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13 de jan. de 2015

Vivemos a era da poluição dos estímulos!



Atesto para os devidos fins que a era analógica foi caracterizada pelo direito ao descanso do cérebro, direito esse que está efetivamente banido do nosso cotidiano.

Nossas telinhas, múltiplos compromissos, trânsito caótico, simultaneidade comunicacional, informações em tempo real, tudo isso são antídotos contra o ato de dormir, atividade absolutamente natural para os nossos ancestrais, que hoje se tornou uma jornada química.

E a razão das pessoas enfrentarem cada vez mais dificuldades para dormir está justamente no mar de excesso de estímulos em que vivemos mergulhados. Você pode não acreditar, mas o processo de sonolência inicia quando a “rotação” de cérebro entra em marcha lenta, vai aos poucos desacelerando até que o sono sobrevém naturalmente sob falta de estímulos visuais e auditivos.

O problema é que no estilo de vida moderno as fontes de estímulos estão onipresentes e miniaturizadas. Se antigamente tínhamos a presença da TV até no quarto de dormir, hoje temos smartphone e tablet à guisa de travesseiro.

Aí surge a questão, como induzir o cérebro a produzir ondas alfa sem alijá-lo da cacofonia de estímulos? Teríamos de parar de checar mensagens, parar de responder chamadas do Whatsapp, sair do Facebook, suspender as selfies, encerrar o Instagram.

Antigamente, no mundo analógico, as pessoas pegavam um livro antes de dormir e começavam a entrar docilmente em ondas alfa até não conseguirem mais segurar o peso das pálpebras. Então, quando mal tinham forças para colocar o livro no criado-mudo, apagavam a luz, viravam para o lado e dormiam o sono dos justos. Assim, na presença da fecunda escuridão, sem luzinhas piscando, sem burburinhos eletrônicos e sem a mínima expectativa de ser interrompidas, o sono contínuo e reparador acontecia.

Hoje, é muito mais fácil recorrer às chaves químicas de desligamento proporcionadas pelas pílulas do que que se dedicar à higiene mental capaz de produzir sono. Entretanto, o desligamento químico cobra um alto preço incrível traduzido em neurônios mortos e outras sequelas neurológicas que vão se acumulando ao longo do tempo até redundar na demência. Por falar nisso, a demência precoce já pode ser considerada como um dos males do século!

Um comentário:

  1. Uma das consequências desta super estimulação é a dificuldade dos estudantes universitários criarem memórias trabalho.
    O trabalho docente tem se tornado ainda mais desgastante, pois é preciso repetir, repetir e repetir uma mesma informação, utilizando diferentes estratégias para uma memorização que deveria ser imediata.

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