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4 de fev. de 2011

Placas politicamente incorretas que não existem, mas todo mundo segue.

Apesar de vivermos sob a ditadura do politicamente correto, o mundo real nos reserva algumas surpresas, quando somos levados a pensar que na prática os slogans em prol da vida saudável dizem exatamente o contrário. Por exemplo, às vezes pensamos que na praia existem tabuletas dizendo de fato "leve seus cães para cagar na areia", ou "jogue lixo na rua", ou "entupa os boeiros", tamanha é a distância existente entre as normas e as ações efetivamente perpetradas pelos cidadãos. Infelizmente, a leniência do poder público aliada à vontade de fazer as coisas pelo velho jeitinho inverte os valores e transforma os atores sociais em mais ou menos bandidos.

Fumar não prejudica a saúde.
A severa campanha contra o tabagismo perpetrada durante o governo do presidente urugauio Tabaré Vazquez lhe rendeu um processo da indústria da morte por ter estimulado mais de 100 mil urugaios a largarem o vício. Infelizmente, o governo brasileiro, nem um pouco interessado em abandonar as tetas fartas do dinheiro do tabaco, continua financiando plantações de fumo e a indústria, fazendo olho branco para os gastos impressionantes com o SUS, onerado por doenças perfeitamente evitáveis de milhões de brasileiros viciados.
Philip Morris processa o Uruguai pela diminuição dos fumantes.

Beba sem moderação!
Você vê propaganda de cerveja no Brasil em todos os horários, dirigido para todos os públicos? Pois bem, a permissividade comprova que independentemente da ruína que o álcool causa na vida das famílias, o nosso país investe pesadamente nas futuras gerações de bêbados.
Foto: Paris Hilton Vows To Help Drunk Elephants Avoid Trouble.

Dirija em alta velocidade!
Ao longo dos anos que dirijo, raríssimas vezes fui parado em barreiras policiais, aliás, melhor ainda, estes espécimes em extinção praticamente desapareceram das estradas. Portanto, não adianta encher a estrada de pardais e quebra-molas eletrônicos, se não há a coerção da lei ao vivo e a cores.

Pratique sexo inseguro!

Bem que este poderia ser o lema do Governo Brasileiro durante o carnaval e em todas as outras épocas do ano, já que ele insiste em promover campanhas dirigidas exclusivamente para o uso da camisinha. Ora, para não incorrer na pecha de moralista, o governo se recusa terminantemente a condenar a promiscuidade, esta sim, a grande responsável pela disseminação das doenças sexuais transmissíveis.
Tudo o que as campanhas sobre sexo omitem, por não quererem falar de hábitos seguros. 

Se beber, dirija!
Quem aguou a nossa Lei Seca foi a justiça brasileira, que decretou: pinguço na direção não precisa se submeter a bafômetro, nem a exame clínico, nem a exame de sangue, nem coisa alguma, nada. Com o pretexto de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, a justiça inventou a forma de assassinato mais impune de todos os tempos. Pena que as famílias em luto sejam obrigadas a aceitarem os seus mortos de volta, enquanto a justiça libera os matadores de quatro rodas.

Faça bastante barulho!
Visão do tunador
Você acha que seu ouvido não é penico? Pois a maioria das prefeituras deste país tem opinião contrária quando permite que amigos do barulho azurem seus ouvidos 24 horas por dia.
10 Razões para você odiar som automotivo.

Permitido estacionar em cima da calçada.
Se você é pedestre sabe do que estou falando, por causa da venalidade das prefeituras, é o cidadão que se vê obrigado a enfrentar de peito aberto o trânsito das ruas. Pela falta de fiscalização, na prática, funciona como se tivesse uma placa liberando o caos.
Foto: Calçada da Catedral vira estacionamento particular.

Consuma drogas!
Pelo descaso com que as nossas fronteiras são tratadas, só falta o governo investir em outdoors que veiculem a liberação total, aliás, ele está há muito tempo querendo isto, pois primeiro o ex-ministro da justiça Márcio Thomaz Bastos derrubou a lei do crime hediondo no 1º mandato de Lula e, agora, o governo quer acabar com a prisão dos pequenos traficantes. Ora, como sabemos que os grandes tubarões do tráfico nunca foram pegos, então, por favor, vamos arreganhar logo que eles querem mesmo é liberar esta joça!
Imagens fortes das drogas: um pesadelo interminável.

2 comentários:

  1. Vivemos de uma forma que talvez se possa apelidar de “ mito de terapia”, acreditamos que tudo se trata.
    Na essência é uma crendice, por isso cortamos no tempo da reflexão.
    A crendice traz vantagens, porque serve de consolo e, sobretudo desresponsabiliza-nos: amanhã logo se vê. E, quando se chegar a ver, ninguém tem culpa.

    É a vida, diz-se. Só que a vida é o resultado de acções precisas de pessoas concretas.

    Usamos frequentemente as vestes da razão para embrulhar ou disfarçar emoções primárias, o exercício (nobre) de filosofar, muito mais amplo e transformador do que o mero pensar, está a cair em desuso. Por isso, para muita gente, a angústia tomou o lugar do sofrimento, da mesma forma, que o que o volume de som (mental) vai apagando os traços da música e o vazio ocupa o território dos nossos sonhos, desejos, ou memórias.

    Tentamos disfarçar mas, o medo instalou-se. E o medo, esse filho ingrato do pensamento, ocupa o trono da coragem, filha da imaginação.

    Não queremos reflectir, convivemos muito mal como o medo.

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  2. É a lei do Raul Seixas, faça o que quiser, agora tudo é da lei.

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