Não é recente a frenética corrida por interfaces viáveis entre humanos e computadores, que superem o paradigma do mouse-teclado-monitor. Uma das concepções mais antigas é a de óculos que serviriam de monitor e, de quebra, transformariam os movimentos de cabeça em comandos de localização para videogames e simuladores de voo. Assim, volta e meia ela volta com força e tenta se popularizar, tanto que em 1995, seus propugnadores previam que até o final do século o negócio dos Óculos Eletrônicos movimentaria um mercado de 6 bilhões de dólares.
Ledo engano, mesmo que as pessoas estejam engalfinhadas e dependentes dos seus iPhones, passa longe delas a ideia de saírem na rua feito zumbis vestindo esta traquitana retrô, apesar de já andarem na rua como zumbis manipulando compulsivamente seus smartfones.
Neste vídeo, ficamos sabendo que em 1995 alguns fabricantes "viajantes" de gadgets esperavam inundar o mercado nos próximos anos com essas geringonças óticas.
Depois de ver o vídeo acima, juro que lembrei da interface mental:
» O computador do futuro interconectado diretamente na sua mente.
Sete anos depois, uns carinhas produziram um vídeo genial sobre a bizarrice de 1995, que se tivesse dado certo, teria mergulhado o mundo numa espécie de idade das trevas da improdutividade... só um pouco mais pior do que a nossa contemporaneidade, já dispersa pela dependência ao uso de dispositivos portáteis de comunicação em pleno horário de trabalho.
Apesar da aparente tosquice, em pleno 2010 tem gente tentando ressuscitar os velhos óculos futuristas, desta vez sob o pretexto de enxergarmos as coisas em 3D, contudo, vejo menos futuro em aparatos que dependam de óculos, do que num mecanismo de projeção holográfica.
Para compreendermos a dificuldade da empreitada de antevisão do computador do futuro, basta constatar o esforço dispendido pela Apple para estimular as pessoas a “vestirem” o seu iPad:
» 1001 tosquices desenhadas para se "vestir" o iPad.
Nas estranhas idas e vindas da tecnologia, eu rio porque talvez os Geeks acabem preferindo, por um punhado de dólares a mais, transformar o iPad num Netbook. O novo problema será arranjar um malão suficientemente grande para carregar toda a bugiganga.
» Acessório transforma o iPad em um netbook.
Fora do contexto com a sua permissão quero prestar homenagem ao "Dia da Mãe"
ResponderExcluirUm tempo antes do Dia da Mãe, nas escolas começam-se a preparar as prendinhas para as crianças levarem para casa.Em regra são coisas muito simples, que passam por desenhos com muitos corações coloridos e palavras de afecto. Mais tarde, quando somos mais crescidos, compramos um objecto que achamos que as nossas mães vão gostar. Mas nem em todas as famílias isto é assim.
Existem pessoas que não ensinam aos filhos o valor do simbólico. É que as coisas importam bastante mais por aquilo que representam em termos de afecto, do que o facto de terem sido caras. O afecto pode ser materializado nos pequeninos gestos do dia-a-dia.
Gestos estes que são gerados e mantidos, através de reforços positivos (por exemplo os elogios, ou os beijinhos) que recebemos por parte das pessoas que para nós são significativas.
Lembro-me de há bem pouco tempo ter assistido a uma cena que ilustra bem o que estou a dizer. Num aniversário de uma amiga, uma criancinha de cerca de 5 anos trouxe uma pequena flor do jardim de sua casa e veio, visivelmente feliz, entregar à aniversariante. Toda a gente se mostrou sensibilizada e ela recebeu elogios, beijos e abraços dos adultos que ali estavam.
Certamente não terá sido a primeira vez que isto aconteceu, mas ela repetiu o gesto porque o comportamento tende a manter-se sempre que, por parte do meio envolvente, existe uma reacção positiva e afectiva. Ao contrário do que muitos pensam, ninguém é naturalmente cordial ou simpático.
Tudo isso se aprende através dos modelos de comportamento fornecidos pelo meio. Pais simpáticos e sensíveis transmitem simpatia e sensibilidade às crianças, como o contrário também sucede. Não podemos esperar que uma criança se torne um adulto atento ás necessidades dos outros, se ao longo da vida isso não lhe foi transmitido.
