A dramaturgia cinematográfica tem produzido muitos filmes pós-apocalípticos
e se podemos vislumbrar um elemento comum a todos eles é o onipresente carro,
definidor da nossa época.
Podemos eleger entre muitas coisas; avanços tecnológicos,
saneamento básico, crescimento exponencial das comunicações, etc, como símbolo visceral,
no entanto, o mais paradigmático é certamente o transporte individual como
conhecemos hoje, já que ele sintetiza toda a trajetória humana desde o advento
da revolução industrial.
Então, em que parâmetro poderíamos desenhar a iminente
decadência da civilização industrial? Como o carro é o produto mais refinado do
atual sistema de produção, naturalmente ele sofrerá um revés dramático se todos
os pontos da cadeia não se mantiverem intactos.
O futuro nos reserva algo como o visto nos filmes do tipo
Mad Max ou o que já acontece em países à margem da sociedade industrial tais
como Cuba e Coreia do Norte? Diante dos primeiros sinais de declínio das engrenagens
do consumo, o carro certamente será a primeira vítima. Por ora, aproveitemos a
maravilha dos nossos tempos, pois talvez esteja encerrando um belo ciclo belle
époque de abundância muito além dos recursos limitados que a nossa pequena nave
interestelar pode suportar.
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