Se você chegou até aqui é porque está curioso de que raios de inimigo será esse! Então façamos pouco de enrolação, não é açúcar branco, frituras, não é o tipo de alimentação, não é o fracasso da dieta, não é o sedentarismo ou falha no programa de exercícios, não é leseira do nutricionista, não é nada disso.
Meu irmão acaba de declarar todo alegre que está iniciando
novamente um regime, só que dessa vez será para ir a fundo, segundo ele. Ora,
mais um reflexo deste setembro (o mês hemisférico dos inícios de dieta) que
nesse bombou total, pois vejo uma correria de fofinhos e fofinhas se puxando de
todos os jeitos.
Só que tem um problema... o ano não é composto apenas de setembro
e do seu sucessor, dias excitantes de ares primaveris, que as pessoas inalam a
plenos pulmões e fazem juras eternas à boa saúde. O ano lança logo ali tentações
irresistíveis para os amantes do bom garfo e da boa bebida. Novembro enfarrusca
o tempo com churrascos, formaturas, jantas de firmas, confraternizações e as sonhadas
festas de fim de ano, capazes de inflar quatro quilos de gordura nos
setembristas bem intencionados somente na última semana do ano entre natal e
réveillon!
Nessa altura do campeonato você já deve ter matado a charada
proposta neste texto ao suspeitar que o maior inimigo do emagrecimento é o
tempo. O tempo é o fator determinante do desmilinguir das intenções, é o pai do
famoso efeito sanfona.
Para combater os efeitos do tempo, a fórmula é simples de
explicar e difícil de seguir. Em 1º lugar você deve responder sinceramente se o
seu negócio é conseguir emagrecer para satisfazer um motivo ou outro ou se a
coisa é pra valer, mudar o estilo de vida. Caso você se enquadre na 1ª
resposta, então siga algum tempo uma das dietas da moda, mas não nutra grandes esperanças
de vencer o inimigo.
Agora, se a sua decisão é ir efetivamente a fundo, então faça
um teste: assuma o compromisso moral de cancelar todas as comilanças de fim de
ano que os endiabrados meses de novembro e dezembro carreiam. Isto significa
planejamento; a única forma de derrotar o tempo é trabalhar adotando as suas
próprias regras. Isso significa renúncia? Sim. Isso significa dor? Talvez. Isso
significa atitude antissocial? Sim, se não gostarem do fato de você comparecer
e ficar tomando água mineral enquanto todo mundo enche o pandulho.
O método para derrotar o tempo é tão banal quanto prescrever
a um viciado em sexo que deixe de frequentar puteiros, ou a um drogado que
abandone as bocas de fumo. Contudo, para o gordo nada disso é óbvio porque o
grande palco das suas orgias é encenado no seio da sacrossanta família e entre
as pessoas mais amicíssimas.
Ninguém suspeitaria de um dependente se drogando numa
festinha de aniversário um ano de um anjinho! Ninguém suspeitaria de um drogado
consumando seus prazeres numa confraternização de amigos! Portanto, se o rito
alimentar virou drogadição, o tempo nunca será seu aliado, a menos que seja
usado para decretar moratória, que sirva para você pensar em termos mínimos de 5
anos. Aí vou acreditar nas suas promessas do tipo "comecei o regime de
novo e vou ver se vou a fundo desta vez...".
Veremos se nos próximos 5 anos poderemos retirar as
reticências...
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