7 de mai. de 2009
Enquanto o Geocities morre, o Yahoo agoniza.
Mais uma vez se confirma a sina do mundo digital que condena todas as coisas à obsolescência inexorável. O ano de 2009 marca o fim do primeiro hosting gratuito de armazenamento de conteúdo, depois de apenas 15 anos de vida.
Enquanto quinze anos para a Internet é paleontologia pura, para o mundo real é um piscar de olhos. Livros de 15 anos atrás são considerados novos, mas Homepages de 1994 são da idade da pedra. De lá para cá a Internet mudou e os 3,5 milhões de páginas uma vez foram abrigadas pelo Geocities se tornaram uma gota no oceano. Todavia, uma coisa não mudou: a rede insiste em não ter memória, pois depous que foi comprado pelo Yahoo em 1999, muitas vizinhanças do Geocities foram silenciosamente apagadas.
Ao ensejo da decretação de morte da história da Internet sob o machado do Yahoo, forçosamente me lembro de outra queima famosa na história, a Biblioteca de Alexandria destruida acidentalmente por Júlio César no ano de 646.
Se o incêndio da biblioteca de Alexandria marcou o fim definitivo da era antiga, o que representa para a nossa época o apagamento massivo de milhões de páginas? Muitos dos autores precursores das primeiras páginas morreram, perderam as senhas, ou se retiraram das infovias, o que determinará a perda de toda a primeira geração de produções intelectuais internéticas.
Minhas primeiras pesquisas na Internet foram feitas através do Yahoo, ele foi a minha página inicial e o seu email se tornou mais tarde uma referência. Nesta época, o Google nascia num acanhado endereço eletrônico aninhado no domínio da universidade de Stanford.
O que aconteceu com a empresa que praticamente inventou a Internet? Do início da década de 90 até agora, muita água correu por baixo desta ponte. Enquanto a Web se abriu, o Yahoo se fechou e tem radicalizado ainda mais o processo.
Um fato que ilustra esta tendência foi o grande estardalhaço por ocasião do lançamento do Yahoo!Posts em meados do ano passado. Um novo serviço do Yahoo que tinha tudo para jogar visibilidade na blogosfera lusófona. Certo? Errado! Desde que foi lançado em agosto de 2008, o projeto Yahoo!Posts vem se enfraquecendo em virtude da sua filosofia: cento e poucos Blogs, que apesar de excelentes, se alternam na página principal, escamoteando dos leitores a variabilidade essencial neste tipo negócio. Através dos sites que medem rankings é possível constatar o declínio e aquilatar o tamanho da rejeição dos leitores.
O patético Porta Arquivos, que morreu em março deste ano e oferecia inacreditáveis 30 Mb, não se reciclou e acabou assim, pequeno, raquítico e esquecido.
O Yahoo!Respostas continua não se sabe até quando, usado principalmente por usuários pré-internéticos que não ainda não aprenderam a procurar suas informações no Google e por colegiais ociosos à procura de babacas que façam seus trabalhos escolares.
O buscador do Yahoo sempre se orientou pela filosofia da economia de resultados. Para chegar ao suprassumo do espartanismo, ele tem recorrido à vagabundagem na indexação de sites e blogs. O meu blog recebe religiosamente a média de 8,6 visitas únicas por dia enviadas pelo buscador do Yahoo ao longo do mês, um resultado miserável para o 2º maior mecanismo de pesquisa do mundo.
Apesar da economia de resultados, o Yahoo é incrivelmente ruim em relação à temática dos termos pesquisados. Assim, a precária indexação feita pelos bots do Yahoo se reflete na aleatoriedade dos resultados, ou seja, mesmo mirrados, não deixam de ser ricos em lixo.
Finalmente, é forçoso concluir que, se tudo continuar neste ritmo, o próprio Yahoo está indo para o ralo à medida em que seus vários rebentos vão sendo estirpados. Um 1 ano após o presidente Jerry Yang ter recusado a proposta de venda do Yahoo à Microsoft por 47,5 bilhões de dólares, já se pode suspeitar que este negócio é um sério candidato a ganhar o título de pior do milênio!
A pergunta final é: quem ainda usa o Yahoo? Eu uso, o excelente Flickr, dou meus pitacos no Yahoo!Respostas, consulto regularmente o Yahoo!Posts e pesquiso amiúde no Yahoo Imagens. Pela minha parte torço para que continuemos tendo outras opções na Internet, pois quando o Google se apossar do universo, todos nós sairemos perdendo.
Por: Isaias Malta.
Links relacionados
Saudosa memória do Geocities [Guravehaato]
Grupo pretende salvar páginas do Geocities. [Imasters]
Yahoo anuncia o fim do Geocities. [Idgnow]
A queima da Biblioteca de Alexandria. [Wikipédia]
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Quando o Google se apossar do universo, todos nós sairemos perdendo.É uma grande verdade, pois monopólio nunca é bom, mesmo que seja do todo-poderoso Google.
ResponderExcluirAbraços
Espero que o Y! morra o quanto antes. Eles são ditadores. Não posso fazer críticas aos outros e nem à equipe do yahoo respostas. Outro dia, por exemplo, perguntei se o Silveira Bueno era racista, pois no dicionário dele(26ª edição) consta a descrição de "catinga": s.f. Cheiro forte e desagradável que se exala do corpo humano, sobretudo nos negros; fartum, bodum. Var. de caatinga.
ResponderExcluirMinha pergunta foi excluída. Cadê o direito de se perguntar o que se quiser?? Aliás, vou perguntar de novo e deixar implícito a palavra "racista".
Outro ponto é o despreparo do suporte ao usuário no Y! Mail. Todos lá parecem seguir um script. O que não constar nele, respondem que será "avaliado pela equipe" ou "vão verificar".
2°, aquele sistema de busca de e-mails está mais pra piada. Nem sempre consigo encontrar, mesmo digitando em minúsculo, exatamente igual ao que consta no assunto da mensagem.