Páginas

Pesquisar

29 de ago. de 2014

Teste da barriga: o maior inimigo do homem

Sabe-se que os homens vivem menos porque se cuidam menos, procuram o médico só quando não conseguem esconder a dor, bebem mais, fumam e tomam drogas demais, se exercitam de menos, comem mal, são mais promíscuos sexualmente, etc.

Essas coisinhas estamos carecas de saber, o que não admitimos é que o símbolo de que concede um certo orgulho ao homem na medida em que ele avança os anos é o seu inimigo capital. Ela começa como uma barriguinha do tipo “calo sexual” como costumam eufemizar, mas termina se transformando em barrigão de chope.

Pesquisando o termo “teste da barriga” achei, entre inúmeras dicas de detecção de gravidez, esse artigo que recupera a trágica realidade masculina. Farei um resuminho em tópicos e aconselho a quem tiver tempo que leia o artigo linkado no rodapé na íntegra, pois ele desmistifica o nosso maior problema... falando no sentido duplo é claro!

- circunferência abdominal acima de 105 centímetros está ligada ao aumento significativo da impotência sexual;

- o humorista Bussunda citado no artigo alegava não ter qualquer problema com a sua barriga. Pouco tempo depois, não obstante o referido bom desempenho sexual, ele morria vitimado por síndrome metabólica resultante de obesidade;

- sedentarismo é o pai da barriga e a cerveja (ou refrigerante) é a mãe;

- barrigudo passa a sofrer incapacidade progressiva, coisa que ele não nota porque ocorre aos pouquinhos. Num belo dia ele descobre que não consegue mais amarrar os cadarços, então passa a comprar somente calçados sem cadarços e assim por diante;

- se o barrigudo não tem medo da impotência, deveria ter da hipertensão e diabetes, incômodos companheiros que costumam aparecer para detentores de cintura acima dos 105 cm;

- a eliminação da barriga somente é possível com a mudança do estilo de vida. Quem não quer resolutamente abdicar de nenhum dos seus prazeres e não se submeter ao esforço da atividade física, provavelmente nem chegou neste derradeiro item. Espero que a sua mulher tenha melhor juízo e, se verdadeiramente o ama, tente demovê-lo da espiral suicida.

27 de ago. de 2014

O poder infinito das explicações mágicas

Aprendemos com o lendário filme “O Mágico de Oz” a diferenciar magia de mágica. Enquanto a primeira emprega se utiliza de técnicas ocultistas, a segunda é charlatanismo puro inventado para enganar bobo.

Isto posto, vamos a elas, as explicações petrificadas que sempre bailam na boca do povo na hora e ocasião apropriadas.

Os parentes do defunto sempre têm uma explicação, plausível a eles, para o passamento do ente querido. A coisa invariavelmente envereda pelo erro médico, relapsidão do atendimento, demora do socorro, etc, (como se as pessoas não estivessem fadadas a morrer desde o nascimento). Se a quantidade de erros médicos alegada fosse real, não haveria mais médicos na ativa, já estariam todos metidos na prisão ou no mínimo com os registros cassados. Aí percebemos como a sociedade convive e tolera pacificamente a explicação mágica, todo mundo ouve mas os que têm poder de coerção não levam à sério, ou não deveriam.

Quando ao cabo de certo tempo as pessoas aparecem obesas, a velha explicação mágica vem à tona: foi um remédio, uma desilusão amorosa, uma perda, etc, que redundou em aumento de peso. Como a pessoa jamais se culpa por ter excedido na quantidade de alimentos ingerida, a explicação mágica vem para atenuar o juízo interno e conceder absolvição absolutamente injusta.

Na dolorosa circunstância em que um membro da família cai no caminho do mal, a explicação mágica é posta para isentá-lo de toda culpa e culpar as más influências dos outros. Ou seja, ninguém do meu sangue e mau por natureza, a não ser que seja corrompido por entes maléficos alheios ao sangue da família.

