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11 de mar. de 2010

A origem russa das famosas fotos do Ricardão.

Etimologicamente, o Ricardão encarna a figura mitológica que consegue dar à sua mulher todo o tempo do mundo, coisa que eu e você nem podemos dar a nós mesmos.

Devido às peculiaridades psicológicas dos povos, as reações ao encontro fatal com o Ricardão mudam de cultura para cultura.

- O marido brasileiro, do alto da sua cumplicidade nata com os outros homens, ignora o amante e mata a adúltera.

- O marido francês perdoa a mulher e vai para a cama com os dois.

- O marido inglês ignora fleumaticamente o ocorrido, para não atrapalhar o chá das 5.

- O marido português acredita piamente na desculpa da mulher, de que aquele bom moço debaixo da sua cama é o encanador trabalhando nu devido aos ossos do ofício.

- Se o Ricardão for rico, o cornudo americano entra com um processo contra ele e perdoa a mulher, se for pobre, pede o divórcio e entra com um processo contra os dois.

- Já o cornudo russo, tem a tendência, aparentemente, de mandar uma bala nas fuças do Ricardão e não me pergunte o que ele faz com a mulher depois disto.

É o que depreendemos de uma série de fotos fake forjadas por usuários russos e publicadas em diversas comunidades nas redes sociais daquele país.

A cena segue invariavelmente o mesmo roteiro: o Ricardão pendurado numa sacada de edifício trajando tão somente uma cueca vermelha, e a esposa gritando desesperadamente da janela, enquanto o guampudo aponta um rifle pronto para estourar os miolos do infeliz.

Logicamente, a clássica imagem do Ricardão russo pendurado na janela correu mundo e se espalhou como um rastilho de pólvora pela Internet através de sites de fotos curiosas e Blogs de variedades, virando um ícone universal representativo de todos os faturadores de mulheres alheias.

O problema dos Blogs de fotos curiosas é que eles se limitam a publicar o que lhes cai nas mãos sem contextualizar e, muito menos, estabelecer algum juízo de valor. A propósito da escassez de legendas, um usuário do Buzz que publicou um link com a foto seguinte oferecendo um “prêmio” para aquele que criasse a legenda mais criativa. O resultado foi quase 250 comentários de usuários vivamente interessados em “explicar” a foto, e é claro, só um deles sabia de onde ela tinha saído: leia os comentários no Buzz.

Julgo que a reação mais sensata num caso destes seria o marido traído entregar a mulher ao canalha, pois não há punição maior para ele, do que além de comer a sobremesa, arcar com cama, mesa, banho e roupa lavada.

Leia mais:
Top 10 virtudes que o Ricardão esbanja, e que você jamais terá.

Veja na íntegra a galeria de onde brotam os Ricardões russos no [English Russia].

4 comentários:

  1. Há tempos tive uma discussão com um grupo de amigos. Uns achavam que os homens eram mais infiéis do que as mulheres e outros, entre os quais eu, achávamos que isso é uma grande parvoíce...."
    Esta afirmação é não racional e não mensurável! Diria tratar-se de um mito que traduz apenas a verdade de certas percepções que continuam ainda a existir. Desta forma, trata-se de uma opinião e não de uma realidade!

    A frase “Os homens são mais infiéis do que as mulheres” reflecte o paternalismo que condiciona a vida da mulher, tão conveniente ao parceiro masculino.

    “Os homens são mais infiéis do que as mulheres” funciona como uma espécie de entrave apolíneo imposto para mascarar os impulsos da noite dionisíaca e perpetuar a crença na mulher “bem comportada”, asséptica e de boas maneiras...

    Sabemos que essa mulher já saiu de cena!

    A grande diferença no caso de infidelidade com consentimento não é que o cônjuge enganado saiba, é que o outro esteja ao corrente.
    Esta conveniência matrimonial é tácita repousando, geralmente, no princípio da reciprocidade. Pode ser fruto da cobardia ou da passividade, bem como de um estoicismo sofisticado, ou desejo de salvaguardar uma aparente dignidade.

