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23 de set. de 2009

Como descobrir se você está num relacionamento vazio? Ouvindo a linguagem do corpo.

Os seres humanos são de natureza inexoravelmente dualista: constituídos de uma pequena porção de razão e dominados em maior parte pela emoção. Por isso mesmo, nos casamentos há grandes dúvidas sobre a base do relacionamento: será amor ou interesse?

A origem de tanta desconfiança está nos próprios fundamentos da sociedade de consumo, onde o ter se sobrepôs ao ser. Assim, muitos casamentos acabam depois de alguns anos subsistindo por causa dos filhos, cartão de crédito, comodidade, inércia, conformismo e um medo pavoroso de enfrentar o desconhecido.

Você já parou para pensar nas reais bases do seu casamento? A correria do dia a dia o tem impedido de pensar sobre a relação, ou talvez o medo de descobrir que tudo esboroou seja maior do que o sofrimento que seria causado por uma verdade terrível?

A sociedade de consumo impôs um novo tipo de relacionamento vazio. Antigamente os casais ficavam juntos, até que a morte os separassem, por motivos morais. Provavelmente nossos pais e avós tenham se odiado até o fim, mas continuaram juntos para salvar as aparências. Hoje, as pessoas continuam tocando relações falidas por motivos estritamente patrimoniais, seja pela posse do patrimônio, e/ou “segurança espiritual” e posse(tutela) dos filhos.

Paradoxalmente, mesmo que hoje não haja mais a estigmatização social causada pelo divórcio, muitos relacionamentos viraram casamentos de fachada, ou para “inglês ver”, já que a chama do amor, paixão e carinho há muito tempo soçobrou em baixo do motor maior das nossas vidas: o financeiro, pois em face da abolição das restrições morais, restou o temor da diminuição do padrão de vida.

Voltando ao aspecto importantíssimo apenas ensejado no início do do texto; como somos em grande parte constituídos de emoção, as maiores evidências do casamento, “casca” por fora e vazio por dentro, não são encontráveis nas coisas propriamente ditas, e sim no que não é dito. Ou seja, os sinais são dados quando o espírito está desarmado, quando a pessoa fala usando a sua linguagem mais íntima e sem mediações intelectuais.

E a linguagem verdadeira é entoada pelo corpo. Preste atenção no corpo do seu cônjuge quando ele não está sendo governado pela razão. A forma como ele lhe trata revela o verdadeiro estado do casamento, pois quando dormimos manifestamos a nossa mais sincera índole.

Há um senão para o sucesso deste teste singelo, os casais em questão tem que necessariamente compartilhar a mesma cama, quarto e casa, pois os cônjuges que renunciaram há muito à linguagem do corpo, certamente estão envolvidos num tipo de relação que extrapola o escopo deste texto, já que são casamentos regidos pelo estatuto da Sociedade Anônima.

Então, preste atenção como é o seu relacionamento não racional com o seu cônjuge. Quando as pessoas se amam, seus corpos se procuram e se abraçam espontaneamente, estando seus donos dormindo ou não, pois é no detalhe miúdo da linguagem externada pela metade inferior do corpo (a descerebrada), que os indícios da vitalidade de uma relação se revelam cruamente.

Quando os pés já não se tocam e não se procuram, as canelas não se roçam, os joelhos se evitam e as pernas não se encaixam, você pode ter certeza de que, apesar do casamento estar morto de fato, subsiste de direito por motivos estranhos ao relacionamento afetivo entre vocês. Ao chegar a este nível de hipocrisia, você não está sendo nem um pouco diferente dos seus pais e avós.


Crédito da foto: Fotógrafo Frederico Mena-Quintero [photo.net] via [gnome]

Link relacionado: Guia de sobrevivência masculino no Mar da Intranquilidade feminino. [Blogpaedia]

5 comentários:

  1. Não sou casado, mas com as namoradas acontece a mesma coisa. Quando você percebe que faz um esforço para lembrar acariciar a companheira o relacionamento está esfriando. Quem consegue identficiar a linguagem do corpo sofre um pouco, pois acha que pode estar enganado, que pensa demais, mas no final das contas está certo.

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  2. Richard, não confunda sexo, com atos de carinho. Muitas vezes, a mulher só quer aconchego e o homem já fica com tesão. E não é bem por aí.

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  3. @Georgia Ah isso é verdade. É péssimo quando vc so quer um aconchego, um carinho do parceiro e ele ja pensa que a mulher quer sexo. Ou quando o homem so vem cheios de carinho para depois transar, sao as chamadas ''carícias sexuais'' que a maioria das mulheres odeia. Claro que é bom um carinho, beijinhos antes de transar, mas so chegar perto da mulher com esse tipo de carinho tendo so a finalidade de sexo é péssimo.
    No caso do Richard, a namorada dele se afasta dele qdo ele veio cheio de carinho pq imagina que logo ele ja vai querer transar, mas no momento ela nao quer sexo. É realmente mto chato isso, a mulher fica pensando ''Ah, ele so vem cheio de carinho so pra transar''. Isso fica na cabeça da mulher, e qdo ele chega assim pro lado dela, ela sai.

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  4. Que estranha coincidência o leitor se chamar Richard, algo a ver sobre o outro artigo sobre o Ricardão? http://www.blogpaedia.com.br/2009/08/top-10-virtudes-que-o-ricardao-esbanja.html

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  5. As pessoas ainda se apaixonam, os livros que contam histórias de amor continuam no top de vendas, as comédias românticas mantêm as plateias cheias e os meios modernos de comunicação virtual estão pejados de corações a bater e de flores a nascer.
    O amor continua a vender, na moda, nas campanhas de perfumes, nas séries da Fox e nas novelas.
    Parece que andamos todos à procura do mesmo todos queremos amar e ser amados, todos sonhamos com momentos cinéfilos perfeitos, um a correr em direcção ao outro em câmara lenta num prado verdejante ou numa praia tropical, e a magia desses eternos clichés mantém o nosso coração fresco e em constante processo de reciclagem.
    Então, por que passamos mais tempo a conversar por chat do que sentados no sofá ao lado uns dos outros, por que nos é cada vez mais fácil teclar ‘amo-te’ e mais difícil dizer a quatro olhos ‘gosto de ti’?

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