Para que o mundo precisa de loiras?

As fêmeas humanas, cujos cabelos ostentam a cor levemente dourada semelhante ao trigo, se por um lado são estigmatizadas pelas piadas de loiras burras, por outro, despertam tanto interesse sui generis nos olhares masculinos, quanto muxoxos reprovativos de fêmeas concorrentes das demais colorações raciais.

Independentemente do estereótipo de burras, todas as mulheres querem ser loiras, tanto que o mundo está cheio de platinadas de farmácia e de loiras naturais turbinadas pelos mesmos produtos que ao “desmorenizarem”, colocam no topo dos olhares mulheres que passariam desapercebidas. Mesmo sofrendo a pecha de mentecaptas, o que importa para elas é provocar a atração dos machos procriadores. E, para tanto, não se inventou sortilégio mais poderoso do que a loirice natural, ou artificial.

Sob o ideário dos Usos e Costumes animadores do estereótipo de domínio público subjacente às piadas, as loiras podem servir:

1) Para comprar uma Tekpix?

Não precisa ser loira para cair no golpe da câmera 7 em 1, mas que ajuda, ajuda.

2) Para dirigir?

Uma coisa é encontrável nas loiras: impassividade olímpica diante dos pequenos percalços do trânsito... importa mais pentear as madeixas ao vento.

3) Para abastecer o carro?

Por essa e outras, loiras deveriam se abster do tabaco.

4) Para trocar pneu?

Quem conhece uma loira que não usa seus atributos físicos para atrair um gentleman que troque o pneu para ela, que atire a primeira pedra. Ou melhor, a literatura científica antropológica não registrou até hoje algum caso de loira linda que tente trocar um pneu sem ser ajudada.

5) Para posar de inteligentes?

Uma coisa que as loiras devem renunciar é à pose simultânea de gostosas e inteligentes.

6) Para marchar contra a crise na Letônia?

No país que mais sofreu com a crise econômica na Europa, algumas loiras tiveram a inteligente iniciativa de marchar vestidas de rosa para sacudir a urucubaca do pequeno país nórdico [Telegraph].

7) Para se extinguir na Finlândia em 2200?

Ufa! O mundo estremeceu diante do fim das loiras "previsto" para daqui há 200 anos. Reza a falsa informação, que a última loira nascerá no ano de 2200 na Finlândia. Ainda bem que a coisa se trata de um HOAX provavelmente criado no ano de 1999, que periodicamente retorna e ganha guarida entre jornalistas apressados que não checam as fontes. [Folha].

8) Para serem boas de cama?

As morenas acreditam que as loiras tanto atraem, quanto traem; terá a premissa algum cunho científico, ou é desfaçatez pura?

9) Para nos fazer crer no Deus Altíssimo?

Tem gente que se converte até ao Bispo Macedo para fisgar uma dessas, professante pentecostal.

10) Loiras servem simplesmente para iluminarem o mundo?

Minha teoria particular sobre o sucesso das loiras no mercado da atração é a seguinte: o fato dos seus cabelos e tez claros refletirem a maior quantidade de luz recebida do ambiente, é fator determinante para sugar a atenção dos olhos. É fácil comprovar tal efeito numa tarde de sol ao ar livre, quando uma loira aparece bamboleando pela calçada. Os raios de sol refletidos por seus cabelos e pele bombardeiam intensamente as retinas dos transeuntes, que se veem obrigados a desviar o olhar em direção ao cintilamento... quando naturalmente os níveis de testosterona fervilham na mente do observador, transformando tais fachos luminosos em impulsos de acasalamento.

Conclusão.
Não esposo nenhum dos estereótipos sobre loiras, porque são filhos do pecado capital da generalização. No momento em que se propala que “todas as loiras são burras”, “todas as loiras são desfrutáveis”, “todas as loiras traem”, etc., a verdade está longe, ou morta.

A verdade é que cada um de nós homens já se deparou com loiras burras, inteligentes, bonitas e feias, mas mais verdadeiro ainda é que uma loira deslumbrante marca para sempre, ao menos um neurônio no nosso cérebro, nem que tenha sido por uma só imagem fugaz captada naquele instante de devaneio ao ar livre numa tarde de sol.