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8 de out. de 2009

Por que o carro elétrico é um eterno “veículo do futuro”?

Ele tem sido a grande vedete dos últimos anos dos salões do automóvel graças às suas características propaladamente ecológicas, mas não os vemos nas ruas. O que temos visto é uma miríade de carros-conceito, protótipos e boas intenções, mas de prático necas de pitibiriba.

A culpa pelo fato de entrar ano e sair ano e sempre os lançamentos reais do carro elétrico ficarem para “o próximo ano”, não é, exclusivamente, da indústria do petróleo que, amiúde, é acusada pelas teorias da conspiração de querer dominar o mundo através do poder maquiavélico compartilhado pelas 7 irmãs. A ela não pode ser creditada a onipotência de ter inviabilizado o transporte elétrico até os dias de hoje.

Na realidade, alguns entraves tecnológicos nunca foram devidamente superados e as pesquisas não cessam na tentativa de resolvê-los. Assim, diante dos gigantescos obstáculos no caminho do carro elétrico, fica mais fácil entender porque a humanidade adotou em massa uma matriz energética baseada nos combustíveis fósseis e não nas tecnologias limpas, porém inviáveis, mesmo diante do grande avanço tecnológico.

Autonomia.
A tecnologia atual de íon-lítio embarcada nas baterias automotivas permite uma autonomia ao redor dos 100 quilômetros. A superação deste limite continua ainda ao nível de projetos, tais como este da empresa canadense Zenn Motor Co. cujo carro prometia em 2007 rodar 800 Km sem abastecimento.
Canadenses mostram carro elétrico com autonomia de 800 km [Terra].
Aparentemente o projeto ainda não vingou, porque em 2009 não são encontradas na internet menções sobre a sua implementação.

Tempo de carregamento das baterias.
A maioria dos carros elétricos requer de 6 a 10 horas de carregamento das suas baterias, o que torna árdua a sua utilização cotidiana e impraticável em viagens. Um projeto arrojado de acadêmicos do MIT nos EUA baixou este tempo para 10 minutos, com uma desvantagem: ele precisa de uma fonte de energia de 350 kW, o que convenhamos, é potência demais para ser obtida numa tomada elétrica doméstica, que mal consegue fornecer 8 kW para um chuveiro parrudo.
Leia mais em: Carro elétrico será carregado em 10 minutos [Terra].

Uma solução mais viável para resolver este problema é o aparelhamento de postos de abastecimento com um mecanismo automatizado de troca de baterias (Electric Car Battery Swap Station), ou seja, você posiciona o seu carro numa rampa e, em 1 minuto e 13 segundos, as baterias descarregadas do seu carro são substituidas por outras plenamente carregadas.

Better Place Unveils an Electric Car Battery Swap Station [Wired]

Poluição.
Uma dos grandes atrativos do carro elétrico é a sua emissão zero de gases causadores do efeito estufa. Entretanto, os seus processos de fabricação são os mesmos dos veículos convencionais, que são reconhecidamente geradores dos mais diferentes tipos de poluição. Além do mais, a maior parte das fontes de energia elétrica do planeta são altamente poluidoras: nuclear, carvão e petróleo.

Ademais aos problemas extrínsecos, há os de natureza intrínseca, já que nenhum país do mundo se vangloria de possuir reservas ociosas de energia elétrica, ou seja, para atender à demanda de uma futura e gigantesca frota de veículos, os países deveriam equacionar antes a questão da produção de eletricidade abundante e limpa. Ora, as coisas neste setor engatinham na mesma velocidade ostentada pela viabilização dos carros elétricos: passos de tartaruga.

Se você quer realmente fazer a sua parte no aquecimento global, [Vá de bicicleta]

Sistema de distribuição de energia.
Talvez o maior obstáculo para a vulgarização do carro elétrico seja a disponibilização de postos de abastecimento. Um exemplo emblemático é o caso da Alemanha; para os seus 41 milhões de veículos convencionais, há apenas mil (1000) carros elétricos rodando nas ruas.
Carro elétrico ainda é caro e de difícil recarga [jornal O Debate].

Assim, enquanto perdurar a impraticabilidade de se deixar um veículo carregando a bateria num posto de abastecimento durante 10 horas e não houver uma solução padronizada para o problema, o carro elétrico continuará sendo um produto mosca branca.

Soluções regionais para problemas regionais.
Certamente o modelo econômico globalizante adotado nos sistemas de produção, não está apresentando soluções adequadas para essa questão. Quaisquer das alternativas tecnológicas imaginadas para substituir a frota abastecida com combustíveis de origem fóssil esbarram em problemas de viabilidade local. Explico, como adotar maciçamente o carro elétrico na Polônia e China, se são países reconhecidamente dependentes de carvão para gerar energia elétrica? Assim como, em outros países tais como França e Estados Unidos, que dependem de Usinas Nucleares e petróleo, seria inócua a adoção pura e simples de uma nova tecnologia de transporte baseada em fontes notoriamente poluidoras.

