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2 de dez. de 2009

Por que sentimos tanto desconforto quando está calor?



Não serão precisas muitas palavras para definir o calor que faz na nossa terra, por estas alturas, pois quem lá costuma estar sabe muito bem a recresta que por ali faz(Santa Comba da Vilariça, junho de 2009).

As células vivas criam e degradam substâncias continuamente. A maioria destas reações quando são realizadas em laboratório necessitam de altas temperaturas, porém os sistemas biológicos precisam realizá-las em temperaturas baixas através de vias metabólicas que realizam as tarefas aos poucos, em uma série de reações enzimáticas, sempre no sentido de maiores níveis de entropia.

Em síntese: os seres vivos nascem e se desenvolvem a custa do consumo de energia (através da alimentação) e do aumento da entropia (a partir da troca de calor entre o corpo e o ambiente externo). Em condições ideais, nossos corpos estão à temperatura de 36º C enquanto o ambiente deveria estar a 25º C. Essa diferença de temperatura permite que as rotas metabólicas funcionem como um veículo descendo uma ladeira suave.

Quando a temperatura sobe e as diferenças se anulam nosso organismo começa a ter sérias dificuldades para funcionar, como um veículo ladeira acima. Se a ladeira se tornar muito íngreme podemos parar!

Além do desconforto físico há uma reação de desconforto “emocional”, que nada mais é do que uma reação comportamental para nos estimular a mudar de ambiente, no sentido do benefício da mudança ser maior que seu custo. De forma compensatória, quando encontramos um local mais fresquinho sentimos alegria, do mesmo tipo daquela de tirar o bode da sala.

No outro extremo, em temperaturas ambientais muito baixas, enfrentamos problema semelhante ao de descer uma ladeira muito íngreme, pois a perda de calor para o meio se torna tão intensa que fica difícil manter a temperatura interna do corpo nos níveis ideais.
Nosso grande problema com o calor reside no fato de vivermos num país tropical, mas mantermos um padrão de trabalho equivalente ao de países temperados. O ideal seria, no verão, tirarmos a sesta, durante as horas mais quentes do dia, reduzindo as atividades metabólicas e a produção de calor interno. Porém, essa lógica natural não encontra respaldo numa sociedade que elegeu a tecnologia como alternativa à biologia, mas haja energia e aumento dos gases estufa, que só fazem piorar o calor.

Qual a saída?

Estamos como Alice que ao cair exclamou: “Ou este buraco não tem fundo, ou esta queda não tem fim!
Segundo os Sociólogos, nas crises surgem as soluções. Eu voto pela sesta...
...e pela redução da jornada de trabalho no verão!

Por: Gladis Franck da Cunha

Referências:
Blogpaedia: Meia dúzia de verdades sobre a sesta.

OLIVEIRA, Adilson A. J. Overdose de informação. Blog: Por dentro da Ciência, disponível em http://pordentrodaciencia.blogspot.com/2009/08/overdose-de-informacao.html

VOET, D. ; VOET, J. ; PRATT, J.W. Fundamentos de Bioquímica. 2ed Porto Alegre, ARTMED, 2008.

Fonte das imagens:
1- Calor por Santa Comba da Vilariça
2- Índios de "Bicicleta" por Conexão ambiental
3- Sísifo subindo a ladeira por Neural Noise
4- Mulher em Yakutsky – A cidade mais fria do Mundo - em reportagem de Shaun Walker para Neoseganet
5- Alice Caindo por Caixinho
6- Sesta da Zara por Blogpaedia

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