Está certo que são problemas tão velhos como a humanidade,
mas hoje eles se agudizam na medida em que o estilo de vida se distanciou de
antigos e saudáveis hábitos.
Viver num corpo cheio de articulações que se raspam todo o
tempo para produzir locomoção traz como resultado a dor como efeito colateral.
Então, sabiamente a natureza criou mecanismos de compensação em que certos
anestésicos são liberados nas juntas em recompensa ao movimento que somos
obrigados a fazer.
Éramos obrigados! Porque atualmente você pega elevadores,
aperta botões de controles remotos, pega carros, escadas rolantes. Até a
regulagem térmica abandonamos, preferindo nos refestelar em ambientes
glacialmente refrigerados! Até aos 20 anos essa rotina de ociosidade descomunal
não resulta em grandes prejuízos, porque a natureza dá uma luz ao seu corpo que
faz você se sentir imortalmente saudável.
Todavia, a senilidade vem ocorrendo precocemente.
Certamente, antes não se vivia muito além dos 40 anos e hoje experimentamos
facilmente longevidades que extrapolam os 80! Observávamos a nossa gata, que
em termos proporcionais à idade humana, está virada numa vetusta cidadã de mais
de 80 anos. Pois bem, ela tem uma flexibilidade de dar inveja às meninas de 20,
pois sobe cercas de pedra, pula, corre, brinca, dá cambalhotas, etc. Parece que
a dor não vitimou os seus ossos, ao contrário das suas contrapartes humanas que
vivem cheias de mazelas e entupidas de comprimidos para tudo que é ai.
O segredo da exuberância vista no reino animal é eles nunca
terem abraçado o sedentarismo como ideal de vida, tanto é que o seu dia a dia
não é preenchido por mordomias facilitadoras, continuam vivendo sob os velhos
princípios dos seus antepassados.
Já a insônia resulta como uma das filhas bastadas do
sedentarismo, da propensão que temos de ficar parados nasce o círculo vicioso
da excitação mental. Impulsionada pela facilidade conectiva proporcionada pela
parafernália eletrônica portátil, o cérebro não consegue mais alcançar o estado
de repouso. Por isso é difícil encontrar entre os jovens espécimes que não usam
pílulas para proceder o desligamento químico.
Usamos pílulas para combater a dor inerente ao nosso estilo
de vida distanciado da natureza e usamos pílulas para podermos dormir, acordar,
focar, manter o interesse na vida. Tudo seria um paraíso se tais pílulas não
concorressem pesadamente para a epidemia de demência que vivemos. Daí
conclui-se que não ficamos dementes por vivermos mais, porém por vivermos
demasiadamente em péssimo estado.
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