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30 de abr. de 2012

Quando o piano soa pior do que o cravo


No princípio era o cravo e depois veio o pianoforte do italiano Bartolomeu Cristofori, que acreditava-se no apogeu do romantismo, acabaria com o canto da antiga musa. De fato, a decadência e praticamente extinção do cravo se estendeu até o nascer das luzes do século XX.

Com a ressurreição do cravo perpetrada pelo gênio rebelde da cravista polonesa Wanda Landowska, hoje sabemos que não podemos prescindir desse antigo instrumento e seu delicado timbre metálico, assim como não podemos abrir mão da ressonância monumental do piano moderno.

Como a minha educação musical já superou a esfera das coleções dos mestres da música, me dou ao luxo de colecionar diversas versões das mesmas obras (e por que não?), interpretadas com instrumentos de tecla de épocas diferentes.

O fato de ter aprendido a “ouvir” o cravo concedeu-me o poder de aproveitar o melhor de cada mundo. Para ilustrar a questão, nada melhor do que o exemplo notável do Concerto em Ré Maior número 9, Opus III, para Violino de Antonio Vivaldi (RV 230), tocado aqui na sua forma original pela célebre orquestra Europa Galante sob a regência e solo de violino de Fabio Biondi.
Mais especificamente, dos três movimentos, Allegro, Larghetto, Allegro, vou me ater apenas ao Larghetto devido à sua potencialidade expressiva.

Ora, o Grande Johann Sebastian Bach transcreveu o concerto RV 230 para instrumento de tecla, que podemos ouvir aqui sob a interpretação do cravista Hans Ludwig Hirsch, aliás, uma bela intepretação que explora com maestria a textura delicada conferida pelo teclado superior desse belo instrumento.

O que acontece quando um instrumento percutido como o piano moderno é tocado à moda do cravo, sem a exploração da essência pianística, que é a extensão dinâmica entre o pianíssimo e o fortíssimo? Neste caso, o piano se aproxima do cravo, mas a um custo enorme, já que a qualidade ressonante joga contra.

A interpretação “quadrada” utilizada pelo pianista Cory Hall no Larghetto, tocada dessa maneira com fim didático, serve perfeitamente para demonstrar o quanto um Steinway pode soar ruim se tocado à maneira do cravo, sem a exploração da sua amplitude dinâmica.

Nessa apresentação ao vivo do regente e pianista ucraniano Boris Bloch, assistimos o pleno uso dos recursos expressivos do piano moderno, que mesmo aplicados a uma peça barroca – período tido pelos puristas como refratário a arroubos românticos, não se pode simplesmente abstrair os recursos que constituem a excelência do piano.

A resultante dessa carga expressiva é o enlevo transcendental do pianista, fato que nos evoca a indagação do quanto Bach teria repensado a sua obra se tivesse tido acesso aos impressionantes recursos tonais do moderno piano de concerto.

23 de abr. de 2012

Mitos sobre a Síndrome Metabólica: entenda o inimigo oculto que mata silenciosamente


Antigamente as pessoas sofriam de males agudos, desde bala no peito a doenças infecciosas graves. Hoje, se ainda não resolvemos o assunto bala no peito, as mortes por pestes foram praticamente debeladas. Portanto, sobraram as doenças crônicas provocadas pela reforma de hábitos e introduzidas pela sociedade moderna. Carro ao invés de caminhada, elevador ao invés de escada, TV ao invés do lazer ao ar livre, comidas hipercalóricas ao invés de alimentação nutritiva inventaram o sedentarismo, a obesidade, o diabetes, a hipertensão e com estes quatro cavaleiros do apocalipse vieram as doenças modernas, que por serem lentas e insidiosas, garantem aos seus padecedores anos de relativa calma sem grandes alardes.

Para compreendermos melhor os perigos impostos pelo nosso estilo de vida, nada melhor do que ir direto ao ponto da grande mazela moderna, uma doença de nome pomposo que não incomoda e por isso mesmo ninguém sabe direito o que é.

1) A doença só pega os homens detentores de “barriga de cerveja”
Devido às transformações sociais, as mulheres estão consumindo cerveja tanto quanto os homens, um hábito tido anteriormente como tipicamente masculino. Graças a isso, elas também adquiriram as famosas barrigas redondas e duras, sinal inequívoco de vísceras recheadas da pior gordura possível, justamente a deflagradora da Síndrome Metabólica.

