A era da música downloadable soterrou coisas preciosas e a maior delas é o tempo. Tempo de andar offline pelas ruas para simplesmente contemplar as paisagens e as cores, tempo de meditar nas coisas e tempo de ouvir música de ótima qualidade gravada em Lps e Cds.
Hoje vejo as lojinhas de música se extinguindo e as poucas que sobrevivem, o fazem se transformando em bazares de roupas e, ironicamente, vendendo players MP3, câmera digitais e bugigangas eletrônicas.
Em sua coluna no G1, Zeca Camargo(*) sintetiza o fim de uma era pelo título: "Réquiem". Na sua última estada em Nova Iorque, teve um choque quando visitou a sua lojinha favorita de discos de produções independentes; muitas prateleiras estavam vazias. Os títulos que se vão não são repostos.
Se por um lado os espaços que se acumulam refletem a crua realidade da diminuição dos lançamentos, por outro, quer dizer que cada vez menos pessoas estão passando na Other Music para comprar Cds.
Mesmo que pessoas inteligentes continuem comprando música embalada em mídias convencionais, estas também estão se extinguindo. O tempo foi mais uma das dimensões comprimidas pela emergência internética. As pessoas não apenas ouvem MP3, como também pensam compactadamente e refletem o minimalismo resultante no dia a dia. Quaisquer frases que não caibam em 140 caracteres são truncadas e mesmo assim seus significantes continuam válidos.
Postado no Youtube por Blogdotioted via Uêba
Hoje, o ritual de entrar em lojinhas de discos e passar horas fuçando à cata de raridades e ouvindo músicas de graça está extinto. No final da década de 80 havia uma lojinha em Porto Alegre chamada “Marini Discos”, um apartamento transformado em comércio que tinha todas as paredes forradas de alto a baixo de clássicos e alguma coisa de jazz. Naquela época ele exibia com orgulho a última novidade da praça, um novíssimo aparelho de Videodisco, que segundo o Marini, “ia revolucionar a maneira de apreciar música”.
Pobre Marini! As coisas foram bem mais piores do que ele imaginava. Aquele tosco formato de videodisco analógico virou DVD e a sua querida música se esfarelou nos áridos escaninhos das compactações digitais e baniu a sua lojinha do mapa. Anos depois, em virtude da diminuição dos compradores, da pirataria de Cds e da música baixada via Internet, o bonachão Marini foi obrigado a fechar as portas e virar lembrança de um tempo que não volta mais.
Hoje, se você baixa músicas sem pagar pela Internet, é considerado subversivo e corre o risco de ser preso por roubo de propriedade intelectual.
Referência:
(*) Réquiem – Zeca Camargo [G1]
Parabéns, você teve um conteúdo publicado no Linka Nisso.
ResponderExcluirUm abraço da equipe LN.
Linka Nisso,
ResponderExcluirObrigado pelo link e espero que façamos sucesso.
Muito bom o Post! Mas ao mesmo tempo triste... A geração que nasceu conhecendo musica somente via MP3 não sabe o que está perdendo. Vejo meu filho escutando musica pelos auto-falantes do notebook e achando isso o máximo. Sou do tempo que escutar uma musica, contemplando a mesma, significava sentar confortavelmente em frente a um bom par de caixas de alta fidelidade e escutar cada detalhe da obra. E olha, não estou falando de musica clássica não, e sim de rock ou pop de boa qualidade. Por aqui ainda sobrevivem algumas lojas de CD no estilo entre, escute e compre, mas infelizmente sabemos que isso não vai durar muito. Vou sentir falta de comprar um CD e ver os detalhes da capa enquanto o escuta pela primeira vez.
ResponderExcluirWilmar,
ResponderExcluirquem afirmasse anos atrás que estávamos caminhando para o áudio de baixíssima qualidade, apesar dos avanços técnicos gigantescos, ririam desta pessoa.
Você lembra com justeza que o conceito HI-FI se tornou totalmente obsoleto para as novas gerações, que se contentam com uma qualidade sonora extremamente pífia.
Post interessante... mas para só nisso! Com certeza os dias antes eram melhores, e se dava um valor melhor a musica. Mas ficar comparando o que foi ontem com o que é hoje, é tão sem sentido quanto é pra você essa "banalidade" atribuída a musica hoje!! Isso é o que o mundo escolhe, estamos no meio de uma grande mudança, e aquilo, ou aquele que se define é onde se limita!!
ResponderExcluirOs tempos mudaram, e as pessoas escolheram PRATICIDADE, é muito mais fácil você estar com um MP3 Player, Ipod, com músicas compactadas do que andar escutando em mídias físicas.
ResponderExcluirOs tempos mudaram, e tendem a mudar ainda mais, e as gravadoras não se tocaram que acabou a época delas. Os cantores continuam sim fazendo dinheiro, mas com Show, e acho certo isso, quer dinheiro, vá trabalhar.
A qualidade da música compactada vai melhorar. O formato é correto. O caminho é esse. A questão é outra...Pagar ou não.
ResponderExcluirPara meu, viva a época do MP3! Foi-se o tempo em que se você quisesse ter uma boa coletanea de varios estilos musicais era preciso ter varios porta cds, ou para os mais antigos, varias caixinhas de fita. Hoje você pode ter muito mais, em muito menos. Em um simples pendrive vc consegue ter milhares de musica. E em alguns minutos vc consegue baixar aquele seu cd preferido, e de graça! Isso sim é que é valorizar a arte dos nossos compositores. Hoje todo mundo tem acesso a qualquer tipo de musica que queira ouvir, tem coisa melhor do que isso?
ResponderExcluirMP3 pode ter uma qualidade UM POUCO inferior a de um CD, mas é só percebe em alguns tipos de música(Clássica por exemplo) e apenas quem tem os ouvidos atentos. Mas mesmo assim, pra quem preza tanto a qualidade(mesmo a impercptivel) pode optar por outros tipos de formato de audio, existem formatos melhores até que o próprio cd...
Eu gosto desse novo momento da música. Não tenho saudade dos CDs que riscavam e juntavam pó na minha estante. E, querendo, dá para se encontrar música digital com qualidade boa. Gosto do fato de que agora tenho acesso a música de qualquer lugar no mundo, e não apenas o que o mercado quer que eu consuma. E gosto do fato de que agora uma banda ali da minha esquina possa gravar suas músicas e videos e fica conhecida na internet sem ficar esperando anos por ser descoberta por uma grande gravadora. Gosto da praticidade de minhas músicas não ocuparem espaço físico e de poder ouvi-las a qualquer momento, em qualquer lugar. Não sou saudosista :)
ResponderExcluirO CD morreu, isso é fato. A questão é como os músicos vão conseguir lucrar com isso.
gabi disse tdo
ResponderExcluir;)
gabi disse tdo
ResponderExcluir;)
Existe uma loja chamada Toca do Disco em Porto Alegre que continua vendo Lp's e Cd's raros e etc...
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