Páginas

Pesquisar

25 de abr. de 2014

O peso insuportável da celebridade

É possível sentir na carne a experiência de ser caçado nas ruas como uma Scarlett Johansson? Sim, vá para Cuba! Foi o que aconteceu conosco, sentimos durante um breve período o peso de ser célebre, mesmo sendo anônimos de carteirinha!

Explico, na ilha comunista de Fidel, depois de tantas décadas de embargo econômico americano, vive-se quase que exclusivamente da prestação de serviços turísticos e é aí que você entra com a celebridade proporcionada pelo seu rico dinheirinho.

E a experiência de dublê de celebridade é amarga, na manhãzinha você já é achacado com ofertas de táxi na saída do hotel, quando é avistado cometendo a horrível injúria de tentar se locomover a pé, e a sua fama não declina no decorrer do dia, muito menos nas áreas frequentadas por turistas.

O termômetro "celebrístico" só baixa quando se transita por áreas nativamente cubanas, aí a paz se estabelece e você é deixado em paz em seu direito de desfrutar o delicioso estado de não chamar a atenção.

O ato de sorver involuntariamente a taça da fama me fez refletir sobre que espécie de sangue percorre a veia dos buscadores de celebridade a qualquer custo. Provavelmente, devido a minha condição de misantropo, jamais consiga entender o nexo entre um lugar ao sol e a obtenção de reconhecimento público.

Será que a pressão exaustiva exercida pelas massas famintas de brilho justifica a alta incidência de drogas, alcoolismo, desvios de conduta, dissipação e suicídios entre as personalidades célebres? Uma pessoa coagida a se aprofundar cada vez mais nas fossas abissais da solidão, se torna presa das mazelas típicas que vitimam os submetidos a estresse extremo.


Portanto, ser reconhecido na rua por todo mundo e caçado por paparazzi, longe de um sonho feliz, passa ao grau de pesadelo a ser evitado? Pra mim sim!

PS: Mas nem tudo foram dissabores na ilha do rum e do açúcar, já que foi lá que, graças à extrema falta de coisas decentes para comermos, descobrimos o quanto padecíamos com o consumo de glúten. A descoberta se deu na volta ao Brasil, terra farta onde mana leite, churrasco e glúten à vontade, quando voltaram as flatulências intermináveis e o meu inchaço intestinal retornou triunfante.

Graças à dieta involuntária baseada em barras de proteína e shakes da Herbalife proporcionada pela escassez de alimentos saudáveis, hoje bendigo a viagem à paradisíaca ilha caribenha, que muito além das suas areias brancas e águas esmeralda, nos brindou com uma verdadeira viagem ao interior da nossa insuspeitada péssima rotina alimentar - além é claro de termos revalorizado o prazer de andar nas ruas sem sermos interpelados por estranhos a todo o momento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário