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27 de nov. de 2011

Termos técnicos em inglês que você deve saber antes de comprar um piano importado



Recentemente, quando passei pelo processo de compra do nosso 1º piano de cauda, a maior dificuldade foi tentar entender as especificações em inglês e os termos técnicos empregados nos fóruns internacionais sobre pianos. Passado o perrengue e depois de ter traduzido os principais termos usados globalmente, acho oportuno compartilhar com os que enfrentam o mesmo problema e estão a ponto de comprar um piano importado novo, sem ter certeza se estão comprando gato por lebre.

Agrafes – Agraffes:
são pequenas peças de bronze dotadas de 1 a 3 furos que servem como espaçador das cordas, posicionadas logo depois das cravelhas de afinação.


Dica na hora da compra: Os pianos dotados de Agrafes são considerados de melhor qualidade porque tais dispositivos permitem que as cordas fiquem perfeitamente posicionadas e rigidamente espaçadas.

Dupla Escalada – Duplex Scaling:
sistema originalmente desenvolvido pela Steinway, que consiste no posicionamento de pequenas pirâmides metálicas posicionadas entre o pino da chapa (harpa) e os espaçadores inferiores. É uma forma engenhosa criada com o objetivo de aumentar a qualidade do som e melhorar a sustentação.


Dica na hora da compra: este recurso representa um diferencial nos pianos pequenos de ¼ de cauda (menos de 160 cm de comprimento), já que qualquer acréscimo na ressonância original é importante neste tamanho de instrumento.

Chapa ou Harpa ou Harpão – Cast Iron Frame (or plate):
a pressão exercida pelas cordas sobre a estrutura do piano é de aproximadamente 23 toneladas. Não obstante ter conferido resistência estrutural, a chapa metálica é um ingrediente a mais a interferir na qualidade do som. Assim, ao longo dos anos da história do piano, os artesãos se esmeraram em produzir uma peça que tivesse a forma e a massa ideais para interferir minimamente na sonoridade do instrumento. Atualmente, as chapas dos pianos modernos são extremamente parecidas porque são todas descendentes do mesmo modelo Steinway, a marca que criou o primeiro piano chamado erroneamente de “cepo de aço”, ou seja, dotado de suporte de cordas confeccionado inteiramente em ferro fundido.


Dica na hora da compra: há dois sistemas de fundição da chapa, um segue o processo antigo “Wet Sand Cast Plate”  (fundição em molde de areia) e outro, modernamente desenvolvido pela Yamaha chamado de “Vacuum Shield Mold Process [V-Pro] plate”. No primeiro, a aparência da Harpa é mais rústica e no segundo, o acabamento obtido é perfeito. Quanto à sonoridade, talvez isso explique o viés metálico no timbre dos pianos Yamaha, apreciado por uns e detestado por outros.

Pontes, Cavaletes, Baralhos – Bridges:
peça-chave da estrutura que transmite o som das cordas para a tábua harmônica. São feitos de madeira dura, colados e parafusados na tábua, na sua superfície há os pinos separadores pregados numa camada de grafite (que facilita o deslizamento das cordas durante a afinação). Caso as pontes estejam demasiadamente pressionadas, favorece a sustentação, mas diminui o volume sonoro, do contrário, a sonoridade aumenta em detrimento da sustentação.

Dica na hora da compra: nos pianos importados, é desejável que as pontes (para os grupos de notas graves e agudas) sejam confeccionadas em Maple (Bordo).

Baralhos, Leques ou Ripas – Ribs:
são tiras de madeira coladas na parte de trás da tábua harmônica, posicionadas perpendicularmente às fibras da madeira. Como elas auxiliam na transmissão das vibrações através da madeira e mantém a coroa (curvatura) “crown” da tábua harmônica, são peças extremamente vitais localizadas na alma do piano.


Dica na hora da compra: principalmente nos pianos usados, dê uma boa olhada na traseira do piano para conferir o estado das ripas. Se você verificar trinca, descolamento, perfuração de cupim, o melhor a fazer é descartar a compra. O curioso é que raramente os vendedores de piano franqueiam aos compradores a visão de trás do piano de armário. Quanto aos pianos de cauda, vale a pena você se dar ao luxo de se deitar em baixo do instrumento e inspecionar cuidadosamente com olhos e mãos todos os detalhes da madeira, pois talvez venha a economizar milhares de reais ao evitar comprar um piano bichado.

Tábua ou Tampa Harmônica – Soundboard:
esta peça é o coração do piano e a sua razão de existir. Ela consiste numa série de ripas de madeira de fibras longas de árvores da família dos pinheiros, coladas entre si até formar uma prancha. A tábua harmônica desempenha a mesma função da membrana do alto-falante e define a característica sonora de um determinado piano, a impressão digital que o diferencia de todos os outros.


