Fazer várias coisas ao mesmo tempo: a chave para se tornar um perfeito idiota |
Não entendemos porque não admiramos mais a paisagem que
escorre diante dos nossos olhos durante a viagem. É como se não houvesse mais
paisagem, só o brilho frio do pequeno display perfurando a nossa retina.
Não entendemos porque revogamos o estatuto do sono. Talvez
porque a algazarra das parafernálias eletrônicas luminosas impeçam que a
negritude da noite envolva a nossa pineal com os seus vapores anestésicos.
Aliás, atingimos mortalmente a negritude da noite e a erradicamos das cidades sob
o bombardeio pesado da iluminação feérica feita sob medida para insones (zumbis?)
virarem noite e dia semiacordados.
Não entendemos porque não conseguimos mais nos concentrar
numa música longa.
Não entendemos porque o sexo ficou tão aborrecedor. Não entendemos
porque não podemos checar as nossas mensagens durante o sexo, aliás, muitos de
nós fazemos justamente isso.
Não entendemos porque devemos aturar a longa espera de no
máximo cinco minutos antes de checar os nossos contatos, afinal, não podemos
perder os nossos referenciais com a civilização!
Não entendemos porque as relações presenciais cobram tanto a
nossa atenção, se estamos ali em carne (não em espírito).
Qual é a solução para tantos desentendimentos? Ritalina, SPA, Yoga, Tai Chi Chuan, retiro espiritual na Índia, escalar o Everest, mandar tudo às favas, dieta detox, vegetarianismo, mudança para o campo?
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