Colocando de lado as excepções (que continuam a existir para confirmar as regras), questiono sempre que valores estas mulheres transmitiram aos filhos, quer durante a infância, quer na adolescência.
Será que estes, agora adultos, apreenderam o valor do amor que se deve dedicar a uma mãe ou a um pai? Ou apenas lhes foi incutida a ideia de que é necessário dar prendas, independentemente de as embrulharmos com afecto?
A minha sensação é que estes dias se estão a esvaziar de conteúdo e apenas a forma perdura... infelizmente!
Após a minha visão subjectiva a homenagem merecida.
Mãe, como hoje é o teu dia, ouvi numa canção.
Mas, como não é bastante falar dos meus sentimentos que nunca irão morrer por ti, digo-te de coração e com toda alma que de verdade, “por ti conjugo o verbo amar”.
Acho tão lindo quando me dizes:
- Deus te abençoe meu filho! Eu te amo!
http://www.youtube.com/watch?v=dKbiWh4PLx4&feature=player_embedded#!
Ponto prévio: não acho que faça mal à saúde; não vejo mais perigos do que na vida real; é-me indiferente.
ResponderExcluirAcrescento ainda que é uma excelente ferramenta de trabalho. Falo das redes sociais criadas na internet que fazem com que meio mundo ande permanentemente a correr para o teclado à procurar de dizer ou receber as novidades.
Com a febre dos Twitters e dos Facebooks, para não falar dos Hi5 e companhias, foram feitos vários estudos sobre o fenómeno.
Há quem tenha chegado à conclusão que são bastante maléficos e há quem tenha concluído o oposto. Independentemente das conclusões, não me parece que seja muito saudável que os estereótipos, aquelas coisas que, com as intenções mais diversas, toda a gente diz sem saber bem o que está a dizer. Na rotina de cada dia acostumamo-nos a ver todas as coisas sempre do mesmo ângulo.
Aprendemos que cada coisa que nos cerca possui determinada forma e não questionamos. O que "toda a gente sabe" ninguém sabe de onde vem, mas costuma ser uma visão mesquinha, redutora, boçal e cínica sobre a realidade, normalmente simplista, enviesada e mal informada, frequentemente contraditória.
Tudo o que é novo nos anestesia. Mas o que conta na vida não é o que nos acontece, mas o que fazemos com o que nos acontece.
Este delírio leva-nos a abrir a porta a tudo, o terreno fértil para a poderosa máquina do marketing. Afinal estão em jogo biliões de dólares.
É só uma questão de investimento e de tempo. Eles sabem, não há volta a dar-lhes.
O nosso problema é simples de resolver. Pena que poucos achem isso.
Apesar de não completamente disseminada, a moda que mais me assusta é a do celular com fone de ouvido e o povo falando sozinho rua afora.
ResponderExcluirImagina anexar um óculos a esse quadro e temos o quadro da dor completo (pun intended).
j. noronha,
ResponderExcluirtaí um post digno de ser escrito! Interessa-me muito o aspecto burlesco e sujo da alma humana que se submerge na compulsão. Trágico seria, se não fosse cômico.
Somos virtuais, mas também bebés digitais, a aprender a mexer numa coisa cheia de brilhos, sons e cores.
ResponderExcluirAfinal, a tecnologia pode ser algo mais sofisticado do que as teclas do telemóvel ou do comando do vídeo.
Errámos muito a tentar ter uma presença activa no Facebook.
É possível aprender a andar sem levar uns tombos?
Achamos um horror quem escreve lá com aquele português (?) dos SMS (vc sabe kisso ker dzer).
Ficamos surpresos quando descobrimos amigos nossos a lavrar quintas virtuais. Não sabemos o que fazer quando o nosso vizinho de bairro (a quem nunca demos "bom dia") nos pede amizade.
Aceitamos, meio sem jeito. E passamos a dar "bom dia" sempre que nos cruzamos na rua com ele. Afinal, passámos a ser amigos. Ou, no mínimo, "amigos" (as aspas tornam--se cada vez mais úteis hoje em dia).
Apesar disso tudo, acho que não ficámos mal na fotografia.
De analfabetos na coisa, passámos rapidamente a um grupo vistoso e barulhento.
Mario Ventura de Sá,
ResponderExcluirdigo-te que ri alto com a expressão "grupo vistoso e barulhento", com sempre, teus comentários são jocosos sem perder viés reflexivo.