Por ora, esqueçamos os prováveis danos causados pela radiação
eletromagnética e nos concentremos em coisas de curtíssimo prazo: as tendinites
e artrites que se espalham epidemicamente entre os usuários pesados de dispositivos comunicacionais portáteis.
O grande diferencial entre a era dos PC’s, dotados de
confortáveis cadeiras e mesas, e o que estamos assistindo é que hoje as pessoas
se botam a dedilhar nos seus gadgets minúsculos pondo em risco três zonas
fisiológicas vitais para o conforto do bom viver: dedos polegares, pescoço e
costas.
Os gringos, no alto do seu pragmatismo cartesiano, já
cunharam algumas palavrinhas para descrever o horror sofrido pelos inválidos provocados
pelo uso e abuso de dispositivos móveis:
Text neck = o mal do pescoço torto e dolorido
Um dia desses eu passava numa rua quando me deparei com uma
cena peculiar. Olhei de costas uma pessoa sentada num quiosque cuja cabeça se
achava incrivelmente encurvada. A princípio pensei que ela estivesse dormindo,
mas no momento em que me aproximei, percebi que se tratava de uma mulher
futricando no seu smartphone com uma caneta eletrônica. Façamos um cálculo
rápido; a cabeça humana pesa entre 4,5 a 5,5 kg quando estamos eretos. Quando todo
este peso está equilibrado, nosso organismo deixa barato. Contudo, no momento
em que ficamos muito tempo com a cabeça inclinada, toda a carga de cinco quilos
recai sobre os frágeis mecanismos responsáveis pela manutenção do pescoço na
posição vertical.
Text thumb injury = o mal do dedão falido
O que significa perder a força do dedo polegar? Ora, o que
nos diferencia dos outros animais (exceto primatas e gambás), é o dedo opositor.
Logo, imperceptivelmente quase todas as nossas atividades diárias dependem do
movimento de pinça protagonizado pelo polegar contra os demais dedos, desde o
simples ato de pegar um copo até a pilotagem de um avião.
No entanto, os esforços repetitivos presentes em teclagens
rápidas feitas sobre telas minúsculas acabam provocando ao longo do tempo inflamações
na articulação do dedo polegar, praticamente incapacitando-o. Tal distúrbio se
chama artrite e até bem pouco tempo era um fenômeno privativo da população idosa,
até recentemente, pois hoje assistimos de camarote jovens sofrendo males
característicos de idades avançadas.
Não bastando o quadro da dor, também é conveniente lembrar
que as posições anatômicas ingratas praticadas repetitiva e extenuantemente pelos
viciados em smartphones e tablets redundam nas famosas dores nas costas, que
antes mesmo das mudanças comportamentais recentes, já vitimava metade da humanidade.
Moral da história
Não importa a sua idade, pois a partir do momento em que
você passa a sofrer de uma tendinite ou artrite, tal transtorno vira um
“presente” com validade para a vida inteira, ou seja, de repente, em pleno
vigor da sua adolescência ou na fase recém-adulta, você adquire o “direito” de
conviver pelo resto dos seus dias com mazelas típicas dos velhos. Portanto, recomendo cautela e uso moderado e consciente dos novos dispositivos que colocam o mundo ao alcance dos nossos dedos em qualquer lugar que estivermos.
Não pretendo usar nem mesmo notebook, mas ficar com o velho e bom desktop. Pesadão, mas confortável. Minha saúde em primeiro lugar. :-)
ResponderExcluirTeclado p/ desktop pode causar lesões também, mas não como essas bugingangas. Fora o preço abusivo.