O realismo socialista tem suas raízes no neoclassicismo e nas tradições realistas da literatura russa do século XIX, que retrata a vida simples do povo, cujo maior expoente foi o escritor Máximo Gorki. O pressuposto teórico deste movimento sustenta que o verdadeiro sentido da arte é de descrever e exaltar a luta do proletariado em seu caminho ao progresso socialista. Para tanto, o artista deve ter a veracidade como norte e se valer da representação concreta da realidade ao retratar a dialética revolucionária em ação.
O objetivo principal desta nova arte de caráter funcional era exaltar o trabalhador comum, sua vida, seu trabalho e diversão como coisas admiráveis, ou seja, ela foi concebida para educar o povo sobre a nobre significação do socialismo. Por incrível que pareça, o objetivo dos primeiros ideólogos da revolução russa era criar, como denominou Lenin, “um tipo de ser humano totalmente novo, o Novo Homem Soviético”.
O resultado destes pressupostos teóricos aplicado no concretismo das ruas e praças tomou forma através de obras caracteristicamente pesadonas e marcadas por uma estilização padronizada. Após a queda do Império Soviético em 1991, todos os ex-países comunistas se lançaram numa cruzada contra os vestígios da dominação russa, o que redundou na destruição de quase todos os monumentos públicos.
Sorte nossa que alguns deles foram preservados e azar nosso que a maioria das obras remanescentes esteja entregue à decadência, ao vandalismo e ao descaso dos gestores públicos.
Ucrânia.
O fotógrafo se pergunta: como deixaram em pé monumentos como este?
[Wong]
Minsk, Bielorrússia.
O gigantesco frontispício de um Shopping da capital da Bielorrússia é um dos exemplos mais significativos do estilo realista socialista.
Veliko Tarnovo, Bulgária.
Impressionante monumento soviético abandonado em forma de disco-voador de concreto no pico de Buzludzha, nos arredores da pequena cidade de Veliko Tarkonovo, na área central da Bulgária.
Georgia.
Ironicamente, este é um monumento construído pelos Soviéticos para celebrar a amizade entre georgianos e russos. O estado de decadência denuncia a atual beligerância entre os dois países.
Lenin Arrombado em São Petersburgo, Rússia.
Os dias de 1º de abril costumam um tanto explosivos em São Petersburgo. Um grupo de jovens vândalos resolveu comemorá-lo colocando 300 gramas de dinamite na bunda da estátua de Lenin e o resultado foi um misto de comédia e tragédia pela destruição de uma obra pública.
Gruto Parkas, Lituânia.
Quando a Lituânia alcançou a sua independência em 1991, muitas esculturas como esta foram imediatamente destruídas no bojo do fervor patriótico, mas um grande número de monumentos localizados em áreas mais remotas foram preservados. Hoje elas se tornaram atrações turísticas e se pode dizer que a antiga presença soviética além de não ser mais incômoda, rende alguns trocados.
Minsk, Bielorússia.
Monumento em homenagem aos soviéticos mortos na invasão do Afeganistão (1979-1989).
Berlim, Alemanha.
Constatei pessoalmente a decadência da herança Soviética na antiga Berlim Oriental. Emoldurados pelo primeiro plano realizado em baixo-relevo em concreto, o conjunto de edifícios russos está sendo demolido.
Fotógrafo: Isaias Malta.
Referências:
Monumentos Soviéticos [Blog de Blogazos]
Começa a Desintegração do Império [Atica Educacional]
TOP 10 monumentos mais feios do mundo [Blogpaedia]
Algumas cidades que transformaram Foguetes em Monumentos Públicos [Blogpaedia]
Pensei que neste fim de semana não teria nehuma postagem.
ResponderExcluirFim de semana prolongado causa solidão até na internet. Todo mundo viaja.
Se quiser, pode apagar esse comentário, já que não tem relação com monumentos soviéticos.
Bacana o post... Mas um comentario seu, na foto da lituania, diz q esse tipo de monumento nao encomoda mais... Vivo na Polonia ha 3 anos, e ate hoje, 20 anos depois da Polonia ter se tornado livre, as pessoas ainda tem um certo repudio ao que sobrou do socialismo, seja em monumentos, predios ou costumes, e tentam a td custo apagar isso da memoria deles...
ResponderExcluiro socialismo nao e um bicho de sete cabeças, é uma coisa boa, digo o socialismo ideal, nao o real.
ResponderExcluirinfelizmente, nosso povo brasileiro a cada dia que passa pouco se importa com o proximo, so quer mais consumo e mais consumo =\.
O triste é que, apesar de terem de fato um cunho político (ainda que passado), são obras de arte. E maravilhosas.
ResponderExcluirPecam pela ignorância todas as nações que acham que ao derrubar todas estas obras, apagam a história. Pelo contrário! Estão muito mais próximas de repeti-la!
Espero um dia poder visitar todos estes locais, antes que desapareçam...
Tanto o polonês, quanto você que acredita que obras de arte não devem ser derrubadas tem razão. Se por um lado a Polônia vive sob a memória das botas soviéticas que lhe infligiram sofrimentos comparáveis àqueles impostos pelos nazistas, também é certo que simplesmente destruir a história não é antídoto para que ela não se repita.
ResponderExcluirEu também gostaria que essas obras sobrevivessem. Quando estive em Berlim, em 2008, vi os alemães derrubando quarteirões inteiros de prédios soviéticos. Viena quase extinguiu seus prédios novecentistas(vitorianos) e Londres teve que lançar um movimentos para preservá-los contra a fúria demolidora.
Pena que nós brasileiros não possamos dar nenhuma lição ao mundo sobre senso de preservação histórica, já que os nossos monumentos públicos estão caindo aos pedaços.
Muito legal esse post, Isaías. E sobre Berlim? Algo legal que possa nos contar? Mais fotos?
ResponderExcluirMaK-PG
ResponderExcluirTenho várias fotos de Berlim, só está faltando tempo para contextualizá-las. Berlim é engraçada porque os ocidentais estão virtualmente destruindo o ex-lado oriental, transformando tudo em shoppings centers e lancherias do McDonads, é uma pena a destruição histórica que eles estão perpetrando.
muito fixe
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