Antigamente as pessoas tinham medo do inferno, da fome, dos
saqueadores de estrada, da guerra, da peste, etc. Hoje, solucionados os maiores
problemas de saneamento básico, alguns medos sobrevivem sob outra roupagem,
enquanto outros novos foram agregados. Assim, os Quatro Cavaleiros de
Apocalipse; Guerra, Fome Peste e Morte, ressurgem repaginados aos novos tempos.
1) Assédio de amigo de rede social do tipo “trabalhe em
casa”
Eles se espalham como erva daninha pelas infovias da
internet. Quem não tem medo das suas insistências e presenças pegajosas? Fujo
sempre e continuo fugindo!
2) Receber cantada de cartão de crédito
Tremo só de ouvir o telefone aqui de casa tocar nas horas
mais inadequadas (almoço). Invariavelmente é a moça chata do telemarketing de
voz monótona e sotaque carioca tentando me enfiar goela abaixo um cartão que
não me interessa. Aos incautos comunico que não há fórmula mágica de você se
livrar do telemarketing, a não ser sentar, respirar fundo e enfileirar um monte
de “nãos” insistentes nos momentos em que a moça para (para respirar) o metralhar da
ladainha de “ofertas irrecusáveis”.
3) Perder o último bafo
Os smartphones vieram para resolver os nossos problemas ou
criar outros maiores que não existiam? Com a crescente compulsão de checar as novidades,
duvido que a tal síndrome conectiva seja um mal menor que
justifique um bem maior. Por enquanto, prefiro desligar os meus gadgets sempre
que tenho que bater um papo cabeça com um camarada muito amigo meu (eu mesmo),
ou simplesmente vaguear a esmo sem lenço e sem documento. Você sabe o que é
isso? Experimente!
4) Prisão no trânsito
"Agitadíssimo" trânsito de Pyongyang, capital da Coréia do Norte |
Mesmo que você seja um feliz integrante da classe média e tenha
absoluta certeza de que jamais será colocado atrás das grades, por força das
benevolências do nosso código penal leniente com as classes abastadas e draconiano
com os ladrões de galinha, morre de medo de ficar preso no trânsito nosso de
cada dia. Prisão esta cada vez mais frequente e duradoura.
5) Perder dados ou a conta
O fechamento do Megaupload, maior servidor de armazenamentos
de arquivos do mundo, consubstancializa um dos maiores medos modernos: perder irreversivelmente
os traços digitais, o que equivale a perder uma parte da vida plasmada em
fotos e vídeos. O outro problema é que eventualmente as pessoas perdem a conta nas Redes Sociais, quando a vida se torna um inferno, porque elas investem ali a maior parte dos seus contatos e convívios.
6) Futuro
Planejamos, planejamos e planejamos, mas corremos o risco de
morrer na praia. Foi o depoimento que ouvi de um gerente de banco. Todo
empolgado em ganhar dinheiro e garantir um pé de meia, não se deu conta de que
a morte pode chegar subitamente. Foi o que se sucedeu à sua irmã que morava na
Europa, que morreu inesperadamente aos 41 anos vítima de um câncer fulminante.
Agora, ele descobriu que tem de viver mais o presente e o futuro à Deus
pertence.
7) Futuro dos filhos
Quem não tem filhos, costuma afirmar “que medo eu teria de
legar um mundo desses aos meus filhos!”. Pois para quem tem, o furo é mais
embaixo, uma vez que não se vislumbra possibilidade de um mundo legal para as
próximas gerações, frente ao quadro de esgotamento dos recursos naturais e todo o
blábláblá ecológico que todo mundo acha um saco.
8) Perder o celular
Se a perda de dados é um dos maiores pesadelos da vida
moderna, tudo isto pode ser “embalado” no maior de todos: o roubo ou extravio
do aparelhinho mais importante do que carteira, bolsa, roupas, óculos, relógio,
etc.
Olha que não falei do medo da morte, de perder o emprego,
idade, pobreza, doença, segurança, do desconhecido, etc., mas esses são medos
maiores e não tem espaço para caber nesta simples relação de coisinhas que nos
afligem no dia a dia.
No frigir dos ovos deveríamos nos perguntar: para quê servem
os medos, se sabemos que a maioria deles é totalmente irracional? Ora, não fora
isto, a nossa vida seria um paraíso na terra.
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