2) Só as pessoas bem barrigudas correm riscos
Não é verdade, uma vez que pessoas com apenas alguns quilinhos a mais podem contrair a Síndrome Metabólica, tudo depende da conjunção de fatores.

3) Para caracterizar a síndrome metabólica é necessário incorrer nos 5 sinais
É errado pensar que uma pessoa tem síndrome metabólica só se manifestar os 5 sintomas principais, porque em alguns casos basta a ocorrência de 2 ou 3 deles no mesmo indivíduo para que o diagnóstico se confirme.
Os 5 indícios são:
- Gordura abdominal (obesidade central – corpo em forma de maçã)
- Pressão arterial elevada
- Resistência à ação da insulina (índice glicêmico entre 100 e 125)
- Colesterol ruim LDL elevado, colesterol bom HDL reduzido, triglicérides elevados
- Ácido úrico elevado e microalbuminúria (eliminação de proteína pela urina)

4) Pessoas magras não têm Síndrome Metabólica
Falso! Mulheres portadoras da síndrome de ovários policísticos e homens/mulheres sedentários e consumidores inveterados de bebidas alcoólicas podem desenvolver a doença, mesmo sendo magros. Portanto, preste mais atenção no seu amigo magro barrigudo!

5) A caracterização da Síndrome Metabólica só ocorre diante de parâmetros elevados
Outro equívoco que leva as pessoas a negligenciarem a sua alimentação e a procrastinarem os exercícios físicos é pensarem que uma pessoa deve necessariamente apresentar hipertensão elevada, ser bastante obesa e apresentar alterações importantes nos parâmetros sanguíneos.
Sabe-se que uma pessoa com pouco sobrepeso, com glicemia entre 110 e 115 e pressão arterial de 15 por 10 pode ser portadora de SM sem suspeitar.

6) Perder 5 quilos não adianta
Em alguns casos, baixar tão somente cinco quilos pode representar justamente a perda da gordura inter-visceral causadora do problema.

7) A síndrome metabólica gera desconfortos
Infelizmente os efeitos da SM são absolutamente silenciosos. Não há dor de cabeça, nem tonturas, formigamento, desmaios, nem nada. O problema é que quando algum sintoma se torna evidente, a saúde pode ter chegado a um ponto irreversível de comprometimento. 
Explico: um ex-colega, que foi obeso durante anos, quando começou a sentir fortes dores no peito se engajou numa dieta drástica que lhe permitiu a perda de 30 quilos. Contudo as fichas já haviam sido lançadas, pois não obstante o emagrecimento, o problema da angina se agravou e ele acabou morrendo de ataque cardíaco.

20 de abr. de 2012

7 pecados capitais do fumante


O tabagismo é a maior causa mundial de mortes evitáveis, no entanto, milhões de fumantes persistem neste vício insano e o pior, arrastam consigo pessoas inocentes, que se não fosse pelo extremo egoísmo, seriam poupadas da sorte de mártires do fumo passivo.

1- Fumar na profissão errada (como se houvesse profissão “certa”!)
Principalmente médicos e professores nunca deveriam fumar. Há o caso da minha mulher que fazia as suas ultrassonografias de tireoide com um médico fumante e atualmente trocou o laboratório por causa do cheiro de sarro que saia da boca do tabagista inveterado travestido de profissional do avental branco. Já os mestres, estes que transformam as salas dos professores em inferninhos de fumaça e cheiros horrorosos, dão um péssimo exemplo às crianças e as encaminham para o vício.
Vide o caso do pianista Nelson Freire, cuja professora fumava como uma turca. Devido à péssima influência, ele se transformou num fumante pesado.

2- Fumar andando na rua
Os fumantes deveriam saber o estrago que eles causam nas outras pessoas quando andam com um cigarro na mão. Quando vejo algum desses troços fumegantes por aí, aperto o passo até passar a criatura, pois o rastro fedorento deixado por eles é irrespirável.

3- Fumar com criança no colo
Não há como negar que o fumante polui tudo num raio de cinco metros. Ora, uma criança no colo ou na mão recebe diretamente as baforadas, mesmo que a chaminé ambulante o clássico gesto da boca torta na vã tentativa de jogar a fumaça para bem longe.

