Que o Brasil é um país sem história todo mundo concorda.
Pior mesmo é quando constatamos a falta de memória nos assuntos que nos são
queridos. Nosso país fabricou muitos pianos na primeira metade do século XX,
acompanhando a onda da era de ouro desses instrumentos. Entretanto, há pouca
documentação sobre as inúmeras fábricas que se estabeleceram aqui, quase todas
tocadas por emigrantes europeus e judeus, fato que explica a multiplicidade de
nomes alemães apostos nos tampos.
Quem acompanha os anúncios de pianos usados, percebe a
grande oferta de pianos M. Schwartzmann no mercado, normalmente numa faixa de
preços de média a baixa. Fato que me estimulou a buscar maiores informações,
infelizmente frustrante, pois as únicas marcas bem documentadas são a extinta
Essenfelder e uma das poucas remanescentes, a Fritz Dobbert.
Primeiramente vamos à razão do “M” do nome, que significa
Maurício, já que o nome do fundador era José Marício P. Schwartzmann (não me
pergunte o que é o “P”). A informação consta no site da família Schwartzmann.
Pela quantidade de instrumentos vendidos, a marca M. Schwartzmann
lembra um pouco a holandesa Rippen, que vendeu
pianos como água, mas eram instrumentos altamente descartáveis.
Ao contrário da fábrica da Essenfelder, cujas ruínas sumiram
do mapa, o esqueleto da fábrica M. Schwartzmann ainda continua em pé no Bairro Braz
Cubas em Mogi das Cruzes. Mas antes vamos à exuberância da fábrica, em pleno
auge, na década de 60.
Já na década de 70 as coisas começaram a ir mal e a fábrica
fechou. Por obra de uma adjudicação (arresto do imóvel para pagamentos de
tributos municipais) feita pela Prefeitura de Mogi das Cruzes e a contestação
judicial impetrada pelos herdeiros do espólio Schwartzmann, posso mostrar aqui o que restou hoje do antigo
esplendor desta prolífica fábrica de pianos! Através da foto acima que encontrei no
setor histórico do site da Prefeitura, consegui localizar através do Google
Street View a vista de frente (rua Guttermann) dos prédios abandonados da
extinta fábrica M. Schwartzmann.