6 de jul. de 2011
O gato mais infeliz deste inverno.
A história é curiosa*: era uma vez dois gatos brancos foram adotados aqui no sítio. Depois que se tornaram adolescentes, como todo o bom gato, eles acabaram migrando para a casa que dava mais comida, ou seja, a casa da sogra. Um tinha olhos azuis e outro, verdes, mas infelizmente, o de olhos azuis acabou atropelando um carro apressado na estrada e veio a falecer.
Enquanto ele viveu, os gatos brancos continuaram lépidos e faceiros, até que um dos moradores do nosso condomínio resolveu comprar um "gato" filhote numa loja renomada. Ao sabor do andar da carruagem e do crescimento do pequeno, notamos que ele era muito amigável com todas as pessoas, indistintamente, melhor ainda, meu sogro exclamou que o gato era um bom camarada. Como este mesmo sogro contara algo sobre um tal Dr. Rosinha que era muito dado e bonachão, resolvi batizar o gato com o mesmo nome, em homenagem ao bom doutor e ao fato de que o gatinho era cor de rosa, conforme você pode ver no vídeo “dele” quando era bem pequeno.
Todavia, a definição de gênero não era exatamente o que se supunha, pois o Dr. Rosinha se revelou uma senhorita com o passar do tempo, mas o nome perdurou, em parte por ironia e em parte porque parecia um médico de interior indo distribuir os seus agradinhos fagueiros de porta em porta.
Quando a tendência sexual finalmente foi revelada (para nós, pois para os gatos isto nunca foi surpresa), eles se enturmaram e formaram uma camarilha de três, sempre inseparavelmente juntos: os dois brancos e o Dr. Rosinha, impossíveis nas travessuras. Na foto, o Dr. Rosinha aparece na minha porta, já entrado na adolescência e devidamente escoltado pelos seus dois fieis escudeiros.
Depois do trágico passamento do olhos azuis, os laços entre o olhos amarelos e o Dr. Rosinha se estreitaram ainda mais, tanto que a minha mulher exclamou: o “Branco” é a sombra do Dr. Rosinha! - isto porque, como sobreviveu somente um dos gatos brancos, obviamente o sobrevivente passou a ser chamado laconicamente de Branco, o que não deixa de ser ironia; uma coisa branca a fazer o papel de sombra.
Mas, como a vida é uma tragédia monumental e devido à natureza ultra movimentada da noite dos gatos, o Branco, o Dr. Rosinha, mais o Loiro, a Tchutchu e não sei quantos outros felinos, faziam a maior serenata de amores e ódios sob os maus humores das janelas erradas. Não deu em outra, o Dr. Rosinha foi transferido compulsoriamente para outra freguesia.
A coisa se deu de maneira sub-reptícia, sem que ninguém tenha nos enviado e-mail, ou Tweet. Simplesmente, num dia destes, chuvoso e com temperatura congelante, foi até à casa da sogra com uma câmera na mão na esperança de registrar o que seria o alegre convívio entre os animais, no compartilhamento do calor em suas caixas de papelão forradas de aconchegantes almofadas de lã(caprichosamente disponibilizados pela sogra).
Qual não foi a minha surpresa, quando cheguei lá e me deparei apenas com este infeliz do Branco(1ª foto da página), sozinho e entregue à melancolia da falta que eu ainda não sabia!!! Talvez seus olhos tenham me transmitido toda a sua desdita, mas como não entendo de telepatia felina, achei que o Dr. Rosinha havia sido recolhida para a sua casa, como usualmente acontecia quando os seus donos ficavam nos fins de semana.
Dias mais tarde, perguntando aqui e ali, me deparei com histórias desencontradas e uma certeza: o Dr. Rosinha havia sido transferida para o remoto distrito de Santo Antoninho, onde espero que o bom santo cuide melhor da sua sorte. Enquanto isto, o Branco continua aqui macambúzio e choraminguento. Por isto, agora me lembro, quando chamei os gatos para dar restos de carne de ovelha, que o Dr. Rosinha adorava e vinha correndo, e todo o resto detesta, o Branco desabou depressa, na vã esperança de que aquele chamado trouxesse a sua bem amada. Ledo engano, pois ao que tudo indica, este inverno será longo, frio... e tenebrosamente solitário.
*Quem não acredita que os animais possuam inteligência emocional é no mínimo um sujeito “desanimalizado”.
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Legal a história... =)
ResponderExcluirSó quem nunca teve um animal de estimação para achar que eles não tem sentimentos...
ResponderExcluirAqui em casa aconteceu um caso inusitado envolvendo gatos:
Soltaram na esquina dois filhotes lindos de olhos azuis e cauda tigrada com aparência de gato Siamês,e uma gata nossa que nunca teve filhotes e é castrada os adotou. Não bastasse isso, uma outra gata castrada começou a cuidar dos gatos também. As duas ficaram num impasse, mas a primeira acabou com as mamas todas machucadas, parecia que nem sobreviveria[sobreviveu] e a segunda ficou com posto de única mãe adotiva. Há dois meses ela os desmamou e por incrível que pareça ainda assim cuida deles e os chama com aquele miadinho de ''mãe''. Os três são muito unidos.
E já tive uma cachorra Poodle que era a melhor amiga de um gato. Os dois passavam horas brincando...Era uma cachorra muito amorosa e adorava cuidar de filhotes alheios. Certa vez ela estava doentinha e nada a animava. Levei-a ao veterinário que atendia numa casa agropecuária e resolvi comprar dois pintinhos para tentar arribá-la. Foi um santo remédio. Ela na mesma hora começou a cuidar deles e se deixou alimentar...no outro dia estava toda serelepe...
Oi Isaías!
ResponderExcluirPenso que irão gostar deste vídeo: tastelikepizza.com/item/2011/05/fum--gebra
Abraço
Giordana
Muito legal, gato e coruja amigos! No começo você se surpreende porque pensa que o gato está tentando caçar a coruja.
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