4- Fumar grávida
Tal pecado mortal não tem nome, pois se filhos de fumantes já têm altos percentuais de nicotina no sangue, nem é bom saber como fica o estado do feto cuja mãe não consegue suspender o vício.

5- Fumar dentro de casa
Este ato de suprema sacanagem encerra a tragédia do fumante passivo. Quantas pessoas não fumantes, principalmente as antigas companheiras, que “fumaram” passivamente durante décadas por causa do egoísmo dos seus maridos? Por isso, hoje quando alguém tem diagnóstico de câncer ou enfisema pulmonar, seguida da clássica pergunta “você é fumante?” vem a matadora: “alguém da sua família fuma?”.

6- Fumar no carro
Tornar o ambiente do carro irrespirável e condenar aquele ambiente à interminável murrinha não chega a ser um gesto de altruísmo com as outras pessoas.

7- Simplesmente fumar
No mundo atual, onde se sabe todos os males causados pelo cigarro tanto nos fumantes diretos quanto nos passivos, não há como entender a legião de jovens se iniciando no vício. É mais fácil de entender velhos e velhas horrorosos caminhando resolutamente para a morte, mas jovens que deveriam ter esperanças de vida, esses não!

Pelas atitudes relacionadas acima, conclui-se que o fumante está unicamente interessado na consumação do seu prazer e o resto do mundo que se exploda, incluindo as pessoas da sua maior afeição, se é que se pode falar de amor subsistente nesse vício terminal que acaba destruindo os seus escravos abnegados.

15 de abr. de 2012

O que não fazer com um piano: os 7 pecados capitais

Quem possui um piano, se por um lado desfruta do privilégio de ter o rei dos instrumentos, por outro arca com certas responsabilidades que nem sempre são cumpridas. É um pacto, uma bendição e uma maldição: ou você tem, faz bom uso e manutene, ou adquire o carma de inimigo da arte, não há meio termo neste negócio, analogamente ao que disse o Cristo: Quem não está a meu favor, está contra mim, e quem não ajunta comigo, dispersa (Mateus 12-27).

1- Transformar o tampo em prateleira de bibelôs
Dói-me o coração quando vejo pianos por aí servindo de depósito para bustos e toda a sorte de quinquilharias. O estabelecimento de uma Babel em cima do piano só aumenta as suspeitas de que aquele aparato foi alijado do seu fim de produzir música.

9 de abr. de 2012

Como torrar dois milhões de dólares em equipamentos de som “básicos”?


Único pensamento do dia cabível diante do que será visto: "como tudo o que você tiver na vida, outros terão muito melhor, divirta-se hoje com o que tem na mão e esqueça o tamanho do bem alheio".

Desde que me conheço por gente, me interesso por sistemas de som. Depois das primeiras experiências de adolescente improvisando caixinhas e adaptando-as num amplificador valvulado, hoje cada andar da casa tem o seu próprio equipamento de som com amplificador Quasar QA-2200, caixas de som Quasar num andar e no outro, o mundo vip acústico proporcionado pelos transdutores acústicos planos Bertagni Electroacoustic Systems MB-120 (hoje são considerados itens vintage).

Também não abdiquei do mundo analógico, já que mantenho o meu Turntable Technics SL-Q03 e o Tape Deck Gradiente CD-2, não obstante estar escutando nestes momentos o MP3 Player Street Midibox Pro ST-160II da C3 Tech. Por essa afeição, gosto de conhecer o estado da arte dos equipamentos de áudio e sonhar com algo que poderia ser comprado por um milhão de dólares. Só que depois de algum tempo pesquisando, descobri o quanto 1 milhão é “pouco” para comprar uns poucos itens do mercado high-end, vendidos na única lojinha detentora do catálogo de produtos mais sofisticados do planeta Terra: a HigherFi.

Toda essa introdução foi para demonstrar que os meus equipamentos de som não são nada, se comparados com o que o vou mostrar a seguir na faixa imaginária dos 2 milhões de dólares. Para finalizar, resta lembrar que as empresas que produzem essas maravilhas não têm lucro algum fabricando tais equipamentos caríssimos. Na realidade, o real objetivo é ganhar através da fama oriunda da divulgação desses artefatos fora de série, que demonstram o cabedal das suas potencialidades criativas, lançando assim luz sobre itens bem menos dispendiosos... e vendáveis.

