Os escritores criam comédias, dramas e tragédias, mas são as últimas que pairam acima de todas as outras. Logo, a vida oferece a rara oportunidade da representação de fato da obra máxima, quando rouba coisas e pessoas mais preciosas e nos deixa restos em forma de lembranças.
Tudo o que restou foi uma foto de família amarelada na parede diz o vovozinho, por ter perdido o bonde da história da renovação de novos círculos de relações. Poderia ele estar saltando de paraquedas a 10 mil pés, ou batalhando um lugar numa expedição ao teto do mundo no Himalaia, mas não, está lá se lamuriando pela tragédia da vida que surrupia todas as coisas de real importância e deixa no seu lugar um vasto mar de rostos indiferentes.
Qual é o interesse do Cosmocrator em nos desarraigar aos poucos de tudo o que amamos? Naturalmente, se as tragédias são as peças de maior genialidade da arte humana, certamente não poderíamos conceber o Altíssimo como um ser vingativo, mas como um escritor de primeira grandeza. E nós, seus títeres correndo atrás da morte e nos desnudando até chegarmos à exaustão da carne, cumprimos o nosso melhor papel perdendo tudo o que amamos. Para quem parte, sempre há o consolo dos novos ares e a quem fica, a certeza da danação de dar de cara com o vazio dia após dia.
Então, qual é a função cósmica da tragédia humana? Não sei, mas se elas[as tragédias] se situam nos píncaros do espírito, certamente ocupam o lugar mais nobre no coração divino – talvez o desfecho desejado seja justamente este: ao final, o ser nu, despojado de todos os liames e valores. Neste caso, o fim último das tragédias é o desnudamento absoluto diante do Real.
Seu blog é show!!!
ResponderExcluirCheguei pois procurava - bruxas torturadas!
E li seu poster - Diário de um Torturador de Bruxas da Idade Média.
Tudo isso tem que ser relembrado para que não aconteça novamente!!
Paz e Luz!!!