Faço essa pergunta porque quando os tempos mudam, antigos
comportamentos passam a ser considerados abuso.
O exemplo clássico dessa assertiva é a carreira cinematográfica da atriz
Brooke Shields, que decolou depois da publicação de uma série de fotos eróticas
quando ela tinha apenas 10 anos!* Aos 11 anos a Brooke participou do filme
“Pretty Baby” em que ela interpreta a filha de uma prostitua vivendo num
bordel, logicamente gravando cenas de nudez que hoje são consideradas
pornografia infantil.
Participações de crianças e adolescentes em cenas de nudez e
insinuação erótica não foram nem um pouco incomuns nas décadas e 70 e 80, tanto
que apresentadoras mirins de programas infantis do porte de Xuxa, Angélica,
Mara Maravilha, etc., apesar de adolescentes, apareciam semi-despidas nos
programas de TV dirigidos aos “baixinhos”.
Hoje desenvolvemos uma cultura de repúdio à exploração
sexual de menores de 18 anos, pelo menos no tocante aos menores, pois o nosso
repúdio deveria extrapolar à coisificação e transformação do corpo humano em
carne de açougue em qualquer idade (o
que acontece com a “carne” explorada pela indústria pornô).
Contudo, a noção de abuso infantil deve ser estendida muito
além da questão sexual, pois inclui violência física e psicológica e no nosso
tema aqui, grave atentado contra o futuro da criança.
Mesmo diante de todas as precauções modernas com a
integridade física e psíquica de crianças, adolescentes e vulneráveis, eis que
me deparo horrorizado com a imagem publicitária de uma bebê de colo falando
alegremente num celular. Pior ainda, a imagem está publicada em suas versões
impressa e eletrônica no jornal “Extra Classe” editado pelo Sindicato dos
Professores do Rio Grande do Sul!**
Então quer dizer que os educadores, que deveriam representar
uma rede de proteção a crianças e pré-adolescentes, ignoram o fato de que o uso
precoce de aparatos eletrônicos emissores de radiação provocam câncer numa tenra
faixa etária em que os indivíduos sofrem imensa multiplicação de células? É só
lançar num buscador de internet as seguintes palavras-chave “uso de celular
crianças” e temos a listagem de 5.500.000 textos abordando os riscos do uso de aparelhos
transmissores de radiações eletromagnéticas por crianças.***
Sabemos que professores individualmente dão Coca-Cola na mamadeira
aos seus bebês, os viciam em açúcar e comida-lixo desde o berço, os expõe precocemente
à violência da TV, talvez por isso mesmo o seu órgão de classe manifeste
tamanha ignorância. Infelizmente esse é o retrato da situação falimentar da
educação no nosso país.
Deixa ver se eu entendi. Vc está tentando comparar uma imagem como aquela acima, que obviamente correlaciona o uso de equipamentos eletrônicos por infantes com pornografia infantil? É sério isso?
ResponderExcluirQue ambos comportamentos são danosos, não se questiona, mas não podem ser consideradas sinônimas nem agora, nem nos anos 80. Se não a gente pode entrar num relativismo absurdo como o que você está fazendo agora, amigo.
Essa imagem nunca seria considerada pornografia infantil porque só o fato de você postar uma foto genuína deste tipo o levaria para a cadeia.
Se quer levar a discussão para o modo como as crianças são usadas em campanhas é uma coisa, mas não nivele coisas que não são comparáveis.