1) Fones de ouvido de 40 mil dólares, preço estimado, pois só 300 unidades foram produzidas: Sennheiser HE90 Orpheus

7 de abr. de 2012

Liberte-se da ditadura do Orgasmo!


Ninguém duvida que pertencemos à civilização do orgasmo, onde aparentemente toda a vida tem uma só função: atingir o orgasmo, de preferência múltiplo. Entretanto, será que o orgasmo é a meta final ou apenas um curto circuito para a infelicidade?

Quando a sociedade passou a exigir o orgasmo como prova de pessoa resolvida, as primeiras vítimas foram as mulheres. Sob pena de rótulos assustadores, tais como frígida e recalcada, a mulher busca desesperadamente chegar ao estado orgástico, mesmo para que para isso tenha que fingir, em suma, mentir descaradamente para entrar no time das mulheres que sabem aproveitar a vida*.

Já os homens que não têm como fingir, já que o produto do orgasmo deles é palpável e viscoso, para eles o furo é mais embaixo, uma vez que toda a relação deve obrigatoriamente acabar em orgasmo, ou o sujeito será qualificado de brocha e outros adjetivos mais desabonadores.

Diz-se que a energia da paixão perdura dois anos no casal e o resto do tempo a coisa vira amizade e companheirismo, se é que não vira uma brigaçada interminável. E a razão disso é muito simples: os casais se acabam literalmente na medida em que seus orgasmos se arrefecem. O homem perde elementos anímicos imprescindíveis a cada ejaculação e a mulher acumula frustrações, por um lado, se não consegue atingir o orgasmo e por outro se atinge, em consequência das progressivas perdas de energia similares às sofridas pelo homem.

Assim, o casal que renuncia ao orgasmo em nome do prazer mais sublime e duradouro, tem seus 2 anos de paixão multiplicados ad infinitum, bônus por preservarem íntegras as suas capacidades físicas e psíquicas. Isto acontece porque preservar a energia e sublimá-la é uma especificidade humana, enquanto a sua pronta dissipação é uma característica animal – pois são fadados a nascerem, reproduzirem-se e morrerem.

É bom lembrar que a incessante busca pelo orgasmo cada vez mais intenso leva as pessoas ao vício por sexo, pornografia, pedofilia, zoofilia, masturbação. Assim, este blog oferece um contraponto à ditadura da maioria, à “verdade” propagada de que nascemos predestinados a chafurdar como animais, não obstante carregarmos no nosso âmago a centelha do livre arbítrio, fato que nos torna únicos na escala zoológica.

* muitas delas enganam os homens ingênuos que não conhecem os intensos espasmos causados pelo orgasmo nos músculos circunvaginais. A mulher que consegue simular isso, só se for praticante do pompoarismo.

6 de abr. de 2012

O pior vício de todos os tempos


Uma proposta, a princípio estapafúrdia, dá o que pensar se levamos em conta os prejuízos causados por essa substância que está arrasando os 4 cantos do mundo. Reproduzo aqui um artigo publicado na Revista Ciência Hoje número 290 de Março/2012 que aborda as conclusões de 3 pesquisadores americanos sobre a necessidade dos governos passarem a exercer severo controle sobre o elemento desencadeador do pior vício da história.

Embalagens de produtos que oferecem risco à saúde infantil trazem alertas como “Manter longe do alcance de crianças”. Três pesquisadores – em um comentário publicado em Nature (02/02/12) – propõe algo do gênero para uma substância que, segundo eles, é tão tóxica quanto o álcool e, portanto, deveria ser regulada. Dizem que a vilã está por trás das grandes doenças matadoras da humanidade.

Desafio ao leitor: qual substância?
O controle deveria ser semelhante ao exercido pelo governo no caso do tabaco, do álcool e de outras drogas maléficas para a saúde. Sugestões dos autores, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA): aumentar impostos, dobrar o preço, reduzir o número de locais de venda, controlar horários de comercialização, determinar idade mínima para a compra – 17 anos, escreveram eles-, incluindo na lista bebidas que tenham em sua composição a malfeitora da hora. Sem comerciais de TV.

