É possível sentir na carne a experiência de ser caçado nas
ruas como uma Scarlett Johansson? Sim, vá para Cuba! Foi o que aconteceu
conosco, sentimos durante um breve período o peso de ser célebre,
mesmo sendo anônimos de carteirinha!
Explico, na ilha comunista de Fidel, depois de tantas
décadas de embargo econômico americano, vive-se quase que exclusivamente da
prestação de serviços turísticos e é aí que você entra com a celebridade proporcionada
pelo seu rico dinheirinho.
E a experiência de dublê de celebridade é amarga, na
manhãzinha você já é achacado com ofertas de táxi na saída do hotel, quando é
avistado cometendo a horrível injúria de tentar se locomover a pé, e a sua fama não
declina no decorrer do dia, muito menos nas áreas frequentadas por turistas.
O termômetro "celebrístico" só baixa quando se
transita por áreas nativamente cubanas, aí a paz se estabelece e você é deixado
em paz em seu direito de desfrutar o delicioso estado de não chamar a atenção.
O ato de sorver involuntariamente a taça da fama me fez
refletir sobre que espécie de sangue percorre a veia dos buscadores de
celebridade a qualquer custo. Provavelmente, devido a minha condição de misantropo,
jamais consiga entender o nexo entre um lugar ao sol e a obtenção de reconhecimento
público.
Será que a pressão exaustiva exercida pelas massas famintas
de brilho justifica a alta incidência de drogas, alcoolismo, desvios de conduta,
dissipação e suicídios entre as personalidades célebres? Uma pessoa coagida a se
aprofundar cada vez mais nas fossas abissais da solidão, se torna presa das mazelas
típicas que vitimam os submetidos a estresse extremo.
Portanto, ser reconhecido na rua por todo mundo e caçado por
paparazzi, longe de um sonho feliz, passa ao grau de pesadelo a ser evitado?
Pra mim sim!
PS: Mas nem tudo foram dissabores na ilha do rum e do açúcar, já que foi lá que, graças à extrema falta de coisas decentes para comermos, descobrimos o quanto padecíamos com o consumo de glúten. A descoberta se deu na volta ao Brasil, terra farta onde mana leite, churrasco e glúten à vontade, quando voltaram as flatulências intermináveis e o meu inchaço intestinal retornou triunfante.
Graças à dieta involuntária baseada em barras de proteína e shakes da Herbalife proporcionada pela escassez de alimentos saudáveis, hoje bendigo a viagem à paradisíaca ilha caribenha, que muito além das suas areias brancas e águas esmeralda, nos brindou com uma verdadeira viagem ao interior da nossa insuspeitada péssima rotina alimentar - além é claro de termos revalorizado o prazer de andar nas ruas sem sermos interpelados por estranhos a todo o momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário