Pequeno ou grande?
Tamanho é documento em matéria de pianos. Logo, compatibilize a sua disponibilidade de espaço e o seu poder de fogo financeiro para a definição do tamanho de um piano que apresente o melhor custo/benefício para o seu caso específico.

Velho ou novo?
Se você argumentar que pianos de décadas atrás, por conta de madeiras que não existem mais, têm uma sonoridade insuperável, isso é verdade. Contudo, também é verdade que piano um velho demanda manutenção constante e, talvez, uma reforma completa. Por isso, ceder à tentação de comprar um piano vintage feito de madeira maciça toda entalhada à mão pode não ir além do desempenho de um belo móvel decorativo.

Ver antes ou comprar por fotos?
Até que olhar fotos no Mercado Livre dá para decidir o que não comprar, mas jamais você conseguirá seguramente chegar à decisão final sem um contato direto.

17 de out. de 2012

10 lições para conseguir uma artrite incurável de pescoço usando celular

A tecnologia dá saltos e retrocessos. Quando finalmente pensamos que havíamos chegado ao estado da arte da boa postura na manipulação de equipamentos digitais, com cadeiras ergonômicas e mesas especialmente desenhadas para minimizar o estresse, eis que surge o smartphone com toda a força e joga tudo na lama.

Hoje as pessoas futricam os seus celulares nos lugares mais bizarros, até enquanto dormem e praticam sexo. Hoje, assistimos espantados o aparecimento da geração dos futricadores malucos, somos atropelados por eles e, quiçá, mortos quando eles lançam distraidamente sobre nós os seus veículos descontrolados.

A verdade é que os futricadores malucos adquirem um carma para pagar: está comprovado cientificamente que as articulações do pescoço forçado para baixo durante muitas horas por dia acabam ganhando de graça uma artrite, que é uma doença incurável, que pode evoluir para a artrose, mais incurável ainda. O engraçado é que o pescoço torto de futricador de celular tem algo a ver com o mal do violinista.

1) Nunca dê pausas regulares na futricação.
2) Jamais olhe em frente.
3) Não faça exercícios compensatórios do tipo olhar para cima jogando os braços para trás.
4) Não procure tomar uma postura reta para futricar no celular.
5) Não use o celular numa posição mais alta, de modo que você não precise abaixar a cabeça.
6) Não tente viver a vida de outras maneiras desligando o celular.
7) Utilize todo o seu horário livre disponível para futricar.
8) Futrique quando estiver deitado e faça mantendo a cabeça inclinada em ângulo de 45º.
9) Não reserve tempo exclusivo para os amigos, aliás, esteja sempre com o celular à mão para interromper tudo quando o clima começar a entrar em alto astral.
10) Não faça o contrário de tudo o que está acima.

Referência:

15 de out. de 2012

O que fazer com "outro", o sugador de amor alheio?

Eles estão aí aos montes, nunca posaram de mocinhos e mocinhas nas histórias romanescas, agem na surdina e são odiados publicamente. Falo dos pivôs de separações, da outra, do ricardão, da amante, do cacho, da manteúda, sirigaita, etc.

Eles e elas sobrevivem de migalhas, ou seja, se alimentam dos restos de relações decrépitas. Logicamente, tal função sanitária, longe de gozar de glamour social, é infamantemente condenada. Todavia, tais aves de rapina são pessoas reais que se especializam em viver uma espécie de subvida, mesmo que sob o fustigamento da estigmatização social.

Por vezes, eles são agredidos, abandonados e esquecidos como se fossem personagens caricatos de historietas. Eventualmente, eles também agridem, matam, abandonam.

Sinceramente, o outro da relação é tão pernicioso, que quando nos deparamos com um deles perdemos o rebolado ao encará-lo, desviamos os olhos, porque enfrentar a situação de frente é dose para mamute. Mas, no "escurinho do cinema" das nossas conversas privadas, descascamos a vida dessa gente infeliz, que transforma a vida de muita gente num inferno.

Podemos até admitir que o outro tem boas intenções, sonha com uma vida melhor, é um ser humano como qualquer outro, etc., mas os que caíram fulminados na sua trilha de destruição familiar não conseguem ser tão condescendentes. Como o nosso código penal não contempla crimes morais, resta-nos a guerra de guerrilha da não aceitação dessa forma terrível de rapinagem afetiva.

14 de out. de 2012

Qual é o real controle que os pianistas têm sobre um instrumento pouco controlável?

Desde que o italiano Bartolomeo Cristofori introduziu radicais modificações no projeto dos cravos reinantes naqueles tempos, objetivando um instrumento que produzisse sons desde fracos a fortes, tem-se debatido qual é a margem de controle que o executante tem para personalizar a sua interpretação, considerando-se que o acesso entre os seus dedos e as cordas é intermediado por uma série de aparatos mecânicos.

