Eles e elas sobrevivem de migalhas, ou seja, se alimentam
dos restos de relações decrépitas. Logicamente, tal função sanitária,
longe de gozar de glamour social, é infamantemente condenada. Todavia, tais aves
de rapina são pessoas reais que se especializam em viver uma espécie de subvida,
mesmo que sob o fustigamento da estigmatização social.
Por vezes, eles são agredidos, abandonados e esquecidos como
se fossem personagens caricatos de historietas. Eventualmente, eles também
agridem, matam, abandonam.
Sinceramente, o outro da relação é tão pernicioso, que
quando nos deparamos com um deles perdemos o rebolado ao encará-lo, desviamos
os olhos, porque enfrentar a situação de frente é dose para mamute. Mas, no
"escurinho do cinema" das nossas conversas privadas, descascamos a
vida dessa gente infeliz, que transforma a vida de muita gente num inferno.
Podemos até admitir que o outro tem boas intenções, sonha
com uma vida melhor, é um ser humano como qualquer outro, etc., mas os que
caíram fulminados na sua trilha de destruição familiar não conseguem ser tão
condescendentes. Como o nosso código penal não contempla crimes morais, resta-nos
a guerra de guerrilha da não aceitação dessa forma terrível de rapinagem
afetiva.
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