Fala-se muito sobre a crise, enquanto alguns dizem que ela
não passa de uma marolinha, outros tem a percepção de que é um tsunami,
contudo, poucos dominam os principais termos envolvidos no fenômeno que acaba
nos afetando de alguma maneira.
Dívida soberana = o conceito de dívida soberana é um dos
resquícios recentes do passado pré-globalizado quando o poder residia nas
nações. Sob o pressuposto da soberania da nação, um Estado pode contrair
dívidas ao longo do tempo e num determinado momento entrar em “default”, isto
é, dar um calote monumental nos agentes financeiros que compraram os títulos da
sua dívida.
Títulos da dívida pública = são os papeis que os governos
emitem para captar dinheiro no mercado. A atual crise tem a ver com as pesadas
dívidas de alguns países da zona do Euro e dos EUA e do temor que eles não tenha
capacidade para honrar seus compromissos.
Sistema financeiro mundial = durante a era agrária (a maior
parte da história da humanidade) imperava o valor ditado pela posse da terra.
Depois, com o robustecimento do comércio já na idade moderna, o foco se
deslocou para a mercadoria, quando nascia a era mercantilista. Com o aumento da
complexidade do comércio entre as nações, aos poucos a ênfase se deslocou da
mercadoria para o referencial de troca, ou seja, o dinheiro. Nascia assim a era
do financismo em que o mercado é rei, onde estamos mergulhados até hoje.
O mercado é soberano = a máxima preconizadora da auto regulação
do mercado não é tão verdadeira assim quando descobrimos estupefatos que se os
países não tivessem jogado trilhões de dólares no sistema financeiro, o capitalismo
teria ruído. Isto quer dizer que na hora de promover especulações e jogos na
bolsa na busca incessante pela maximização do lucro, o mercado é de caráter
privado e rechaça quaisquer intervenções estatais; no momento em que se torna
insolvente, ele não recusa os mimos das polpudas ajudas que os governos dão,
sob o custo da dilapidação do patrimônio dos seus povos.
Notas de risco = os investidores confiam nos vereditos das
Agências de Classificação de risco tais como a Moody’s, Fitch Ratings, Standard
& Poor’s como parâmetro de decisão dos melhores lugares para onde migrar
seus fluxos financeiros.
Commodity = é a coisa real, a mercadoria que recebe cotação
nas bolsas de valores. As commodities atendem ao princípio da oferta e
procura: quanto maior a crise, menor a procura e, consequentemente, baixam os
preços do petróleo, aço, soja, trigo, café, etc.
Bolsa de valor = é o lugar onde os preços das mercadorias (commodities)
é estabelecido com base na lei da oferta e procura e outros interesses. É o
primeiro lugar onde os efeitos danosos da crise são sentidos, pois eles só se
abatem sobre a economia real semanas, ou meses depois.
Envelhecimento da sociedade = principalmente a civilização
europeia está se ressentindo com o envelhecimento da sua população. Isto
significa menor número de braços ativos no mercado de trabalho,
concomitantemente ao aumento das despesas públicas com previdência e
assistência à saúde.
Mito do crescimento infinito = os nossos gestores públicos
foram formados sob o mito de crescimento infinito que prega a exploração dos
recursos não renováveis do planeta de maneira contínua e crescente
(desenvolvimentismo). Um dos pilares da chamada crise financeira global é o
escasseamento de recursos que começará a ocorrer proporcionalmente à diminuição
na fabricação de bens de consumo. Hoje observamos um determinado descolamento
entre a economia real e a virtual do fluxo de dinheiro, assim, na medida em que
o montante de títulos e papel moeda ultrapassa em muito a sua correspondência
em bens palpáveis, a crise se instala porque tais papeis se transformam em
simples folhas ao vento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário