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21 de ago. de 2011

Por que a evolução dos carros nunca se comparou à dos computadores?

Foto SEXYgadgets
Se os carros tivessem seguido a mesma linha evolutiva dos computadores, um litro de combustível seria suficiente para atender à demanda da Inglaterra por um ano. Assim, as reservas de petróleo teriam a mesma duração do sistema solar. Ou seja, teríamos petróleo sobrando se a eficiência energética dos automóveis tivesse seguido na mesma proporção experimentada pelos computadores.

De acordo com Steve Furber, engenheiro de computação da Universidade de Manchester, numa aula proferida por ocasião do 60º aniversário do computador Baby construído em 1948, ele declarou que os computadores atualmente são 50 bilhões de vezes energeticamente mais eficientes do que o Baby, que pesava uma tonelada e ocupava uma sala inteira e é considerado o conceito antecessor dos computadores atuais*.

Hoje, entramos num novo paradigma em que a eficiência energética dos computadores pode ser um pouco copiada pelos carros. Trata-se dos carros elétricos, que ostentam aproveitamentos superiores a 67% de eficiência, ao contrário dos seus congêneres queimadores de combustíveis fósseis que transformam no máximo 13% da energia consumida em propulsão.

A dúvida que surge diante do aparecimento dos primeiros veículos elétricos produzidos em série é se há energia elétrica suficiente no mundo para abastecer a frota que só tenderá a crescer nos próximos anos. Coincidentemente, a Revista Ciência Hoje nº 284** publicou uma resposta na sua seção “o leitor pergunta” que esclarece a questão:
- Se os carros elétricos fossem viáveis no Brasil, haveria hoje disponibilidade energética suficiente para abastecê-los?
R: Quer queiramos ou não, eles começam a se espalhar pelo mundo e cedo ou tarde chegarão ao Brasil. Justamente aqui são produzidos cerca de 3 milhões de veículos novos por ano e sabe-se que o brasileiro roda em média 60 km por dia. Com a tecnologia atual, um veiculo elétrico percorre até 120 km com uma bateria que consome 20 kWh e o consumo seria de aproximadamente 10 kWh. Se 100% dos veículos novos produzidos fossem elétricos, haveria um aumento de 12,37 TWh no consumo de energia. Em 2008, o consumo total de energia no Brasil foi de 384,46 TWh. Assim, diante do hipotético cenário em que se trocasse toda a frota atual por carros elétricos, o aumento de consumo seria da ordem de 3,22%, ou seja, uma ninharia.

Como é impossível trocar instantaneamente toda a frota de automóveis movidos à combustão, podemos supor que a frota de carros elétricos cresceria 10% abocanhando a frota atual, o que aumentaria em 0,32% a demanda por energia elétrica, o que convenhamos, qualquer investimento mínimo no setor energético poderá suprir as novas necessidades advindas do transporte.

Apesar das inúmeras vantagens do carro elétrico, o Brasil vai continuar nos próximos anos atolado no programa do álcool e infestado pelo pesadelo dos carros FLEX, que com seus motores gastadores faz os motoristas brasileiros de bobos.

A ausência dos carros elétricos das nossas ruas pode ser entendida pela corrupção vigente nas altas esferas federais e na leniência de políticos eterna e exclusivamente preocupados com as próximas eleições. Assim, os obstáculos no caminho do carro elétrico interpostos pela idiotice tipicamente brasileira podem ser acompanhados nesta reportagem: Carro elétrico terá caminho longo e difícil até chegar ao Brasil

Todavia, como a burrice não tem genética exclusivamente brasileira, os americanos também cometem das suas, tudo para preservar a boa saúde das empresas petrolíferas. Entenda no documentário abaixo (dividido em 9 partes no Youtube) porque um belo modelo de carro elétrico surgido em 1996 foi barbaramente assassinado nos EUA em nome do american way of life.
Quem matou o carro elétrico?


Referências:
*If Cars Were Computers...
**Ciência Hoje Edição 284.

Um comentário:

  1. O brasileiro ainda tem algum receio com o carro elétrico em função da segurança energética brasileira não ser levada a sério, como pôde ser constatado na época do "apagão". Tudo bem que a principal matriz energética brasileira é considerada "limpa", mas sem uma integração maior com outras fontes que possam manter alguma estabilidade no fornecimento durante situações críticas fica sempre a margem para temores...

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