Mais dois principais pontos destacados no comentário: i) a substância está ligada a várias doenças não infecciosas e que não precisam ser comunicadas às autoridades de saúde pública; ii) os efeitos dessa molécula são similares aos do álcool no organismo – por sinal, há um “parentesco” entre as duas substâncias.

Para o álcool, há quatro critérios hoje aceitos pela comunidade de saúde pública: i) largamente disponível – ao longo da evolução, o ser humano só tinha acesso à tal substância em certas épocas do ano; ii) tóxico – a tal substância, dizem os autores, está na base de problemas cardíacos, câncer, diabetes, infarto, hipertensão, aumento dos triglicerídeos, envelhecimento, danos ao fígado e pâncreas; iii) potencial para o abuso – a tal substância responde por até um terço das calorias ingeridas no mundo; iv) impacto negativo na sociedade – a tal substância, escrevem Robert Lusting, Laura Schmidt e Claire Brindis, dá prejuízos astronômicos nos EUA, por exemplo, onde, por problemas diretos ou indiretos causados por ela, perdem-se US$ 150 bilhões em saúde pública.

Eles reconhecem que a empreitada que propõem é hercúlea, dado o poder da indústria nesse setor. Mas guardam esperança, porque, dizem, isso foi feito – não sem esforço, obviamente – para o caso do banimento do tabaco, para a venda de preservativos em banheiro públicos, bares, danceterias e boates, uso de airbags em veículos, etc.

O consumo dessa substância triplicou no último meio século – mesmo assim, ela é responsável por boa parte da má nutrição mundial. E da epidemia planetária da obesidade.

Os autores finalizam com a seguinte frase: “É hora de voltarmos nossa atenção para o açúcar”. Entenda-se como açúcar qualquer substância que tenha em sua composição a molécula de frutose – sim, o açúcar das frutas. O título traduzido do comentário é “A verdade tóxica sobre o açúcar”.

MINHA CRÍTICA AO ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA CIÊNCIA HOJE:
É temerário reduzir a questão simplesmente à molécula de frutose, pois isto reforçaria a natural rejeição que crianças e adolescentes modernos têm contra as frutas, notórias e abundantes fontes de frutose.

O grande problema persistente no âmago do maior vício da história se chama açúcar branco refinado, que é resultante da união da molécula de frutose com a de glicose. Não importando a origem do açúcar, pode ser de cana, beterraba, ou milho, o fato dele ser apresentado na sua forma mais pura e isolada das outras substâncias nutritivas presentes na planta originária, torna-o uma droga poderosa que produz sensações prazerosas incríveis.

Assim, não podemos colocar na vala comum todos os adoçantes que contém frutose tais como melado, açúcar mascavo, mel etc., porque tais substâncias não gozam de grandes favores entre os doceiros por alterarem a cor dos alimentos e introduzirem sabores estranhos. Os alimentos que contém a frutose industrializada não entram no cômputo do vício porque, devido ao dulçor reduzido, não gozam de grandes simpatias entre os amantes de doçuras.

5 de abr. de 2012

Truques para converter arquivos de música de diversos formatos Lossy para MP3


Os arquivos de áudio distribuídos na internet costumam vir em formatos chamados de “lossy” ou “lossless” pelos gringos, isto é, apresentam poucas perdas em relação ao original em CD. As terminações são comumente APE FLAC OGG MPC etc. O problema é que a maioria dos players existentes no mercado só lê os formatos WAV WMA e MP3.

Então em relação ao problemão de fazer a conversão para o formato MP3, as coisas podem ficar bem fáceis se você usar os programas adequados, todos encontráveis gratuitamente para baixar na rede.

Programas necessários
Mp3lame.exe – codificador livre de MP3
Foobar2000 – player tipo o popular VLC, mas que permite a conversão de formatos
Monkey’s Audio – faz a conversão do formato APE para WAV

O problema dos arquivos .APE
O formato APE é que apresenta menos perdas. Antigamente usávamos o programa Exact Audio Copy para queimar diretamente os arquivos APE para no CD. Hoje as pessoas acham incômodo manipular muitos CDs e acabam optando pelo arquivo digital mesmo. Infelizmente este tipo de arquivo não é compatível com os players, portanto, a melhor solução é converter os arquivos APE para WAV através do programa Monkey´s Audio.

