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7 de out. de 2011

Glossário da crise financeira mundial


Fala-se muito sobre a crise, enquanto alguns dizem que ela não passa de uma marolinha, outros tem a percepção de que é um tsunami, contudo, poucos dominam os principais termos envolvidos no fenômeno que acaba nos afetando de alguma maneira.

Dívida soberana = o conceito de dívida soberana é um dos resquícios recentes do passado pré-globalizado quando o poder residia nas nações. Sob o pressuposto da soberania da nação, um Estado pode contrair dívidas ao longo do tempo e num determinado momento entrar em “default”, isto é, dar um calote monumental nos agentes financeiros que compraram os títulos da sua dívida.

Títulos da dívida pública = são os papeis que os governos emitem para captar dinheiro no mercado. A atual crise tem a ver com as pesadas dívidas de alguns países da zona do Euro e dos EUA e do temor que eles não tenha capacidade para honrar seus compromissos.

Sistema financeiro mundial = durante a era agrária (a maior parte da história da humanidade) imperava o valor ditado pela posse da terra. Depois, com o robustecimento do comércio já na idade moderna, o foco se deslocou para a mercadoria, quando nascia a era mercantilista. Com o aumento da complexidade do comércio entre as nações, aos poucos a ênfase se deslocou da mercadoria para o referencial de troca, ou seja, o dinheiro. Nascia assim a era do financismo em que o mercado é rei, onde estamos mergulhados até hoje.

O mercado é soberano = a máxima preconizadora da auto regulação do mercado não é tão verdadeira assim quando descobrimos estupefatos que se os países não tivessem jogado trilhões de dólares no sistema financeiro, o capitalismo teria ruído. Isto quer dizer que na hora de promover especulações e jogos na bolsa na busca incessante pela maximização do lucro, o mercado é de caráter privado e rechaça quaisquer intervenções estatais; no momento em que se torna insolvente, ele não recusa os mimos das polpudas ajudas que os governos dão, sob o custo da dilapidação do patrimônio dos seus povos.

Notas de risco = os investidores confiam nos vereditos das Agências de Classificação de risco tais como a Moody’s, Fitch Ratings, Standard & Poor’s como parâmetro de decisão dos melhores lugares para onde migrar seus fluxos financeiros.

Commodity = é a coisa real, a mercadoria que recebe cotação nas bolsas de valores. As commodities atendem ao princípio da oferta e procura: quanto maior a crise, menor a procura e, consequentemente, baixam os preços do petróleo, aço, soja, trigo, café, etc.

Bolsa de valor = é o lugar onde os preços das mercadorias (commodities) é estabelecido com base na lei da oferta e procura e outros interesses. É o primeiro lugar onde os efeitos danosos da crise são sentidos, pois eles só se abatem sobre a economia real semanas, ou meses depois.

Envelhecimento da sociedade = principalmente a civilização europeia está se ressentindo com o envelhecimento da sua população. Isto significa menor número de braços ativos no mercado de trabalho, concomitantemente ao aumento das despesas públicas com previdência e assistência à saúde.

Mito do crescimento infinito = os nossos gestores públicos foram formados sob o mito de crescimento infinito que prega a exploração dos recursos não renováveis do planeta de maneira contínua e crescente (desenvolvimentismo). Um dos pilares da chamada crise financeira global é o escasseamento de recursos que começará a ocorrer proporcionalmente à diminuição na fabricação de bens de consumo. Hoje observamos um determinado descolamento entre a economia real e a virtual do fluxo de dinheiro, assim, na medida em que o montante de títulos e papel moeda ultrapassa em muito a sua correspondência em bens palpáveis, a crise se instala porque tais papeis se transformam em simples folhas ao vento.

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