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t h e a r t o f L e e R o b e r t s o n |
Mulheres aguentam esfoliantes, 4 turnos estafantes, cosméticos
intoxicantes, depilações infectantes, saltos altos perfurantes, assédios
humilhantes, dores excruciantes.
Elas engravidam, parem, não dormem, vigiam, voltam do serviço e
trabalham, acodem, pensam e não dizem, relevam, guardam, se vergam e são permeadas
pela eterna sensação de insegurança de serem trocadas por modelos mais jovens.
Mulheres sofrem caladas quando necessário e vociferam quando
chamadas, lutam em exércitos silenciosos e nunca recebem os louros, mas estão sempre
prontas a entregar a vida quando é imperioso.
Mulheres estão sempre prontas a ouvir desabafos e juntar
pedaços espalhados de homem, mas quando um ombro amigo é condição sine qua non
para a sua sobrevivência, elas têm que se virar sozinhas resmungando contra as paredes.
E o que elas ganham com isso? Um comentário elogioso? Um
gesto sedutor? Alguém disposto e propondo assumir as responsabilidades, mesmo que temporariamente,
para que possam deixar de carregar o mundo e tomar um fôlego?
Nada disso! O que não as impede de continuar aí sendo mulheres, esposas, mães, amantes, confidentes, trabalhadoras, namoradas,irmãs, avós, sogras, tias, guerreiras, resistentes, as últimas a cair e as primeiras a levantar. Mirando
paredes e sonhando de olhos abertos sonhos inconfessáveis, pelo menos não para ouvidos moucos ao
redor, que jamais entenderão a gigantesca importância que elas dão para coisas tão
absurdamente supérfluas.
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