Cuidado depois de fazer a conversão WAV -> MP3 edite o arquivo .CUE
Uma vez que o arquivo APE contém o CD inteiro sem cortes, vem anexo um arquivo com a terminação .CUE que deve ser modificado na linha “FILE” onde está o “nome do arquivo.APE” mude para “nome do arquivo.WAV”.
Depois disso abra o arquivo CUE no programa Foobar2000, selecione todas as trilhas, aperte com o botão direito do mouse e escolha “convert”.

Como converter os arquivos .FLAC .OGG MPC e outros?
O tipo mais comum de distribuição de áudio na e o FLAC, que pode ser facilmente convertido através do programa Foobar2000.

Qual é o melhor Bitrate a definir para o MP3?
A música popular não requer valores maiores do que 128 kbps, porém você não deve exagerar a compactação e usar valores menores do que 96 kbps porque aí os seus ouvidos vão “chiar”. Eu particularmente uso o bitrate de 320 kbps pelo fato de escutar exclusivamente música clássica e muita coisa em piano, que é um instrumento com muita riqueza de timbres que pode ser cortados em compressões maiores.

Última dica
Jamais apague os arquivos originais em formato Lossy (poucas perdas) porque a cada vez que um arquivo é convertido ele perde fidelidade que não consegue mais ser restaurada, mesmo que você converta o arquivo para o formato original, ou aumente o Bitrate do MP3.

2 de abr. de 2012

Calendário do gordo: a cronologia do fracasso anunciado


Na qualidade de cumpridor de um rigoroso e sem prazo determinado programa de redução de peso, me sinto à vontade para falar sobre as idas e vindas de gordos e gordas ao longo do ano. De acordo com as minhas observações, ou somos culpados, ou as guloseimas criam vida e nos coagem às orgias! 

O excesso de peso é o maior problema que contemplamos nas ruas e nos círculos íntimos de amizade.  
Todos os meus amigos e conhecidos adentrantes à casa dos 40 enfrentam em menor ou maior grau o grave problema da obesidade que está devastando a urbe moderna.

Janeiro: as promessas
Já aconteceram as piores tragédias alimentares nos 2 meses anteriores, então o gordo se propõe a começar vida nova na busca de corpo novo. Então no dia 31 de dezembro ele começa a pensar em dieta, reeducação alimentar, academia, etc.
O diabo é que este mês tem imensos 31 dias e com eles as malditas férias e viagens, ruína de todo o gordo que se preze.

Fevereiro: férias e carnaval é hora de mandar tudo às favas!
Passado o impulso inicial do ano novo, ninguém vai iniciar dieta no mês de cair na folia. Sorte que, por ser um mês “magro” por excelência, dá menor chance ao gordo de anarquizar a balança.

Março: esperança de recomeço
Opa, opa, dizem que o ano novo começa em março, logo, o gordo se imbui novamente de abstrair as pirações alimentares e se concentrar na famosa “vida nova” que foi esquecida em janeiro. Então, ele paga adiantado 3 meses de academia, marca consulta com o nutricionista... de fato, aparentemente começa a encarar a realidade dos fatos dos muitos quilos a mais.

No entanto, na medida em que março se aprofunda, as energias do gordo vão ralo abaixo. Em primeiro lugar ele nunca foi visto na academia. Pode ser até que tenha aparecido um dia, mas fugiu espavorido quando viu que lá só tinha magros malhando alucinadamente. O papelzinho que a nutricionista lhe deu jaz esquecido n'alguma gaveta do criado mudo e ele não fala mais sobre o assunto. Além do mais, o gordo já começa a se preparar para a grande efeméride da gordice universal: a páscoa, afinal pensa ele, ninguém é de ferro!

Abril: você já viu alguém iniciar um programa de emagrecimento antes da páscoa?
A páscoa é a maior data, despois do natal, tributária da gordura. Observe qualquer gordo e descobrirá que ele NUNCA manifesta grandes intenções de emagrecer antes do coelhinho botar os ovos adocicados.
Para os habitantes dos estados sulistas começam as primeiras friagens e com elas o esmorecimento de qualquer plano sério de emagrecimento. Jantas com amigos, pizzas gordas e outras distrações tornam este mês curto para o grande arranque lipídico rumo ao inverno.