    Assim, o casamento funciona como um “emprego” que permite pagar ao fim do mês o infantário, a empregada, as prestações do carro e, enfim, o acesso a um sono tranquilo

    Se os homens só querem sexo e mais sexo, o que é que poderão querer as mulheres?
    Amor? Sem dúvida que sim!

    As mulheres querem amor mas este amor não funcionará, ele próprio, como uma espécie de desculpa para negar o papel integrante que o sexo tem nos relacionamentos da mulher?
    E esta negação não é, em si mesma, um sintoma que traduz o quanto não sabemos sobre a sexualidade das mulheres?

    Pior, muito pior... Apesar das mudanças que se têm verificado, poderá esta afirmação ser o reflexo da resistência profunda, do tabu existente contra as mulheres sexualmente contentes, as que têm sexo para seu próprio prazer?

    Será que a sexualidade feminina incomoda?

    Os homens e as mulheres estão longe de serem iguais nas questões da infidelidade.
    Acho que não se pode fugir a uma questão que depende do biológico, do hormonal.
    Em matéria de infidelidade, as diferenças existentes entre os dois sexos são condicionadas pela interacção dinâmica entre a natureza e a cultura. Se nos colocarmos neste vértice poderemos dizer que há diferenças entre homens e mulheres e que elas são qualitativas, não quantitativas.

    Vejamos algumas:

    A hormona “erótica” é a testosterona! O homem e a mulher produzem esta hormona, embora o homem tenha dez vezes mais testosterona do que a mulher. Mas este facto não faz com que o homem seja dez vezes mais infiel do que a mulher.
    Mesmo quando casados, muitos homens pensam que são livres. Mesmo que sejam solteiras, muitas mulheres consideram-se ligadas a um homem. Ainda perseguidas e maculadas pelo discurso cultural, as mulheres preferem não falar da sua sexualidade mantendo-a guardada no silêncio do segredo.
    A infidelidade pode ter um preço bem alto para a mulher – o seu casamento, o estatuto social, a custódia dos filhos ou orçamento para os sustentar.

    O contexto cultural continua a empurrar deliberadamente o homem para a infidelidade, campo eleito para demonstrações de virilidade. E ele continua a escudar-se nesta pressão cultural até porque os “custos directos” desta infidelidade são bem menores.

    Na infidelidade, homens e mulheres são vítimas do desejo. Desejo nunca satisfeito e nunca conformado com a hostilidade e a angústia inerente à condição humana. Desejo que teima em voltar ao par narcísico inicial - mãe e criança, um único ser.


    PS. - Isaias me desculpe a extensão do texto.

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  2. Mário,
    bem é verdade a distinção entre os sexos no tocante à feminilidade, que elegemos uma palavra para designar o assaltante de lares, nomeadamente o Ricardão, e não temos uma outra tão altissonante quanto esta para designar o outro lado. Resignamo-nos a chamá-la de amante, mas sem o peso literário de um Casanova, ou Dom Juan, ou o popularesco Ricardão.
    Acho que a traição é um assunto complexo que vai muito além das misturas hormonais e invade o campo cultural. Entre os índios e índias amazônicos é praxe "namorar" no mato, só se configurando traição quando o ato é perpetrado dentro da oca.
    Dizem que entre os Inuites (esquimós)é praxe o anfitrião oferecer sua mulher durante a noite ao visitante enregelado. Mesmo que as Inuites não sejam uma Scarlett Johansson, é um comportamento assustador de acordo os nossos padrões assombrados por Ricardões e amantes.

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  3. Sensacional o post, gostei do carater informativo com tom de hummor...

    De uma moral no meu blog, gostaria de sua avaliação...

    http://snowballsrpg.blogspot.com/

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  4. Pelo jeito todos os russos têm rifles. As cuecas vermelhas devem ser um último tributo ao comunismo.

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