Com esse artigo entenda porque o Brasil é um dos campeões mundiais de mortes no trânsito, afinal, bêbados não dirigem sozinhos; carregado de familiares e amigos, se despedaçam contra desconhecidos, normal, porque aqui encaramos o ato de beber uma cervejinha como um gesto mínimo de socialização.
Tanto a sociedade quanto as redes sociais endeusam a
cerveja, glamourizam um estilo de vida que pode ser doentio, doentio porque se
trata do consumo contínuo de substância tóxica.
Por que deveríamos nos preocupar com um hábito tão inocente arraigado
até mesmo em festinhas de comemoração de aniversário de um ano? Porque o nosso
coração deve ser movido pela compaixão, porque dói ver parentes e amigos
mergulhados num vício insidioso sem terem a mínima consciência.
Ao contrário dos destilados, cujos usuários desenvolvem alguma
autoconsciência de que alguma coisa vai errada, os bebedores habituais de
cerveja seguem a vida flanando alegremente entre happy hours, comemorações e
churrascos de fim de semana.
Nas redes sociais é fácil vislumbrar o "dependente
social"; a cerveja aparece como uma espécie de leitmotiv, fio condutor para
a vida, o dependente constrói seu centro de gravidade em torno do ato de beber,
inclusive, toma decisões em função dele.
Mas porque deveríamos nos preocupar com um hábito tão
inocente? Simplesmente porque o alcoolismo crônico, além de deteriorar o
organismo do sujeito, termina corroendo as relações familiares e sociais.
Digamos assim, é uma bomba relógio não muito bem percebida pela sociedade
porque acontece lentamente ao longo do tempo. Dificilmente alguém lembrará que
aquele bebedor pesado passou anos pela fase do beber social integrado na
família e no círculo de amigos, até ter seu corpo inteiramente possuído pela
fissura por bebida.
Contudo, a nódoa não é somente individual, aqui não se trata
apenas da decrepitude do indivíduo. Quando falamos do hábito socialmente consagrado
de tomar cerveja, temos sempre que levar em conta de que o bebedor social é
solidário, ou seja, ele arrasta constantemente parentes e amigos para o hábito
e os lugares. Ele convida, alicia, incita, tenta, "só desta vez" é o
seu lema prontamente disparado aos recalcitrantes. Ocasionalmente as pessoas do
seu círculo mais próximo de relações ficam de porre solidário devido ao poder
persuasivo do cervejeiro(a), afinal, ou são pessoas amadas e muito próximas, ou
magnéticas e cativantes, ou tudo isso junto.
Com o tempo, as zoeiras se tornam cada vez mais pesadas,
fato que afasta as parcerias menos engajadas no vício, inclusive a família.
Assim, algo que nasce insuspeitadamente no seio da família, pode ganhar as ruas.
Contudo, observa-se que a maioria dos bebedores, alcoólatras em estado latente,
se mantém agregada e acolhida no interior da família. Enquanto isso cooptam um
ou outro para as jornadas etílicas de fim de semana.
Por isso aqui vai o alerta sobre as diferenças entre consumo
moderado e crônico de psicotrópicos, que por serem muito tênues, é de difícil diagnóstico.
Talvez você conviva com um alcoólatra e não saiba, pior ainda, talvez VOCÊ seja
O alcoólatra sem nunca ter suspeitado, parado para analisar o seu grau de
dependência. De qualquer maneira, tolerar o alcoolismo de incipiente de familiares
e amigos é a mesma coisa que abraçar um rabo de foguete.
Leitura adicional sobre vícios leves:
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