Maio: não é levando a mãe para se empanturrar que você emagrece!
O próprio fato do dia das mães é sintomático: o gordo leva a mãe a um restaurante para comer, comer, comer. É um presente tão arraigado que, que no 2º dia de maio nunca há restaurante disponíveis nas cidades. (Em tempo: minha mulher já avisou que se a minha mãe resolvesse aparecer neste mês fatídico, certamente ela seria levada zelosamente ao espaço vida saudável da Herbalife para tomar 2 copões de chá e 1 shake!)

Junho: em pleno frio, dieta, que dieta?
Entre fondues de chocolate, creps, pizzas, batatas fritas, lazanhas, vinhos e outras iguarias, quem viu um gordo ainda honrando os compromissos assumidos na virada do ano? Qual nada, ele está de olho lá na frente quando setembro chegar!

Julho: nos sonhos calientes de inverno não cabem restrições e privações
Não é no auge do inverno que o gordo botará a cara na rua para suar numa academia. Enquanto isso, as jantas fartas caseiras e nos restaurantes (porque se é para comer, o gordo sai pra rua mesmo que seja embaixo de chuva de canivete) amealham os quilos que farão os olhos do gordo esbugalhar de pavor na frente do espelho em plena entrada da primavera.

Agosto: só depois que o frio acabar...
O gordo pensa que ainda não é tempo de encarar uma vida de sacrifícios e privações e continua deixando o barco correr, se deixando aproveitar intensamente as estada hipercalóricas nas praças de alimentação, restaurantes, churrascos caseiros, etc.

Setembro: mês de ouro de gordo atleta ocasional da perda de peso
É o mês oficial do gordo arrependido.  Ele(ela) começa a ver que a primavera é uma realidade e com ela começa a pressão do corpo desnudo, preparação para a tortura da praia. Naturalmente o gordo se matricula na academia e paga mais 3 meses adiantados, eventualmente se interna num SPA por 10 dias e promete esquecer a cerveja para o resto da vida, elimina o açúcar branco da sua vida, começa a comer frutas e saladas, etc*.

Engana-se quem pensa que gente gorda consegue ser mantida a ferros durante um mês inteirinho, pois decorridas 2 semanas deste fatídico período, começa no ar o cheirinho das primeiras confraternizações que infestarão novembro.

Outubro: começam as oktoberfests e com elas as maratonas glutônicas do fim de ano
O mês da criança não é da criança à toa, já que em meados de outubro reiniciam as comilanças que darão o ar da graça até ao final do ano. Talvez a academia tenha sido frequentada algumas vezes no 1º mês proposto, todavia os 2 meses pagos restantes ficam para as calendas gregas.

Novembro: tempo de se acabar devorando iguarias em jantares festivos
Os ares da primavera já estão mais quentes e com eles vem uma fome danada e o gradual arrefecimento das lembranças do SPA, academia, dieta, espelho, etc. Nesta fase o gordo mergulha de corpo e alma nos jantares de confraternização, aniversários, formaturas, casamentos (não sei porque todo mundo casa em novembro).
Sabemos que gente gorda é muito sociável, logo, este povo não perde a chance de estreitar laços sociais (leia-se fazer uma boquinha). Isto porque, mesmo de dieta, o gordo é o animal bípede mais devorador numa festa.

Dezembro: o mês negro que todo o gordo deveria esquecer
O problema é que o gordo nunca se acautela antecipadamente contra os dois terrores da pessoa gorda: natal e réveillon. Caro gordo, se você está realmente imbuído com um programa de redução de peso, é melhor começar a pensar seriamente em fazer um planejamento com 1 ano de antecedência, que deve necessariamente incluir a ELIMINAÇÃO completa das orgias perpetradas no natal e ano novo.
Contudo, todo o gordo que se preze nunca quer se passar pelo gordo chato que faz bico de passarinho em festa, por medo das pessoas acharem que ele faz o tipinho comportado em sociedade e arrasa a geladeira na intimidade.

* Um sujeito do Facebook fez isto mesmo, cumpriu religiosamente nos finalmentes de outubro um programa de 600 calorias/dia num SPA, do qual saiu munido de todas as boas intenções do mundo. Lá pelo finzinho do ano o cara posta uma foto do porta-malas do seu carro com a provisões para o fim de semana de viagem: um pacote de latinhas de cerveja. Certamente, se escancarava mais uma crônica do fracasso anunciado.