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13 de jun. de 2010

Janelas não são túneis de luz...

Janelas não são túneis de luz

... que de nada servem porque nada ocultam...
nem são metáforas grandiloquentes, somente espaços emoldurados, o que não me impede de contemplá-las para perscrutar além da obviedade do nada que descerram.

Janelas de nada servem porque nada ocultam

Apesar das suas folhas cerradas, esboroadas e adornadas separarem o observador da obviedade...
Janela cerrada esboroada adornada

suas formas fantasmagóricas aguçam a imaginação...
Suas fantasmagorias aguçam a imaginação

não obstante, ao cabo de tantas andanças de idas e vindas e promessas quebradas e tratados rompidos,
Ao cabo de tantas promessas

ao final resta apenas o rigor mortis, que é o Senhor.
Rigor mortis trunfa

Depois que eles (animais rastejantes humanos) se vergam e soçobram, elas permanecem feito estátuas testemunhantes mudas da história, ferozmente trancafiadas e imóveis, ou loucamente sebatentes ao sabor das intempéries.
Sebatente sob os impulsos das intempéries

Artigo relacionado:
» Janelas falsas, para quê existem?

3 comentários:

  1. Ocorre-me o imortal poema.

    Por Trás Daquela Janela
    (José Afonso)

    Por trás daquela janela
    Por trás daquela janela
    Faz anos o meu amigo
    E irmão

    Não pôs cravos na lapela
    Por trás daquela janela
    Nem se ouve nenhuma estrela
    Por trás daquele portão

    Se aquela parede andasse
    Se aquela parede andasse
    Eu não sei o que faria
    Não sei

    Se a minha faca cortasse
    Se aquela parede andasse
    E grito enorme se ouvisse
    Duma criança ao nascer

    Talvez o tempo corresse
    Talvez o tempo corresse
    E a tua voz me ajudasse
    A cantar

    Mais dura a pedra moleira
    E a fé, tua companheira
    Mais pode a flecha certeira
    E os rios que vão pró mar
    Por trás daquela janela
    Por trás daquela janela
    Faz anos o meu amigo
    E irmão

    Na noite que segue o dia
    Na noite que segue o dia
    O meu amigo lá dorme
    De pé

    E o seu perfil anuncia
    Naquela parede fria
    Uma canção de alegria
    No vai e vem da maré

    Por trás daquela janela
    Por trás daquela janela
    Faz anos o meu amigo
    E irmão

    Não pôs cravos na lapela
    Por trás daquela janela
    Nem se ouve nenhuma estrela
    Por trás daquele portão

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  2. Olá, Isaias Malta.
    Emocionante a postagem, não somente pelas imagens mas pelas palavras que fizeram transbordar minha emoção.Beijos.Sílvia.

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  3. Mario, oportuno e belíssimo poema trazido por você.

    Sílvia, obrigado pelas considerações e, de quebra, dei uma espiadinha no se Blog, que vale muito a visita.

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