Mesmo que a depressão seja a doença do século, as pessoas se
equivocam com os seus sintomas, pois tendem a confundir estados passageiros de
acabrunhamento e tristeza com depressão. No intuito de dirimir a dúvida crucial
que paira sobre o reconhecimento da depressão, vamos a uma perguntinha interessante
publicada no Yahoo!Respostas:
O que fazer para
espantar a preguiça e o desânimo de uma pessoa que conheço e não consegue fazer
nada?
Falo para a minha irmã
fazer as coisas, para o bem dela, se cuidar, procurar um emprego, arrumar as
coisas dela, a casa, sair mais, arranjar namorado novo, fazer mais amigos,
estudar um curso, etc., mas ela diz que não tem ânimo para nada, que é tudo
muito complicado para ela e não faz nada o dia todo. Eu sei como é ter
preguiça, eu também tenho às vezes, mas faço um monte de coisas durante o dia,
mesmo achado complicado. Porém, a preguiça dela é muito grande e não é
depressão, porque ela diz que se sente alegre, bem. Ela tem 29 anos e queria
saber se tem alguma mentalização para fazer a pessoa não ter preguiça, algum
conselho que eu possa dar a ela que resolva, porque ela me pediu ajuda, mas não
sei como ajudar uma pessoa muito preguiçosa. Isto é um problema psicológico? O
que fazer?
Ora, o fato de uma pessoa se sentir “alegre e bem” não
significa que ela não tenha depressão. Quem disse que o depressivo precisa se
sentir necessariamente triste? Pode até ser uma pessoa bonachona e
aparentemente despreocupada, mas que não consegue tocar a suas coisas na vida,
não consegue estudar, encarar um emprego, enfrentar desafios, realizar
projetos, estancar a compulsão alimentar, resolver a insônia, etc.
Como você pode notar, o mote da pergunta gira em torno do
termo “preguiça”, um substantivo bastante pejorativo de reconhecimento, que se por um lado exime o paciente da doença, por outro carimba na sua testa a “falta de vontade”. Assim,
todos os elementos da depressão clínica foram elencados no texto, inclusive a
rejeição social que “desdoentiza” a depressão e a transforma num assunto concernente
à livre vontade, como se todos achassem que a dor de cabeça é algo que as
pessoas sofrem porque não tem vontade de lutar contra ela.
Assim como ninguém é obrigado a padecer o resto da vida de dor
de cabeça, a depressão também não pode ser atribuída exclusivamente à
relapsidão das pessoas. Certamente os pacientes hesitam em procurar ajuda
médica porque ninguém se sente confortável em enfrentar o tabu da doença
mental, quando então o processo vira um círculo vicioso de tentativas de melhora mediante a mentalização de novas atitudes, seguidas de recaídas na
compulsão alimentar, desistência dos projetos, falta de perspectiva de vida,
apatia afetiva, etc.
Logo, mesmo que você se sinta alegre e bem, mas apresenta os
sintomas relatados na pergunta acima, não adianta tapar o sol com a peneira; procure
ajuda psiquiátrica o mais depressa possível, só assim você descobrirá quanto
tempo foi perdido.
Me sinto exatamente assim... Ao mesmo tempo q sei q preciso mudar, isto parece uma missão impossível... O pior de tudo é q tenho um bebê para criar... se não fosse por ele........
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