Por outro lado, uma localidade como o Estado do Ceará, que está se notabilizando pela produção de energia elétrica a partir da energia eólica limpa, poderia muito bem ter a sua base de transportes movida à eletricidade, que lá é abundante e 100% renovável.

14 comentários:

  1. Wilson J. Biscaro12/10/2009, 01:13

    TEM MAIS UM ENTRAVE: PARA SE PRODUZIR AS BATERIAS, NECESSITAMOS DE ENERGIA E TAMBÉM DE MATERIAIS EXTRAIDOS DA NATUREZA.
    TODA BATERIA TEM VIDA UTIL, E DEPOIS DE ESGOTADAS O QUE FAZER COM TAMANHA CARGA DE LIXO TÓXICO, JÁ QUE A RECICLAGEM DE CERTOS MATERIAIS SERIA MUITO DIFICIL DE SE REALIZAR ( GASTARIA ENERGIA TAMBEM) E O DESCARTE SERIA UM GRANDE PROBLEMA.
    ACREDITO QUE O FUTURO ESTA MESMO NO ETANOL E DE PREFERENCIA PRODUZIDO NO BRASIL.
    QUEM VIVER VERÁ.

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  2. Wilson,
    Bem lembrado, a questão dos rejeitos produzidos pela industrialização das baterias ainda é grave. Porém, pelo que sei a indústria está avançando a passos largos no caminho da utilização de materiais menos poluidores.
    Quanto ao Etanol brasileiro, nem o governo está empunhando esta bandeira, já que só fala do pré-sal. De qualquer forma, não vejo viabilidade futura nos motores a combustão.

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  3. Claudio, enquanto isto vi na Globo que uma fábrica esta lançando uma moto elétrica. Isto me interessa profundamente, tanto quanto o paramotor elétrico.

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  4. Carro eletrico do futuro? Se informe melhor amigo... já tem muito carro hibrido (eletrico + combustao) rodando no EUA e EUROPA (Exemplo Prius) e outros 100% eletrico (carro e scooters). Não é futuro, é realidade. A EUROPA já está planejando uma rede de abastecimento elétrica nas estradas. Aqui em Portugal já é normal ver carros silenciosos nas ruas, sem barulho do motor. A BMW vai lancer o MiniCooper elétrico em 2010/2011, já tem 500 prototipos numerados, rodando pela Europa em testes.

    Mas se voce fala da realidade do Brasil, aí é outra coisa... quando o Brasil tiver uma base solida de carros eletricos, nos EUA/EUROPA já estarao usando disco voador.

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  5. Observe que o texto não se refere a carro híbrido, mas aos puramente elétricos.
    Estive recentemente na Alemanha, Holanda e Áustria e não constatei esta profusão de carros elétricos que você alega.
    Você fala em protótipos e planejamentos para lançar carros elétricos em 2010/2011, pois é exatamente este o espírito do texto, estas traquitanas estão para ser lançadas "no ano que vem", sempre nas calendas gregas. Por ora, continuamos com modelos irreais que apenas figuram em Salões Automobilísticos Internacionais.

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  6. A solução "do presente" tem sido os carros híbridos, como o Toyota Prius, que usa um motor a combustão menor e menos poluente, juntamente com um motor elétrico e com energia armazenada em baterias. Ele tem um ótimo desempenho, comparado a esportivos. E tem mais, quando se freia o carro, ao invés de transformar a energia cinética em calor (gerado pelo atrito das pastilhas com o disco), a energia cinética é transformada em energia elétrica por um gerador elétrico e armazenada nas baterias. Ou seja, quase não se perde mais energia durante frenagens. Tudo isto faz com que ele seja extremamente econômico no quesito quilômetros por litro.

    O ponto controverso de tudo isso: Tem carro com motor turbo diesel que é mais econômico do que o Prius...

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  7. Bateria de íon de lítio (LiIon) é do passado. Vieram depois das Níquel Metal Hidreto (NiMH, usadas nos primeiros celulares), e BEM depois das Níquel Cádmio (NiCD, ainda usadas (!) em eletrodomésticos pela alta potência que fornecem (mais do que as NiMH)). Depois das LiIon vieram as de Polímero de Lítio (LiPo), já presentes em smartphones e equipamentos de alta potência específicos (aeromodelismo elétrico). Ainda depois, vieram as chamadas "A123" (LiFePO4). Em toda essa evolução, o peso e o tamanho dimonui, a capacidade de energia aumenta, e o tempo de carga se reduz a alguns minutos (em vez de horas). O problema da autonomia está mais que resolvido (mesmo!).

