Em 1976, uma revista chamada “Computer Journal” comemorou o seu 25º aniversario e como ela tratava do tema hardware desde 1951, decidiu convocar dois grandes especialistas da época para fazer algumas previsões para o início do século XXI: o co-fundador da Intel Robert Noyce e John Bremer, o diretor da Honeywell, a empresa criadora do primeiro computador eletrônico do mundo, o ENIAC.
Dez anos antes, em 1966, dificilmente alguém poderia ter previsto extrema vulgarização dos calculadores eletrônicos. Atualmente as dificuldades na futurologia continuam as mesmas, já que é impossível ter certeza absoluta sobre o direcionamento que a tecnologia digital vai tomar daqui a duas décadas.
A escala de preços vigorantes nos primórdios dos produtos microcomputacionais equivalia ao custo de um automóvel. Hoje se fala em computadores de 10 dólares e gadgets digitais cada vez mais integrados ao corpo, não apenas como roupa eletrônica, mas como implantes intradérmicos. Portanto, o futuro é uma caixa de surpresas que guarda uma pálida semelhança com o que pensamos hoje e, por menor que seja, há uma pequena dose de realidade, assim como aconteceu com as previsões de 1976.
Noyce (morto em 1990) pensou assim o futuro da computação para 2001:
- As pessoas poderão compor e tocar sinfonias, óperas e filmes em computadores.
(Ficamos com o item “tocar” coisas nos computadores, já que as composições automatizadas via computador têm a qualidade incrivelmente ruim da música eletrônica e do funk.)
- O uso de impressoras automatizadas vai substituir o serviço postal, uma vez que, quando o emitente terminar de digitar a sua carta, automaticamente a impressora do destinatário vai recebê-la e imprimi-la.
(Realmente, o envio de cartas via correios é quase uma prática extinta, a não ser para envio dos últimos documentos que ainda não podem ser digitalizados.)
- Qualquer um poderá ter acesso a bibliotecas do mundo inteiro sentado na sua poltrona e pesquisar qualquer assunto à vontade.
(Com um pouco mais de imaginação, o cara teria previsto o Yahoo e mais tarde, o Google.)
- A tecnologia dos computadores devolverá a vista aos cegos.
(Ainda não é realidade, mas o primeiro “olho biônico” já existe, mas é ainda tem resolução tosca de 256 pixels e profundidade de cor de 1 bit, preto e branco.)
- A ampliação da inteligência humana será uma consequência natural do uso dos computadores.
(Alguns especialistas estabelecem correlações entre o uso de computadores e o aumento da capacidade lógico-matemática em seus usuários.)
John Bremer, viu assim a computação do 3º milênio:
- Tanto a manutenção automática e remota, como a capacidade de rodar rotinas de auto-diagnóstico serão recursos corriqueiros nos computadores do futuro.
(Quando você liga o seus computador, ele roda os “diagnósticos de POST”, que é a realização de uma das profecias de John Bremer. A capacidade de autoreparação ainda pertence ao ramo da ficção científica, como no vide filme Alien, o 8º Passageiro.)
- Processadores dedicados e especializados serão comuns, assim como os processamentos remoto e local.
(Não podemos esquecer que os primeiros computadores tinham “terminais burros”.)
A Interface de entrada e saída de dados por comandos de voz será um lugar comum.
(Ainda hoje isto está engatinhando, mas a tecnologia pretende chegar lá.)
Visualização de dados através de tubos CRTs, telas de plasma, ou alguma forma avançada de telas de cristal líquido.
(Santa visão Batman! Feita no tempo em que os monitores ainda não tinham sido introduzidos nos centros de processamento de dados, esta profecia foi um belo gol dentro!)
- O multiprocessamento será norma. Grandes e médios sistemas computacionais terão processadores dedicados para comunicações, bancos de dados, cálculos, etc.
(Esta previsão se confirmou inteiramente e a tendência é a sua radicalização – prevê-se para um futuro próximo a desintegração do paradigma atual do Desktop e Notebook. Os Iphones, papéis digitais, medicina tecnológica e massificação computacional em ambiente doméstico e pessoal sugerem um caminho.)
- Fitas magnéticas serão muito comuns e terão densidade magnética capaz de armazenar grandes quantidades de dados.
(Apesar do prazo de validade desta previsão ter vencido há anos, não podemos esquecer que em 1976 o único meio de armazenamento de dados era as fitas magnéticas, daquelas que se vê na batcaverna do seriado televisivo de Batman da década de 60.)
