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8 de ago. de 2014

Aquela garota feia que se traveste de musa ao piano...



Aquela garota feia quando se sentava ao piano era como se a musa se descortinasse no seu rosto, tamanha beleza que resplandecia!

Aquela garota feia deixava de ser notada ao apagar das luzes da ribalta, só persistia a sombra que nublava o foco dos seus olhos melancólicos.

Aquela garota feia enfeixa muitos personagens que tenho acompanhado, ao piano são princesas que desabrocham em ternura e simpatia. Encantam pela força e autoridade com que atacam os acordes, a suavidade dos arpejos, a engenhosidade dos rubatos, a expressividade das melodias. Fico com medo por elas quando descem do palco e se misturam ao vulgo tão despreparado para reconhecer beleza latente, que se desvaneçam na vida ordinária.

Aquela garota feia que sobe ao palco torta de tanto desajeitamento, tão logo seus dedos arrancam imperiosos os primeiros sons do teclado, encarna a musa eterna dos nossos devaneios e a vontade secreta de sermos iguais aos Deuses!

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