Chorão, o líder máximo da banda Charlie Brown Jr. se despede da vida de uma maneira assombrosa: no auge da carreira, da força viril, da fama, do dinheiro, da juventude. Enfim, um cara que encarnava o paradigma da geração que está no poder, simplesmente desliga a luz e abandona o play.
Talvez a vibe dele não fosse mais a vida, dizem que a sua
depressão estava sinistra, o certo é que Chorão não chorará mais por nada e
todos choram pelo inusitado do seu ato. Como pode alguém que tem tudo
simplesmente entregar a toalha?
As minhas reflexões, como não detenho a verdade verdadeira
dos fatos que levaram Chorão ao fundo do poço, vão no sentido paradigmático das
gerações que se formaram nos anos 90 e que cresceram em meio ao excesso.
Temos muito de tudo, telefones, carros, sexo, amigos,
viagens, drogas, festas, carros, energéticos, remédios. Talvez nos faltem as causas. Temos que
trocar o iPhone, mas não sabemos mais o que fazer com o mundo. Será que a vida
se resume a um caleidoscópio de sensações a serem levadas às últimas
consequências, sem refreamentos nem culpas?
A geração sem Deus de Chorão vive um eterno agora de usufruição e isso
preocupa, porque à juventude foram sonegadas as causas. Numa sociedade que nos
treina para a perpétua expectativa da aquisição do próximo bem, reformar o
mundo saiu da lista de prioridades. E a morte neste contexto não chega ser um
fim desejado, resultante de uma profissão ideológica, mas um miserável acidente
de percurso.
Por isso, quem fica chora, sem saber muito bem o porquê.
As pessoas cansam da vida. E um direito delas.
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