Apesar de Noyce e Bremer não terem previsto o advento da WEB, ambos anteviram o futuro de microprocessadores baratos e poderosos capazes de mudar radicalmente todo o estilo dos habitantes do amanhã. Os articulistas do “Computer Jounal” de 1976 deram os devidos créditos ao visionário computador HAL de 2001 Uma Odisséia no Espaço, concebido em 1968.
Fonte:
Computer predictions, circa 1976.
Link relacionado:
Como os computadores atuais seriam se as previsões de 50 anos atrás tivessem se confirmado?
A Web foi prevista por Arthur C. Clark no citado livro "Odisséia no Espaço".
ResponderExcluirNo livro ele descrevia um sistema onde se poderia acionar as notícias do jornal a partir da página principal e com um comando para voltar.
Muito próximo do que vemos hoje nos portais.
Na primeira questão eles estavam certos. Grande parte das trilhas sonoras e vinhetas que ouvimos hoje em dia são compostas por pessoas mas os sons são todos gerados pelo computador. Uma só pessoa pode compor uma sinfonia sem precisar dos músicos. Isso é comum nos dias de hoje. Não é só funk e música eletrônica.
ResponderExcluirsó uma curiosidade...o nome computador HAL, de "2001 - uma odisseia no espaço" é com um "L" só. As letras H A L fornam escolhidas por precederem as letras I B M ( International Business Machines, empesa na area de infomatica )no alfabeto.
ResponderExcluirConcertado o erro!
ResponderExcluirBem lembrado sobre o Arthur C. Clark, o cara foi um gênio visionário.
Agora, quanto a gerar música com computador, pelo menos com a música de altíssimo nível isto não funciona. O processo de sampleamento ainda é muito tosco porque corta muitos sons harmônicos. Ainda não foi possível nem chegar aos pés do som emitido pelos instrumentos acústicos.
(Ficamos com o item “tocar” coisas nos computadores, já que as composições automatizadas via computador têm a qualidade incrivelmente ruim da música eletrônica e do funk.)
ResponderExcluirCaso não saiba, 100% da música que vc ouve hj passa por um computador, inclusive instrumentos orgânicos são emulados com alta fidelizade.
Hoje qualquer um pode sim tocar qualquer instrumento pelo computador, sem nem ao menos ser músico.
A previsão estava certa sim.
"Incrivelmente" infeliz é comparar a música eletrônica ao funk. Seria como comparar trufas a fezes. A música eletrônica e todas as suas vertentes é o estilo musical mais rico e diversificado de todos no planeta, é o que mais abrange nuances e vertentes, já o funk, é um sub-produto da juventude alienada e com acesso ZERO a cultura e educação, e que muito se assemelha as supra-citadas "fezes".
ResponderExcluirEm tempo: a grafia correta em "Concertado o erro..." (sic) seria CONSERTADO o erro.
Feitas as ressalvas, gostaria de elogiar o artigo.
Não posso deixar de fazer meus comentários:
ResponderExcluirQuem já ouviu um Kurzweil sabe que é quase impossível ao ouvido humano distingui-lo de um instrumento acústico convencional. E isso é tecnologia da década de 80! Não podemos usar como base de comparação os sons de joguinhos (alguns muito bos, por sinal) ou teclados "made in china (esses sim, muito ruins). Portanto, sim, é possível música de excelente qualidade usando computadores.
Em seu livro "As Fontes do Paraiso", Arthur C. Clarke chama a internet de "Aristóteles". Só que aristóteles era um grande "mainframe" centralizado, e não a "computação em nuvem" que temos hoje. Mas não deixa de ser uma antevisão. É pena que em um trecho do livro, Clarke menciona buscas complexas realizadas em poucas "horas". Ele nem imaginava na época o Google.
Moral da história: vamos deixar as profecias para os profetas.
http://gilvan.apolonio.com.br
Gilvan,
ResponderExcluirQualquer ouvido minimamente treinado distingue sons sampleados de acústicos e te dou uma dica, os dispositivos de gravação não conseguem captar todos os sons harmônicos, e é tal pobreza que denuncia a origem eletrônica.
Por isso, há entre os bons músicos populares a tendência de voltar aos instrumentos acústicos, por serem muito mais ricos e expressivos.
Eu estudo piano e não há comparações entre um piano "de verdade" com outro sampleado, é como se fossem de planetas diferentes.
Dados ainda são gravados em fitas magnéticas de alta densidade sim!
ResponderExcluirAliás um bom exemplo é uma FITA mini-dv que por acaso existem duas na minha frente. Servidores usam fitas DAT, essas fitas são de altíssima densidade, apesar de serem lentas na gravação são muito seguras e são muito utilizadas em mainframes.