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15 de jun. de 2012

O futuro das coisas

E o fumo do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus. E o anjo tomou o incensário e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra; e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos e terremotos. E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-las...

O futuro da humanidade será assolado pelas trombetas dos 7 anjos do apocalipse, ou teremos, numa visão mais otimista e tecnicista, algum porvir que supere a nossa burrice? A resposta só o futuro dirá, por ora, podemos antever certos vestígios do amanhã se insinuando no tecido da nossa realidade.


Residência familiar: bunker

Diz-se que a arquitetura segue a tendência de se tornar verde, através da concepção de edificações energeticamente autossustentáveis. Contudo, o que se pode prospectar do futuro, na medida em que se aprofunda o abismo entre ricos e miseráveis, é a transformação da casa dos ricos em verdadeiros bunkers, ao passo que as residências pobres se aproximam cada vez mais daquelas construídas pelos nossos antepassados habitantes de cavernas.

Carro: sem motorista
O futuro do transporte individual vai no caminho de se tornar autônomo, graças à explosão da eletrônica embarcada. As grandes empresas de tecnologia atuais sonham em dar o pitaco final no assunto e o Google já fez isso, tanto que o seu protótipo de carro inteligente "driverless" já percorre as ruas de algumas cidades dos EUA. Ganharemos quando o cetro do poder se deslocar das grandes montadoras atuais, dependentes umbilicalmente das 7 irmãs do petróleo, para as empresas de tecnologia, cujo principal objetivo é revolucionar aquilo que tem rejeitado as revoluções há mais de 100 anos.

Transporte individual: a caminho do caos paralisante
Aquilo que foi a grande panaceia do século XX, virou o pesadelo da virada do milênio. O maior símbolo do capitalismo se tornou a célula cancerosa que obstrui as artérias dos grandes centros urbanos. Hoje sabemos que é impossível harmonizar qualidade de vida com uma gestão pública voltada exclusivamente para solucionar problemas privados. Assim, enquanto os governos se preocupam 100% do tempo em abrir estradas, alarga-las e construir viadutos, numa velocidade geometricamente impressionante as nossas vias se esclerosam, mesmo antes da inauguração das ampliações salvadoras. Qual é a única solução? A racionalização drástica e efetiva da frota individual e um sério propósito de lutarmos pela sua erradicação dos centros urbanos.

Cadeirante: exoesqueleto ciborgue
Enquanto as maravilhas da aplicação das células tronco não chegam, os deficientes motores tem o consolo do exoesqueleto que promete livra-los das jurássicas cadeiras de rodas. Por enquanto, é uma solução extremamente cara, cujo custo pode se reduzir radicalmente proximamente na medida em que se inicie a produção em escala.
Computação: implantes intracorpóreos
Uma das interpretações do Apocalipse bíblico retratado por São João, quando as pessoas serão marcadas com o número da besta 666 como sinal no final dos tempos, sugere que a materialização desse processo já começou a ocorrer sob a forma dos implantes subcutâneos contendo os adoráveis gadgets eletrônicos. Como resultado da incessante corrida miniaturizante, a indústria já tem condições de construir telefones celulares, GPS, câmeras fotográficas, computadores, etc, em tamanhos suficientemente reduzidos para serem implantados debaixo da pele.

Além disso, a medicina acena com implantes monitoradores de funções vitais. Assim, as pessoas não terão mais que se preocupar com a saúde, pois os sinais estarão sendo enviados continuamente para centrais clínicas remotas.

A visão tradicional do Apocalipse antevê que as pessoas serão compulsoriamente marcadas com o número 666. Será? Com a crescente dependência aos gadgets, acho difícil que as pessoas não lutem de corpo e alma para terem o sinal da besta carimbado na testa!

Cidade: verticalizada e verde
Há muito se sabe que uma cidade excessivamente espalhada não é sustentável, pois o atendimento da demanda por equipamentos públicos fica disperso, praticamente dedicado ao gerenciamento de espaços privados. Então, o futuro possível das grandes megalópoles talvez seja a racionalização da ocupação dos espaços. É o que as grandes cidades brasileiras já estão fazendo no afã daquilo que se convencionou chamar de "revitalização". O dilema ambiental nos coloca diante de um paradoxo: crescer, mas só para cima e não para os lados, ou seja, recrudescer a concentração que nos apavora.
Metrópole sustentável é possível?

Alimentação: a dominação do lixo
Acreditávamos na década de 80 que o mundo estava se encaminhado para a alimentação integral, macrobiótica, vegan, etc. Ledo engano! Hoje o que assistimos é a massificação da comida lixo e à extremização do canivorismo. Isso aponta uma tendência de que no futuro a situação piore ainda mais? Confesso que perdi a esperança.

Vício: substituição das drogas tradicionais pelas medicamentosas
Cada vez, mais o grosso da população, que não tem coragem de se aproximar das drogas ilícitas, torna-se dependente de calmantes, analgésicos, anfetaminas inibidoras do apetite, euforizantes, drogas moduladoras do humor tais como a Ritalina, ansiolíticos, antiinflamatórios, etc. Infelizmente, o perigoso aumento do contingente de fármaco dependentes se faz silenciosamente, posto que camuflado sob hábitos sociais.

Sexo: robôs escravos sexuais
Acreditando ou não, o futuro nos reserva surpresas bizarras e uma das mais instigantes é a ânsia da humanidade em criar humanoides cada vez mais perfeitos para desempenharem o papel de escravos(as) sexuais plenamente funcionais. E a ficção científica, o primeiro bastião da futurologia, já se encarregou de retratar intensivamente o assunto, basta ver os replicantes de Blade Runner, os cilônios com forma humanas de Battle Star Galactica, o robô humanizado do filme “O Homem Bicentenário”, o robô Maria do filme Metrópolis, Gigolo Joe do filme Inteligência Artificial, etc.


Guerra: cibernética e de Robôs
Os Drones (aviões robô) já começaram a protagonizar os ataques e se especula em breve a obsolescência do jato de combate tripulado. No campo da informática, os recentes episódios dos vírus Stuxnet e Flame apontam claramente para a guerra cibernética do futuro, quando o trunfo estará nas mãos daquele que combalir primeiro os sistemas de controle do inimigo. No entanto, a virtualização bélica não significa que civis deixarão de morrer e que a miséria não continuará se alastrando como subproduto pernicioso da guerra.

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