O principal deles é o engenhoso sistema de escape criado originalmente por Cristofori e aperfeiçoado posteriormente por Sébastien Erard, que libera o martelo imediatamente após o tangimento da corda, independentemente do comando do pianista, pois de outra forma, se o martelo permanecesse mais tempo encostado na corda, certamente produziria ruídos desagradáveis e agiria como um abafador. Assim sendo, se o pianista não tem quase nenhum controle sobre a atuação do martelo, por que há grandes gênios do teclado reverenciados por todos, enquanto inúmeros outros tocadores anônimos jamais ultrapassarão a mediocridade?
No piano, a mecânica serve para tanger o martelo contra as cordas até o mecanismo de escape devolver-lhe à posição de repouso. No momento em que o escape entra em ação, o martelo cai pela ação da gravidade (nos pianos de cauda). Neste curto período de tempo, os dedos do executante não têm a menor possibilidade de interferir no processo. Contudo, os grandes virtuoses costumam deslizar, massagear e tremular os dedos sobre as teclas como se isso pudesse de alguma maneira alterar o som. Será que algo espetacular é gestado nas entranhas do piano, ou é pura crendice?

Mesmo que o ouvido tenha dificuldades de discernir certos fenômenos que ocorrem em intervalos de minutos, ele é altamente sensível a pequenas e sucessivas variações de duração e intensidade* feitas em tempos muito curtos. Consequentemente, apesar do hiato de controle provocado pela ação do mecanismo de escape, sutis alterações podem ser produzidas no curto instante em que o pianista possui pleno controle sobre o martelo. A habilidade de operar tais modificações é um dos fatores que diferencia o grande pianista do amador.

Recentemente, análises computacionais confirmam o que os fabricantes de rolos de piano das antigas pianolas já sabiam, que os grandes virtuoses imprimem as suas próprias "impressões digitais" no modo como tocam, curiosamente, num instrumento que não permite o acesso direto às cordas. Não obstante tais limitações intrínsecas, o pianista Glenn Gould desenvolveu um toque tão pessoal, que pode ser facilmente reconhecido por um ouvinte atento que tenha se escutado um tanto das suas gravações.

Naturalmente, tal capacidade de produzir um toque pessoal e único requer uma extraordinária acuidade muscular que permita um grande controle sobre a pressão e velocidade dos martelos, para que sejam produzidos cerca de quinhentos diferentes níveis resultantes da combinação dessas duas variáveis, em aproximadamente meio milissegundo, ou menos. Mesmo que conheçamos a fórmula empregada pelos gênios, é impossível reproduzi-la sem possuir efetivamente o restante dos atributos.

*Certamente, as variáveis imbricadas no piano não se reduzem a duas, uma vez que podemos nos socorrer da mudança de coloração tonal, e modular a ressonância através do pedal de sustentação. Contudo, para nos cingirmos ao nosso estudo, consideramos apenas duração e intensidade.

Referência:

11 de out. de 2012

O efeito-alavanca das teclas determina a tocabilidade nos pianos de cauda Baby

Encontramos na internet textos que dão conta do quanto um piano de cauda pequeno pode ser pior do que um piano vertical grande, tanto em termos de sonoridade quanto em responsividade do mecanismo. Não entendi esta premissa até o momento em que achei este elucidador artigo no site Piano Buyer que faço uma versão abaixo, que aborda a questão da variável profundidade nos mecanismos dos pianos pequenos. Só aí as coisas se clarearam e pude compreender porque as pessoas podem pagar três vezes a mais por um piano de cauda e levar para casa um resultado acústico bem aquém do que seria esperável por tamanho valor*.
Comparação da força necessária para o acionamento da tecla nos 2 tamanhos nas regiões anterior e posterior
O conforto proporcionado pelo teclado do piano é diretamente proporcional ao comprimento total das teclas, ou seja, a distância entre a sua extremidade frontal e o final da peça localizado no interior do piano. Quem brincou nas aulas de física com alavancas do tipo gangorra, sabe que quanto maior é o seu comprimento, menor força será necessária para movimentar a gangorra.
No caso dessa distância ser curta, que ocorre devido à limitação de espaço característica dos pianos de ¼ de cauda de comprimento abaixo dos 1,55 m, dependendo do projeto, há uma degradação no controle do toque quando a tecla é acionada perto do tampo do teclado (posição necessária para tocar acordes).