    O maior problema é o da GERAÇÃO da eletricidade que vai carregar estas baterias (poluentes). Creio que as energias limpas (solar, eólica, captadores de ondas do mar, etc) deverão ser de uso OBRIGATÓRIO por parte do governo. "Ah, mas petróleo é mais barato". O governo que desestimule comerciamente! Pra isso que serve o governo - se for deixar o mercado se auto-regular, JAMAIS haverá reciclagem. Uma coca-cola com garrafa pet novinha será sempre mais barata que uma com a garrafa reciclada (tem que recolher, limpar e re-processar o plástico). O problema é a ignorância em ver apenas os custos tangíveis ("visíveis"), e não as vantagens de se ter um mundo limpo ("frescura", "intangível"). E dá-lhe esgoto em riozinho...

    (PG)

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  8. É um erro comum analizar a questão dos veículos elétricos usando-se o paradigma dos veículos a combustão. Esquece-se das diferenças fundamentais entre os dois conceitos. Um exemplo é o problema da recarga. Todo mundo fala que a recarga leva 6 ou 8 ou até mesmo 10 horas. No entanto, esquecem-se de que este tempo é para a recarga completa. Uma recarga a 80% leva, dependendo do tipo de bateria, de 15 a 45 minutos. Como em operação normal a carga da bateria nunca será esgotada (ou seja, sempre haverá pelo menos uns 20% restantes), o tempo de recarda real é bem menor do que o divulgado.

    Além disso, as pressões ambientais estão fazendo o mercado reagir. O veículos elétricos prometidos para 2010 ou 2011 precisam ser lançados pelo simples fato de que se gastou demais neles. Não são apenas protótipos, são pré série. O governo francês acaba de fazer uma compra gigantesca de 50 mil veículos elétricos com o propósito de renovação da frota oficial. A mudança de paradigma começa a acontecer e ela é irreversível. Mas as pessoas terão que se adaptar ao novo paradigma.

    http://gilvan.apolonio.com.br

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  9. Gilvan,
    Você nos dá informações preciosas e recomenda o seu blog http://velivre.blogspot.com/ a todos aqueles que querem aprofundar seus conhecimentos sobre a problemática envolvida na implementação de veículos elétricos.

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  10. Acredito que quem vai moldar o cenario mundial de automoveis vai ser a China, e carro elétrico la é uma prioridade de governo, isso sem falar nos investimentos em tecnologia pois os chineses vão ter um exercito de tecnologos formados nos proximos anos. Se nao me engano eles ja possuem 5 grandes montadoras uma delas associada com a Fiat, e ja ouvi algo sobre lançarem veiculos eletricos aqui no Brasil e talvez ate fabricar carros em nosso pais. A Chery ja esta vendendo aqui em Sampa o Tiggo, bem melhor que Eco-fiesta apesar de ser uma copia mais barata do Rav4 antigo... olha que eu andei no carro e tenho uma Eco zero bala pra comparar!! Isso sem falar no abs e airbag que na Ecosport nao tem pelo mesmo preço!! Que venham os chineses pois ate a Toyota ja começou a relaxar colocando a venda Corolla sem airbag... e se continuar essa escalada de impostos nas auto peças (substituição tributaria no Icms com lucro presumido de 50% acarretando 20% de aumento) nossas fabricas vao fugir todas pra China!! Ou vão começar a fazer carros de papel, ai o Serra sobe o icms do papel pra 50% de aliquota... mas brincadeiras a parte ja tem várias fabricas de auto peças brasileiras com pézinho na China, isso significa atraso e desemprego pra gente!

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  11. Prezados(as)

    Foi desenvolvido um protótipo de um VW Gol Geração IV modelo 2009 convertido para funcionar apenas com motor elétrico e baterias de íon de lítio e o mesmo já está rodando. Vocês poderão ver todo o processo de conversão por meio do endereço eletrônico: www.clubedocarroeletrico.com.br

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  12. Com assim, energia nuclear é poluidora. A energia nuclear não polui nada, a não ser que não se tome o cuidado devido de estocar o lixo nuclear por 50 anos. O unico problema da energia nuclear é a agua que despeja no rio, que é quente e altera a temperatura local do rio, mas isso nem é problema, essa agua pode ser usada para tomar banho, ou esquentar as casas. Se não fosse essa ideia erra disseminada em 1990, teriamos muito mais usinas nucleares, o que seria muito melhor para o meio ambiente.

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  13. Joyce tinha que fazer um trabalho sobre "qual é omelhor combustivel automotivo" conciderando
    que nao é poluente, barato , que dure bastante...
    mas mudei totalmente de ideia, depois que li tudo isssooo....

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  14. O próprio projeto da atual geração de carros elétricos acaba atrapalhando uma difusão mais ampla deles. Olhando modelos como o Nissan LEAF é fácil observar alguns pontos onde o projeto poderia ser facilmente melhorado tanto no tocante à eficiência energética quanto à dirigibilidade.

    Fora isso, existem aspectos polêmicos relacionados à produção das baterias e ao manejo adequado ao atingirem o fim da vida útil, e ainda a geração e distribuição da energia para atender à frota de carros elétricos.

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