Dica na hora da compra: preste atenção ao tipo de madeira de que a tábua harmônica e feita. As consideradas melhores do mundo para este fim são o Abeto (Spruce) proveniente do Canadá, melhor ainda, as tábuas harmônicas originárias da Itália.
Observe a textura da prancha, quanto mais lisa e clara e com o verniz em perfeitas condições, melhor ela soará.
Problemas que podem ocorrer: se ela apresenta problemas, você não terá um piano, mas um abacaxi, pois a troca da tábua harmônica, apesar de ser tecnicamente possível, é economicamente inviável. Os problemas mais comuns são rachaduras e trincas que podem acontecer devido ao transporte mal feito, variações térmicas bruscas no ambiente, excesso de umidade, etc. Outro grande transtorno é o ataque de cupins, isto sim um problema realmente insolúvel determinante da morte do piano. O último problema tem a ver com a perda da coroa (crown), curvatura que a tábua harmônica deve ter para poder amplificar as vibrações emitidas pelas cordas.
Lembrança importante: se você é daqueles que na hora da compra sonha com um piano de barbada, saiba que por trás desses negócios da china pode se esconder uma tábua harmônica trincada e/ou com coroamento comprometido.

Martelos – Hammers:
Martelos de qualidade duvidosa versus martelos de qualidade excelente.
responsáveis pelo tom do piano porque são eles que tangem as notas. A sua regulagem se chama entonação (voicing).

Dica na hora da compra: inspecione os martelos para ver se eles estão desalinhados, roídos por traças, desgastados ou sujos. Apesar da troca dos martelos não ser incomum num piano, é dispendiosa e deveria ser evitada a curto prazo no momento da escolha de um piano usado.
Observe se os martelos são de boa procedência. Os melhores martelos do mundo são os alemães Abel e Renner, e o japonês Imadegawa. Evite comprar um piano equipados com martelos sem revestimento interno (fina camada de feltro colorido vermelho ou verde que observável entre a madeira e o feltro branco principal), pois eles têm a tendência de não reter por muito tempo a entonação, conforme apontado neste artigo comparativo entre o piano Yamaha GB1 e o Wendl and Lung, conforme foto comparativa acima.

Cepo – Pinblock:
Note que a Harpa será instalada em cima do cepo.
é o bloco de madeira onde são fincadas as cravelhas. Ele se localiza embaixo da chapa. Como um pedaço maciço de madeira não teria resistência estrutural suficiente para manter o aperto das cordas, o cepo é constituído de várias lâminas justapostas e coladas.

Dica na hora da compra: esta é a peça fundamental que vai determinar se o seu piano irá aguentar afinação ou não. Você pode identificar se o piano sustentará a afinação examinando atentamente alguns sinais – caso as cravelhas estejam inclinadas, é sinal de que há folga irrecuperável. Se as três voltas e meia da corda em volta da cravelha estão tocando a chapa, é sintoma de que não há mais ajuste possível.

Mecanismo ou máquina – Action:
Mecanismo Renner alemão, considerado o melhor do mundo.
é o maquinário que transmite a força dos dedos do pianista às cordas. Às vezes é tido como o coração do piano, pois é o elemento de interação direta com o intérprete. A grande diferença entre pianos de cauda e verticais reside justamente na forma como as suas máquinas são concebidas. Enquanto nos horizontais os martelos e abafadores funcionam graças à força da gravidade, conferindo com isto muito maior agilidade e precisão, nos verticais os martelos retornam à posição inicial pela ação de molas, o que torna o mecanismo bem menos responsivo e sensível a sutilezas dinâmicas.

Dica na hora da compra: principalmente nos pianos usados, deve ser feita uma boa análise do estado do mecanismo, ruídos nas teclas, teclas trancadas, estado dos feltros e camurças, etc.

Pequeno glossário dos vários tipos de madeira mencionadas nas especificações dos fabricantes de piano importados:
Abeto - Spruce: madeira família dos pinheiros usada para confecção da tábua harmônica, ripas e até no gabinete dos pianos de cauda. As tábuas harmônicas dos pianos brasileiros são feitas de araucária.
Faia – Beech: madeira usada principalmente no teclado
Bordo – Maple: madeira usada no cepo e pontes

Referências:
Conheça mais o piano

2 comentários:

  1. Excepcional seu blog! Estou nesse processo de aprendizado que antecede a compra, e preciso entender muito antes de adquirir meu piano de calda. Se possível, gostaria que você informasse se você fez importação do produto, ou comprou por aqui, pois estou pensando em comprar fora do Brasil e não sei se a burocracia/impostos constituirão grande empecilho. Grata, Shirley Monroy

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    1. Optamos pela compra de um piano importado pela via da rede de lojas Milsons. Na minha opinião, sobre instrumentos musicais não deveria incidir impostos, mas parece que não é o que acontece.

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