A história
do nosso piano de cauda começou em 11/11/2011 quando reservamos por
telefone um piano de 178 cm na loja. No dia 19/11/2011 fomos experimentá-lo e
nos apaixonamos imediatamente, tanto que procedemos os ajustes formais e o
nosso “filho” rapidamente chegou na nossa mansarda nos alvoreceres do dia
23/11/2011.
De lá para cá o piano sofreu 5 afinações, até que antes da 6ª,
impressionado com as informações que me caíram nas mãos através do grupo de
piano do Facebook Pianos
e Teclas, decidi proceder o rebaixamento do diapasão de referência do lá
central para 432 Hz. Então, no dia 28/03/2014 o afinador aplicou o novo
diapasão, mas manteve-se ao seu tradicional esquema de temperamento.
Chegando a esse ponto, convém esclarecer que a questão da
afinação é nevrálgica nos pianos de tamanho menor do que o de concerto. A diminuição
de tamanho dos pianos implica em problemas no tocante a inormonia e a perda
de controle devido à diminuição do comprimento
das teclas. Portanto, devemos aceitar o fato de que pianos de menor porte
soarem mais desequilibrados e deficientes no concernente à tocabilidade,
mazelas que seus “irmãos maiores” não padecem.
Tão somente o simples rebaixamento do diapasão de 440 Hz
para 432 Hz não atendeu aos meus anseios estéticos. Eu esperava mais, muito
mais, em face dos relatos de paz e harmonia que as pessoas relatam ao ouvirem
instrumentos afinados no diapasão preferido da Giuseppe Verdi. Parecia-me que
alguns intervalos, principalmente na música de J. S. Bach ficavam um tanto
ruidosos, assim como outros estilos soavam aquém do que eu esperava.
A solução era propor ao afinador outro temperamento, mas
qual? Diz-se que atualmente o padrão de afinação adotado
universalmente é o 440 Hz e o temperamento é o igual, o que é uma pura
bobagem, pois cada afinador acaba fazendo o seu, sendo que uns se afastam mais
do padrão igual do que outros. Só que os pianistas não se ligam nesta questão,
tudo que eles costumam reparar é em notas individuais soando estranho sem
cogitar que possa haver algo a ser melhorado no conjunto inteiro de relações
entre as notas, na formação das terças, quartas, quintas e assim por diante.
Depois de pesquisar bastante sobre os muitos temperamentos
históricos não iguais, me deparei com um deles desenvolvido especificamente
para o diapasão lá4
= 432 Hz. A violonista Maria Renold criou e o denominou de “12
Quintas Verdadeiras”. O interessante é que se você analisar os offsets a
seguir, concluirá que o sistema proposto por M. Renold é um temperamento
quase-igual.
No entanto, o resultado do temperamento feito em 24/11/2014
está me surpreendendo até agora, simplesmente ficou perfeito! Tudo soa melhor,
os intervalos ficaram mais doces e os harmônicos mais orgânicos. O nosso
afinador disse que trabalhava com 3 temperamentos diferentes:
1 – aquele herdado do seu pai que ele aplica na maioria dos
pianos;
2 – o temperamento padrão Yamaha exigido nos pianos desta
marca;
3 – um terceiro temperamento que ele não lembrava muito bem.
Agora ele trabalhará com este 4º temperamento que aconselho a
quem adotar o diapasão 432 Hz. Resumidamente o temperamento de M. Reinold é
construído partindo do eixo central do Dó3 afinado na frequência de 128 Hz, que
segundo o antropósofo Rudolf Steiner é a frequência do Sol, ou seja, aquela que
traz calor, alegria e harmonia ao coração das pessoas.
Este artigo “Sobre
la frecuencia de afinación A=432 y c=128” é bastante esclarecedor sobre os
fundamentos matemáticos de formação das quintas no temperamento de M. Reinold,
assim como a questão dos harmônicos.
Não colocarei aqui nenhuma gravação feita no meu piano, pois
ainda não tive tempo para tanto, talvez nas férias quem sabe. O que posso fazer
é aconselhar você que quiser tomar contato com o trabalha de Maria Renold a adquirir
o CD com interpretações de Chopin gravadas pelo pianista Graham Jackson.
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