Então, a explicação mágica tanto é usada individualmente, quanto socialmente, com a função nem um pouco mágica da pessoa ou grupo se isentarem da culpa. Não conseguimos nos livrar dela por estarmos tão atavicamente programadas para tecer longas redes de evasivas.

Mesmo que dificilmente acreditemos nas explicações mágicas dos outros, da nossa feita somos dominados pela ilusão de que as NOSSAS explicações são tão convincentes quanto cristalinas. Tanto acreditamos na nossa falsidade forjada, que para nós ela adquire os contornos de tênue verdade... ainda bem que os outros não se veem ofuscados pelo sono da nossa razão, porque aí surge uma chance de acordarmos, sacudirmos a poeira e enfrentarmos as nossas culpas de frente.

26 de ago. de 2014

10 Coisas que você só descobre depois que começa a fazer faxina


Só a prática leva à perfeição! E o ditado vale mais do que nunca para as coisas domésticas, quando você é obrigado por cargas d’água a assumir a faxina da própria casa. Depois de retirar cobras e lagartos do meio de campo, envereda pelo aprendizado de descobrir com quantos paus se faz uma canoa.

1) O tempo extremamente rápido, no seu julgamento, que as faxineiras levam para limpar a sua casa, enquanto você leva horas e horas para fazer uma ninharia, não significa que você é extremamente incompetente, ao passo que elas são azes da limpeza. Significa que elas só conseguem fazer tantas coisas em tão pouco tempo com a superficialidade aterradora de atacar os pontos que os olhos veem e ignorar olimpicamente os demais fora das vistas e corações.

2) Seus produtos de limpeza passam a durar, durar, durar e durar. Você continua não conseguindo entender porque eles desapareciam como água no esgoto e o resultado não era lá grandes coisas, apesar de todas as semanas sair com o carrinho de supermercado dedicado tão somente a bugigangas de limpeza.

3) Você observa uma baixa assustadora no ecossistema de aranhas e formigas habitantes da sua humilde mansarda. Claro que há uma explicação para isso, limpeza profunda e bem detalhada afasta esses bichinhos infestantes pois combate pela raiz os seus alimentos: pó, fragmentos orgânicos, ácaros e mofos típicos da imundície.

4) Por falar em limpeza profunda, você descobre que antigas manchas, que não saiam de jeito nenhum e se perpetuavam através das eras, saem depois de alguma esfregação com o sem saponáceo. Aí você descobre o ralo por onde iam seus preciosos produtos de limpeza: é que as faxineiras tentam atacar a sujeira na base da pressão – jogado sobre as sujeiras muita água misturada aos químicos. As que se nocauteiam com a pressão, tudo bem, a maioria que não está nem aí continua reinando em pisos e paredes.

5) Você descobre que seus preciosos panos de limpeza começam a permanecer no mesmo lugar de onde saiam e sumiam sem deixar vestígios.

6) Você descobre que aquele cheiro nauseabundo que pisos e louçaria de banheiro irradiavam depois de limpos era causado porque os panos de limpeza não eram suficientemente trocados durante as tarefas – tudo isso é feito em nome do menor tempo de trabalho possível é àquela suntuosa superficialidade já comentada.

7) Você também descobre que aquela fedentina era causada também pela pouca água trocada no balde. Aí você percebe que aquela água preta que restava ao final da limpeza, além de agilizar sobremaneira o tempo de faxina, servia para sujar coisas que deveriam se apresentar limpas ao final da tarefa.

8) Você descobre que rodos, mops, esfregões e outros utensílios passam a durar um tempo absurdo porque você os submete a uma rigorosa limpeza depois da tarefa. Além disso, pelo fato de iniciar a próxima faxina com utensílios limpos, a possibilidade das superfícies ficarem fedendo por causa da sujeira incrustrada fica reduzida a zero. Achamos um mop que havia sumido devido a um problema de fácil solução: estava completamente imundo, por isso foi escamoteado. Depois de limpo, ele voltou à ativa.

9) Você descobre que o seu aspirador de pó não servia para nada e trata de arrumar o pequenino que tem (doméstico e imprestável) e comprar outro (industrial) dotado de eficiência aspiradora gigante, porque agora você já se considera o verdadeiro inimigo dos ácaros!

10) Ao cabo de alguns meses você se descobre especialista em desinfetantes, produtos antiengordurantes, detergentes, ceras para piso, aparelhos elétricos, vassouras, aprende o significado da palavra mop, odorizadores, adquire proficiência no manejo do hipoclorito de sódio concentrado, aprende a usar soda cáustica, reconhece os princípios ativos dos bactericidas e avalia a sua concentração. Ou seja, acaba transformando a história toda numa ciência da limpeza, coisa que as faxineiras passam uma vida inteira e não assimilam nem com banda de música. Ao final você se considera feliz pelo conhecimento (apesar do trabalho do cão) porque o conhecimento é libertador!

Nota final: aqueles limpadores perfumados vendidos em supermercado são produtos baseados na ação de sequestrantes, eles facilitam a limpeza mas não têm propriedade bactericida equivalente à dos desinfetantes. Leia mais sobre o papel dos sequestrantes em Conservantes CMC.

22 de ago. de 2014

Diferenças entre mulheres e homens que vão além dos caracteres sexuais

Como somos essencialmente seres culturais, na nossa espécie nossas diferenças não se circunscrevem aos genes e caracteres sexuais primários e secundários. Aí se estabelecem alguns fatos paradoxais que, apesar de mudarem de cultura para cultura, ocorrem com alguma homogeneidade através das civilizações.

Mulher galinha: mal vista por toda a gente porque transa com qualquer um.
Homem galinha: bem visto socialmente porque transa com qualquer uma.

Mulher grávida: bem dito é o fruto do vosso ventre que dá luz a uma nova vida!
Homem grávido: relapso, comilão, beberrão, folgado, sedentário, infeliz portador de síndrome metabólica.

Mulher velha: acabada, desabada, fora de ação, solitária, até meio louca. (Estou falando em recepção social, não me culpem, não acho isso!)
Homem velho: sábio capaz de dar conselhos valiosos, bonachão, experiente, vivido.

Mulher do lar: optou em cuidar mais zelosamente da casa.
Homem do lar: fracassado que perdeu o emprego e desistiu de correr atrás da máquina.

Mulher masculina: machorra.
Homem feminino: sujeito exercitando de uma das múltiplas masculinidades possíveis.

Sogra: megera enxerida.
Sogro: parceirão nas horas difíceis.

Mulher chorando em público: normal, a pobrezinha deve estar atravessando um perrengue daqueles!
Homem chorando em público: perda de parentes numa catástrofe natural ou bélica.

Mulher desempregada: não perde nem um pouco a feminilidade, é só levantar a cabeça e ir à luta!
Homem desempregado: fracasso impotente, vergonha, provavelmente início de bebedeiras homéricas.

Mulher com falta de libido: resultado normal da correria do dia-a-dia.
Homem com falta de libido: fracassado, impotente, brocha.

20 de ago. de 2014

O sucesso é não sonhar com o sucesso

Frustrando a eterna expectativa, hoje não aconteceu nada. Não sonhei com ninguém, não ganhei, não perdi, não fiz novas amizades, não me tornei mais alegre ou triste. Às vezes é bom dar umas férias a expectativa, que mina as nossas energias e nos força a prosseguirmos inflados de vãs esperanças.

Não, hoje não, ela não prosperou. Talvez se eu tivesse tido a expectativa de não ter expectativa, talvez tivesse falhado, não sei, mas ela é a melhor terapia do fracasso que conheço. Também não posso eleger tal sensação ao status de modus vivendi, pois outrossim seria cair na negativa da expectativa, o que seria a perpetuação da aporia.

Esperar sexta-feira, dinheiro, verão, emprego, loteria, aumento de salário, sexo, viagem, amizades, tudo isso são vanidades perto da força motriz gerada pelo ato de alcançar a imobilidade num determinado ponto do universo. Talvez os suicidas persigam justamente o estado de ente imóvel, sem expectativa, só desfrutando desse instante, mesmo que efêmero de nada ser.

Ser ou não ser É a questão permeante à dor do viver e a expectativa se agudiza de tal maneira, que só nos resta o confortável caminho do embrutecimento pela via do sonho. Sonhei muitas coisas, entre elas ser astronauta, mas estou aqui apenasmente soterrado pelo Ser, sobressaltado pelo tique-taque do relógio que não dá conta das horas, mas das batidas do coração avançando noite a dentro as vãs expectativas.

18 de ago. de 2014

A invasão dos Zumbis já começou, os sempre ligados!



Tive acesso a duas notícias que se complementam: uma aborda o estresse crescente por conta da disponibilidade ilimitada das pessoas ficarem online.

Nem férias, nem sexo, muito menos sono escapam da sanha conectiva. Vejamos o que um usuário surtado fala sobre a sua privação momentânea de internet em pleno gozo de férias:
BOM DIAAAA FÉRIAAAS \o/To sem telefone fixo, sem internet e a TIM resolveu que a minha linha seria desativada nesse FDS (pensa num viciado surtando).

Como o corpo do ser humano não foi feito para ficar ligadão 24 horas, mecanismos de defesa começam a ser acionados trazendo em consequência abalos significativos na saúde.
A primeira notícia sobre a síndrome do sempre-ligado:


E a segunda notícia vem em decorrência direta do hábito da conexão extrema. Um cérebro que nunca se acalma, acaba se tornando dependente químico de substâncias calmantes. E aí começa o reinado supremo do Ritrovil, não só em meio aos idosos se incapacitaram sob maus cuidados com a saúde, mas grassa nas novas gerações que perderam a capacidade de desligamento.
Então, vai aí a segunda notícia a enfeixar o círculo vicioso que estamos vivendo:


Se você me perguntar qual é a solução, sinceramente não sei, porque a confiança das pessoas nas soluções mágicas da medicina é cada vez maior. Ao invés de cortar o sal para acabar com a hipertensão, você toma umas pílulas, ao invés de cortar o açúcar para acabar com o diabetes, você toma insulina, ao invés de mudar radicalmente o padrão alimentar para erradicar a obesidade, você embarca numa cirurgia bariátrica, ao invés de optar pelo sexo seguro, você confia nos coquetéis antivirais.

Mais do que nunca assistimos o recrudescimento do adoecimento evitável, não só o laboral, como também o comportamental. E não vejo nenhuma iniciativa real para mitigar o mal pela raiz, só os paliativo das pílulas “mágicas” e das cirurgias “milagrosas”. Por ora, é o que as pessoas querem, é o que as pessoas têm.

8 de ago. de 2014

Aquela garota feia que se traveste de musa ao piano...



Aquela garota feia quando se sentava ao piano era como se a musa se descortinasse no seu rosto, tamanha beleza que resplandecia!

Aquela garota feia deixava de ser notada ao apagar das luzes da ribalta, só persistia a sombra que nublava o foco dos seus olhos melancólicos.

Aquela garota feia enfeixa muitos personagens que tenho acompanhado, ao piano são princesas que desabrocham em ternura e simpatia. Encantam pela força e autoridade com que atacam os acordes, a suavidade dos arpejos, a engenhosidade dos rubatos, a expressividade das melodias. Fico com medo por elas quando descem do palco e se misturam ao vulgo tão despreparado para reconhecer beleza latente, que se desvaneçam na vida ordinária.

Aquela garota feia que sobe ao palco torta de tanto desajeitamento, tão logo seus dedos arrancam imperiosos os primeiros sons do teclado, encarna a musa eterna dos nossos devaneios e a vontade secreta de sermos iguais aos Deuses!