As compulsões dominam o novo século, desde as alimentares,
passando pelas fobias e terminando nas sexuais, todas com igual potencial de
causar grande sofrimento psíquico.
Não obstante a nossa sociedade ter alçado o sexo à dimensão
do prazer onipotente e onisciente, acaba-se descobrindo que a sua realização
sem comprometimento afetivo e dando azo a todas as fantasias inimagináveis,
pode redundar em quadros de dor e até tragédia.
É o que tem suscitado os vários artigos publicados aqui no
Blogpaedia; depoimentos candentes de pessoas devastadas pelas perdas provocadas
pelo transtorno:
“olá tenho 25 anos e sempre gostei de fazer sexo, só que há
um ano essa vontade de fazer sexo tem aumentado, antes era apenas o sexo normal
se assim posso chamar, mas depois passei a curtir sexo oral e anal, até ai tudo
bem, só que depois disso aumentou a minha curiosidade e tempo que passo vendo vídeos
pornôs, passei a praticar inversão, quando a mulher passa a ser ativa numa
relação. Tenho procurado homens passivos que aceitem que eu use brinquedos pornográficos
neles, depois passei a praticar fisting (pratica onde eu coloco a minha mão
dentro do anus do meu parceiro), tudo isso me excita muito, quero o tempo todo
praticar sexos inimagináveis, coisas que eu jamais imaginaria que fosse capaz
de fazer, não curto vídeos heteros e sim de homossexuais, sinto prazer em ver
dois homens praticando sexo, não sei o que tenho, mas começo a ficar preocupada
e preciso de ajuda.”
Como é comum a percepção social da compulsão sexual tender
para o “quanto mais melhor”, nem tudo é o mar de rosas que se apresenta, pois
quem pensa em sexo 24 horas por dia acaba perdendo tudo: emprego, família,
amigos, dinheiro, saúde, e o mais importante, a dignidade humana.
A verdade é que os casos de interesse sexual excessivo podem
ter uma série de causas, que vão desde o abuso infantil às desordens de fundo
orgânico, tais como a Síndrome de Kleine-Levine, que provoca nos seus
portadores um desejo sexual irrefreável e promíscuo.
Quem tem o problema e acaba se perguntando em virtude da
perda de qualidade de vida e da corrosão dos laços afetivos, acabou de dar o
primeiro passo em direção ao tratamento.
1) Reconhecimento do problema.
Será que sou viciado em sexo? Como dissemos, numa sociedade
altamente erotizada é difícil chegar ao autodiagnostico com toda a precisão,
contudo, é possível interpretar certos indícios.
2) Tratar a ansiedade.
Muitas vezes o tratamento implica necessariamente numa
abordagem farmacológica, através de ansiolíticos e antidepressivos usados para
controlar o impulso sexual, pelo menos na fase inicial mais aguda. Logicamente,
este tipo de tratamento somente pode ser administrado por um profissional
psiquiátrico.
3) Terapias alternativas.
Uma vez que se sabe que a compulsão sexual envolve processos
crônicos, terapias à base de florais, ou o método homeopático podem produzir resultados
excelentes.
4) Frequentar grupos de autoajuda.
O reconhecimento por parte do paciente compulsivo de que a
sua doença e incurável e que ele deverá lutar para manter o controle pelo resto
da vida é um passo importante na direção dos grupos de ajuda mútua, que
auxiliam a pessoa a superar um dia após o outro.
5) Mudança comportamental.
O paciente deve cessar o consumo das tradicionais fontes alimentares
do seu vício, a saber, pornografia, sexo virtual, tele-sexo, prostituição, etc.
Muitas vezes, no auge da tentação, ele descobrirá que será preferível desligar
o celular, fugir da internet, cortar a balada, a ter uma recaída e recomeçar o
processo do zero.
6) Canalizar a energia para outros interesses.
Partindo do pressuposto de que cabeça vazia é morada do
diabo, nada mais justo do que tirar o sexo da cabeça e substituí-lo por
atividades igualmente prazerosas, mas do tipo de prazer mais duradouro, tais
como a prática de artes marciais, Yoga, Tai Chi Chuan, esportes, artes
plásticas, aprender a tocar um instrumento, ler, meditação, adotar uma
alimentação saudável e orgânica, etc.
7) Mudar o ponto de vista do sexo.
Por incrível que pareça, sexo pode não servir só para a
procriação, nem tampouco, exclusivamente para o prazer, já que o conhecimento
secreto antigo o reputa como uma das chaves para se atingir o autoconhecimento.
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