Se for verdade o ditado que diz "o hábito faz o
monge", então também é correto afirmar que quem imita os anjos, acaba se
tornando um. Consequentemente, podemos explorar paradoxo onde a falsidade e a mentira
podem desempenhar um papel essencial no rumo do bem estar do sujeito. Estou
falando da pessoa cultivar a hipocrisia consigo mesma, aproveitando o fato de, se
por um lado não conseguimos nos portar como santinhos o tempo todo, por outro, temos
toda a tendência do mundo para sermos mentirosos e falsos.
Chame a baranga de linda!
(Pratique o elogio mesmo que a "beleza" da coitada
tenha o poder de murchar flores de asfalto – acredite, até o falso elogio
beneficia quem o emite, mesmo que secretamente você tenha que dourar a pílula da
causa supondo uma provável beleza interior.)
Diga bom ao dia!
(Mesmo que o seu coração esteja dilacerado, este tipo de
enganação costuma dar resultado, pelo menos você terá alguma chance em relação
a começar o dia declarando derrota antecipadamente.)
Sorria!
(Mesmo que sob o seu rosto uma máscara de amargura lute para vir à tona.)
Perdoe!
(Mesmo que seja só por fora, mesmo que não seja sincero,
mesmo que você não consiga esquecer a mágoa, pois o perdão é um elixir que
beneficia exclusivamente a quem o destila.)
Doe!
(Mesmo que interessadamente, mesmo com segundas intenções. É
a única maneira de, no decorrer do tempo, fazer surgir a sensação do verdadeiro
altruísmo.)
Sinta alegria pelo bem alheio!
(Caso você espere para sentir a alegria verdadeira, a sua
vida terá transcorrido e você ainda nem começou! Portanto, exercite o falso
sentimento e diga a você mesmo que é muito melhor que os seus amigos e
vizinhos tenham a vida que você pediu a Deus. Assim, combata o calor da inveja
verdadeira com a insípida emoção do falso altruísmo.)
Enfim, corroa por dentro aquele dia negro com bastante
falsidade e hipocrisia. Minta para si mesmo quantas vezes forem necessárias,
para começar a acreditar que a vida vale a pena.
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