Não merecemos ser roubados quando saímos do banco com a
bolsa recheada de dinheiro.
Não merecemos ser mortos quando portamos arma acintosamente
em lugares suspeitos.
Não merecemos ter os dedos arrancados quando usamos joias
caríssimas na rua.
Não merecemos ser assaltados quando ficamos de bobeira na
hora errada no lugar errado.
Não merecemos ter o lar arrombado porque insistimos em guardar
dinheiro em casa.
Não merecemos ter um membro da família sequestrado por causa
da nossa ostentação.
As mulheres reclamam justamente o seu direito de vestirem o
que quiserem e até nada vestir, contudo, a exposição do corpo é uma arma
poderosa que tanto atrai olhares sadios, quanto doentios. Se eu entrasse numa
favela portando explicitamente um revólver, certamente tal ato seria
considerado uma insanidade. Por que então o fato de uma mulher linda trajando
pouca roupa, exposta a um público heterogêneo, não pode ser considerado um ato
insano?
Essa é a triste realidade de sermos obrigados a ocultar
publicamente a nossa beleza, recursos, nossas armas, posses e até a nossa
alegria de viver. Nada impede de continuarmos a lutar pela utopia de ninguém
meter a mão no bem alheio.