Os fabricantes resolvem de maneiras diferentes a questão do estabelecimento do comprimento total das teclas nos seus projetos, decisão que pode afetar sensivelmente a tocabilidade dos pianos pequenos. Em relação aos instrumentos com teclas dotadas de menor efeito alavanca, a falta de controle das teclas, quando tocadas na sua parte posterior, deficiência que já representa um entrave para pianistas iniciantes e eventuais, torna-se um problemão para pianistas avançados e desejosos de expressar nas músicas todo o seu potencial interpretativo.

Por isso, na hora de adquirir um piano de cauda pequeno, é extremamente recomendável que você teste exaustivamente a sua capacidade de controlar as teclas tocando acordes cromáticos com os dedos posicionados entre as teclas. Quando for a uma loja, não fique com vergonha e leve consigo a sua pasta de partituras e não se iniba de tocar trechos de peças que você esteja estudando. Às vezes, justamente essas passagens trôpegas podem ser decisivas na hora de definir qual é o seu piano ideal, aquele que realmente irá atender as suas necessidades.

Referências:

*  Não podemos generalizar, pois cada fabricante adota o seu método particular para contornar as limitações de tamanho dos pianos de cauda tamanho baby. Cabe ao usuário escolher a melhor solução.

10 de out. de 2012

Era do Déficit de Atenção: bem vindo ao paraíso zumbi

Fazer várias coisas ao mesmo tempo: a chave para se tornar um perfeito idiota
Não entendemos porque não conseguimos mais ler um livro, ou dominar profundamente um assunto que demande foco e concentração.

Não entendemos porque não admiramos mais a paisagem que escorre diante dos nossos olhos durante a viagem. É como se não houvesse mais paisagem, só o brilho frio do pequeno display perfurando a nossa retina.

Não entendemos porque revogamos o estatuto do sono. Talvez porque a algazarra das parafernálias eletrônicas luminosas impeçam que a negritude da noite envolva a nossa pineal com os seus vapores anestésicos. Aliás, atingimos mortalmente a negritude da noite e a erradicamos das cidades sob o bombardeio pesado da iluminação feérica feita sob medida para insones (zumbis?) virarem noite e dia semiacordados.

Não entendemos porque não conseguimos mais nos concentrar numa música longa.

Não entendemos porque o sexo ficou tão aborrecedor. Não entendemos porque não podemos checar as nossas mensagens durante o sexo, aliás, muitos de nós fazemos justamente isso.

Não entendemos porque devemos aturar a longa espera de no máximo cinco minutos antes de checar os nossos contatos, afinal, não podemos perder os nossos referenciais com a civilização!

Não entendemos porque as relações presenciais cobram tanto a nossa atenção, se estamos ali em carne (não em espírito).

Qual é a solução para tantos desentendimentos? Ritalina, SPA, Yoga, Tai Chi Chuan, retiro espiritual na Índia, escalar o Everest, mandar tudo às favas, dieta detox, vegetarianismo, mudança para o campo?

5 de out. de 2012

Conhecereis o homem pela sua barriga, a maldição bíblica não documentada


Não é apenas uma questão de estética, já que a protuberância abdominal vai além, é uma maldição masculina, talvez uma das não documentadas lançadas por Deus durante a expulsão do paraíso. Enquanto elas engravidam de filhos, engravidamos das facilidades da vida.

A verdade é que um dos preços a ser pago pelo ato da Eva ter comido a maçã, foi o nosso embarrigamento, pois acreditamos que no Jardim do Éden não havia espaço para pneus e rotundidades lipídicas. Assim, além da condenação específica ao eterno e infrutífero trabalho no suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó, e em pó te tornarás. Intui-se que Adão passou a sofrer a danação velada da barriga que se avoluma na medida do avanço da idade, ou seja, quando a volta ao pó se aproxima.

Logo, a personalidade do homem pode ser perfeitamente definida pelo tamanho da sua barriga. Se depravado de custumes, lhe surgirá o indefectível calo sexual, se bebedor, a famosa barriga dura de chopinho, se for rato de academia, ostentará os místicos "six pack" (mormente confundido com gay), se sedentário e comedor de lixo, terá a barriga mole escorrendo para fora, se vegetariano e fisicamente ativo, exibirá uma barriga chapada raramente encontrada em homens acima dos 40.

Quando me dei conta de que a minha barriga, fruto de anos de excessos que para mim não foram tão excessivos assim, não estava me levando a lugar algum, resolvi mudar a fotografia. Dois anos depois de dar adeus os churrascos, pizzas, jantas copiosas, Bib's, confeitarias (sinônimo de toneladas de gordura hidrogenada), cervejas, refrigerantes normais-ligh-diet-zero, açúcar branco, frituras, festas de fim de ano, sal, x-burguer, adoçantes artificiais, lasanha, sorvetes, batata frita, maionese, sobremesas, restaurantes, etc*, ainda espreito uma barriguinha teimosa.

