No mundo masculino não há nada mais devastador do que o desemprego, depois da impotência sexual. Não obstante, é possível encarar este limão para fazer uma limonada, desde que a vida seja tratada com fina ironia e bom humor.
» Sexologia masculina resumida.
Assim, brinquemos com as causas da tragédia em meia dúzia de situações.
1) Por rotatividade de mão de obra:
Na troca de emprego (quando cai a escada e você fica segurando o pincel), você pode ficar temporariamente desempregado no meio do pulo entre dois abismos.
2) Cíclico:
Quando cai abruptamente a demanda do seu ramo de negócio, diz-se que você ficou desempregado por causas cíclicas – está a sofrer o efeito gangorra do mercado.
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3) Estrutural:
Quando o seu ramo de negócios some do mercado, tipo, jornais impressos.
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» Anatomia da morte do jornal de 150 anos Rocky Montain News.
4) Clássico:
Criou-se um eufemismo para se dizer que você está desempregado por “conjunturas do mercado”, por exemplo, a crise econômica mundial.
5) Tecnológico:
Quando você foi substituído por um Robô.
6) Marxista:
Quando você foi o bode expiatório da sua empresa, que demitiu-o para pressionar seus ex-colegas a aumentarem a produtividade.
7) Sasonal:
Quando o seu ramo de negócios experimenta altos e baixos.
Referência:
» Types of Unemplyment.
Nossa, é verdade néh! Um homem quando fica desempregado é um saco.. Haja paciência ! :)
ResponderExcluirGostei bastante das situações em que pode ocorrer o desemprego. Legal a Montanha-russa caracterizando os altos e baixos =)
Ele levanta-se da cama tarde. Diz que tem insónia e não consegue adormecer antes do amanhecer, quando fecha as janelas à primeira luz do sol que penetra através das persianas em raios de poeira doirada.
ResponderExcluirUns dizem que é preguiça, que não se levanta cedo porque se acomodou. Na verdade, a manhã parece-lhe insuportável porque não há nada para fazer nem de manhã, nem de tarde, nem de noite.
Desde que está desempregado pratica uma gestão rigorosa do tempo livre porque o tempo livre é demasiado e não sabe como ocupá-lo.
Existe o problema dos comprimidos que lhe tiram o sono, os antidepressivos que lhe fazem companhia desde que está desempregado.
Tentou livrar-se dos comprimidos, mas sem um emprego e um motivo sólido para começar o dia cedo, pisando a manhã como os que têm um emprego e as certezas de um emprego e um salário, foi-se deixando arrastar pelo horário da insónia e do despertar tardio.
Bebia cafés em pastelarias com os jornais diários do dia, à cata dos anúncios, arquitectava projectos atrás de projectos, vou fazer isto, vou fazer aquilo, tive uma ideia para isto e outra para aquilo, conheces alguém que, etc., punha esquemas em papéis, hipóteses no ar e desenhava uma vida cheia de promessas e colaborações.
Alguém viria a precisar dele.
Com a crise, candidata-se a coisas que nunca lhe passariam antes pela cabeça. Coisas abaixo do que julga ser a sua qualificação e o seu estatuto... guiar táxis? Criado de mesa? Jardineiro? Cozinheiro? A idade não perdoa.
Foi mudando de casa, vendendo as coisas boas que tinha. O carro já se foi, comprou-lhe tempo. Até aparecer alguma coisa, um emprego, um empenho, uma magia que o livre da indigência.
Os amigos foram emprestando dinheiro e de cada vez emprestam menos e desesperam mais.
Alguns acusam-no de se deixar ir. Deixar-se ir é a única coisa que pode fazer. O desemprego é como um rio lento e tranquilo que arrasta tudo na passagem, detritos, margens, chuvas, aluviões. Tudo o que constitui a identidade social de uma pessoa está, no mundo em que vivemos, ligado ao seu lugar no mercado de trabalho. Quem não tem trabalho é um pária, quem não tem trabalho há algum tempo é um apátrida. Quem não tem trabalho há muito tempo é um vagabundo.
Agora, pacificado, resignado, deixa-se ficar a olhar para as paredes, concebe um projecto ou outro, vago, vago, e abomina a manhã e o movimento. Como não tem carro, desloca-se pouco. Bate a cidade como um estrangeiro dentro dela e volta para casa. Ninguém acredita que vá arranjar qualquer coisa e ele também deixou de acreditar. O desemprego colou-se à pele. Como tantos outros, desistiu.
Mário Ventura de Sá,
ResponderExcluirtexto lindo, lindo, quiçá um conto!? Quem não se achou no meandro dessas palavras tão descritivas da tragédia massiva e lenta que se abate sobre a alma humana como um rio de pedra (Lahar)?
Lahar: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lahar
Se se omitisse a autoria do texto, todos diriam que tinha sido escrito há pouco tempo...
ResponderExcluir1862. Eça de Queirós escreve em As Farpas:
"...estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza,mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito.
Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva poderá...vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se, a par, a Grécia e Portugal".
Mário,
ResponderExcluirEça de Queirós gloriosamente visionário, assim como o foi Platão, quando criticou a corrupção sistêmica vigente na Grécia quatro séculos A.C.