O vídeo do americano Rex mostra toda a tragédia de um menino nascido com severos danos cerebrais, cego e autista. Ele é incapaz de andar, falar, ou realizar qualquer tarefa cotidiana sem assistência. Mais ainda, apesar dos seus gestos estereotipais daren a exata dimensão das suas deficiências, quando se acerca do piano os hemisférios do seu cérebro se reintegram e o garoto parece “normal”, não tão normal assim, pois em virtude do seu descomunal talento é capaz de reconhecer instantaneamente qualquer nota.
Ao ouvirmos os dedos de Rex tocando a primeira parte da singela peça Pour Elise de Beethoven, compreendemos um pouco mais porque este instrumento estanca os movimentos espasmódicos dos parkinsonianos, ou os resgatam da rigidez robótica:
“Isso ficou bem claro com Rosalie B., uma senhora pós-encefalítica sujeita a permanecer paralisada diariamente durante horas, totalmente imóvel, congelada – em geral com um dedo “grudado” nos óculos. Se alguém a conduzisse andando pelo corredor, ela andava de um jeito passivo, dura como uma boneca, ainda com o dedo grudado nos óculos. Mas ela era muito musical e adorava tocar piano. Assim que se sentava ao piano, a mão que estava grudada descia até o teclado e ela tocava com facilidade e desenvoltura. Seu rosto (em geral congelado numa inexpressiva “máscara” parkinsoniana) se animava com expressão e sentimento. A música libertava-a temporariamente do parkinsonismo – e não só quando ela tocava, mas quando imaginava uma música. Rosalie sabia de cor todas as obras de Chopin, e só precisávamos dizer “Opus 49” para operar uma transformação em todo o seu corpo, postura e expressão. O parkinsonismo desaparecia enquanto a Fantasia em fá menor tocava em sua mente. Seu EEG também se tornava normal nesses momentos.”*
Então, assim como se sucede com o menino Rex, a Senhora Rosalie era totalmente dependente de um estímulo externo para que iniciasse a tocar algo, e tão logo este cessasse, ela mergulhava irremediavelmente na escuridão incapacitante da sua doença.
Referências:
The Mysterious Gift Of Musical Savants [60 minutes].
* Trecho do livro de Oliver Sacks – Alucinações Musicais – Companhia das Letras, 2007, pag. 248.
Como leigo não encontro explicação.
ResponderExcluirPenso que a nível científico haverá certamente.
Não creio que seja um milagre, ou como vulgarmente se diz obra do acaso.
Sei que é comum a utilização da música nos lares dos velhos, (não gosto do termo idoso, isso é outro assunto), nomeadamente músicas infantis, ou outras.
Presumo que gere algum estímulo que promova a socialização.
Sei também, por experiência própria, que mexe com os nossos sentimentos. Tanta vez, que me recordam factos passados, alguns agradáveis outros não.
Beautiful, that's why I must learn how to play the piano!
ResponderExcluirum dom de deus
ResponderExcluirmarcelo disse um don de deus
ResponderExcluirum don de deus
ResponderExcluirUma maravilha, o cérebro conseguiu libetar Rex do seu limite físico transportando-o para seu grande Universo de mistérios.
ResponderExcluirUma graça de Deus e uma lição para nós de superação, determinação e do imprescindível amor.