Ela está lá resistindo bravamente sem dar sinais de se chapar, talvez num aviso de que o tamanho da minha continuidade de propósitos ainda é tenuemente curto. O bom é que descobri nessa altura do campeonato que a privação de gulodices gordurosas e açucaradas, que antes era uma autêntica renúncia ao prazer, hoje é renúncia fácil a itens que provocam uma leve sensação de enjoo. Saberei depois se a anulação da danação do paraíso tem a ver com a adoção irrestrita de vida de monge, ou se é de caráter irrevogável.

O bom resultado das renúncias é que viver sem barriga (ou pelo menos com uma pochete) é como voltar a vivenciar o paraíso do maior vigor sexual, fôlego redobrado, disposição, desaparecimento das dores articulares, sono tranquilo, etc. Certamente, por vias transversas, o jardim das delícias do Éden não foi afastado tanto assim do nosso alcance, desde que nos capacitemos a reconquistá-lo.

* não mencionei café porque acho que ele não engorda.

4 de out. de 2012

Entrei no meu Facebook e vi que estava curtindo coisas que não curti

Uma amiga do Facebook publicou uma reclamação interessantíssima de um fato que ocorre com muitos usuários da rede:


Entrei no meu facebook agora e vi que estava curtindo a empresa e a empresa2.
As duas empresas são da mesma cidade e entraram no Facebook ONTEM. Eu nunca ouvi falar delas e isso me faz crer que usaram scripts para ganhar curtidas. (uma tem mais de 2 mil curtidas sem ter postado nada)

Eu me sinto vítima disso porque em momento nenhum aceitei curtir essas páginas. Isso é falta de profissionalismo do pessoal de mídia que fez essas contas e falta de caráter porque eles mentiram para os clientes, dizendo que em um determinado tempo eles teriam curtidas no Facebook.

Eu sei que é um assunto irrelevante, mas peço para que vocês deem uma olhada na página de curtidas. Nunca se sabe quando alguém vai criar uma página sobre pedofilia, por exemplo, e vai colocar o perfil de vocês lá.

Isto já aconteceu comigo, portanto vamos tecer algumas hipóteses que levam uma pessoa a curtir involuntariamente:

1) Scripts maliciosos, o chamado vírus do Facebook. São aplicativos com falsas promessas (tipo mudar a cor do Facebook ou gerar crédito grátis de celular) que pedem para você instalar no seu browser uma extensão, que então passa a curtir páginas indevidamente em seu nome.

2) No Facebook há o recurso de migração de perfil pessoal para fanpage. Logo, de uma hora para outra alguns amigos podem se transformar em curtidas. No entanto, o Facebook não permite a mudança de nome na migração, ou seja, dificilmente uma empresa adotará esse expediente de começar com um perfil pessoal e transformá-lo posteriormente em página.

3) A última hipótese, e a mais intrigante, tem a ver com o valor cobrado pelo Facebook por cada curtida numa página comercial que tenha feito promoção paga na rede social. Para tanto, lancei no Google a seguinte pesquisa: How Much Does A Facebook Fan Cost? E o resultado é esclarecedor, a cada curtida essa rede social bilionária debita no mínimo 1,07 dólares dos créditos do anunciante.

Quando você tem certeza que o seu computador não está infectado por vírus e aquela página nunca foi um perfil comum que migrou para fanpange; sabendo-se que é impossível alguém rodar um script sem comprometer notoriamente o perfil da pessoa, resta um suspeito, o próprio sistema do Facebook. Quem desconfiaria de uns milhares de likes distribuídos aleatoriamente entre centenas de milhões de perfis? É só uma hipótese, mas dá o que pensar quando suspeitamos que serviços "gratuitos" de internet não são tão gratuitos quanto alardeiam.

Por isso, antes de sairmos acusando possíveis culpados, devemos dar o benefício da dúvida a essas empresas que aparecemos curtindo do nada. Acho que o furo é mais embaixo, já que pode se tratar apenas de pessoas inocentes tentando investir de maneira inovadora em publicidade nas Redes Sociais.

O que fazer quando você descobre no seu perfil falsas curtidas?
Curtir não é um ato tão simples, pois significa diante dos seus amigos que você está pondo a sua aquiescência naquilo, jogando o seu nome. Portanto, devemos ficar de olhos bem abertos e checar de vez em quando a página Opções "Curtir" para ver se não há curtidas indevidas, e executar a única ação que nos resta: desfazer as curtidas indevidas.

Uma coisa estranha ocorreu agorinha mesmo quando estava eu estava rolando a minha Timeline do Facebook e me deparei com uma publicação da página "Vide Mula" que eu nunca curti. Mais estranho ainda, ela não consta da minha lista de curtições. Então, fui lá na página e "descurti" aquela coisa que não sei quem fez.