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15 de ago. de 2013

1ª parte - Comparativo entre pianos caros e baratos: tipos de madeiras empregados

Dizem que o barato sai caro, mas no mundo do piano essa verdade tende a se relativizar, pois a diferença de preço entre um bom piano chinês fabricado em escala industrial e um excelente europeu entalhando artesanalmente representa o abismo entre o ter e o não ter. Para o benefício da música é melhor ter, contudo, dentre as muitas possibilidades oferecidas no mercado, estudantes e pianistas devem tomar alguns cuidados para não comprar gato por lebre.

Qual é a causa determinante da diferença gritante de preço entre pianos de marcas e tamanhos diferentes? Por exemplo, a marca A oferece um piano de ½ cauda que custa um pouco mais do que o ¼ de cauda da marca B. Se formos ver a marca C, no uso e abuso da grande tradição de mercado, ela pede cinco vezes o preço pelo mesmo baby de ¼ de cauda. Qual é a mágica, se aparentemente todos os pianos são iguais? Com os itens que abordarei nesta sequência de posts, demonstrarei que não há nenhuma mágica nesse negócio.

Tipos de madeiras
O cerne da planilha de custos de um piano está nos tipos de madeiras utilizados. Madeiras duras, pesadas e resistentes ocorrem em regiões frias, infelizmente são bem mais caras e raras, e as madeiras tropicais são abundantes (por enquanto), leves, macias e porosas.

CARO: os melhores pianos do mundo costumam usar bordo e faia nos contornos interno e externo dos pianos de cauda, pelas características de rigidez e peso que conferem alto poder de reflexão, ou seja, não atenua a potência do som emitido pela tábua harmônica.

BARATO: já os pianos asiáticos, desde o Steinway Essex (piano de entrada fabricado na China) a um xing ling qualquer, usam mogno filipino, também conhecido como "lauan" ou "luan".

Interessante notar que o respeitadíssimo projetista de escalas Delwin D. Fandrich relata que, devido à porosidade natural do Lauan, grandes quantidades de cola são exigidas para perfazer a junção das lâminas integrantes dos contornos. Não obstante a baixa qualidade da madeira, as caraterísticas acústicas do instrumento não ficam muito aquém daquelas exibidas pelos pianos caros, ou seja, o resultado final é um contorno pesado e rígido. Leia a discussão no fórum Piano World.

Tensão do projeto de escala
Projeto de escala é o que determina as dimensões e a relação de forças que os componentes sonoramente ativos e inativos do piano mantém entre si. As madeiras utilizadas determinam a tensão do projeto de escala.

CARO: os projetos de pianos dispendiosos geralmente tendem a ter baixa tensão nas cordas devido à alta qualidade da madeira empregada no entorno, e por conseguinte, a grande respostas acústica.

BARATO: os projetos de pianos fabricados em massa têm que apelar para alta tensão das cordas, pois é um ótimo estratagema de obtenção de potência sonora driblando a baixa eficácia acústica das madeiras empregadas.

O lado ruim dos projetos de alta tensão é a maior probabilidade de rompimento de cordas, empenamentos, rachaduras nas pontes, enfim, durabilidade reduzida. As diferenças de preços entre os pianos de entrada estão diretamente relacionadas à qualidade da madeira empregada.


Um debate sobre as características de projetos de baixa e alta tensão você encontra aqui.

Um comentário:

  1. Este post falou tudo o que eu queria e precisava saber antes de comprar um piano! Muito obrigada!!! ^-^

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