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17 de fev. de 2010

Estamos sendo derretidos pelas Redes Sociais.

O estardalhaço atual provocado pelo Google em torno de mais uma Rede Social chamada de Buzz suscita uma discussão sobre a pressão exercida para que nos conectemos cada vez mais e mais.

No teatro da guerra que as Redes movem contra os pobres usuários, o Buzz merece um destaque especial, porque foi enfiado goela abaixo dos signatários de contas Gmail. De uma hora para outra você abre sua caixa postal e se vê seguindo um monte de pessoas e sendo seguido por outras tantos ilustres desconhecidos.



Alguém já parou para pensar que se a nossa vida fosse controlada por eles, estaríamos 24 horas por dia diretamente conectados falando ininterruptamente?

Atualmente, quando os impérios da Internet disputam a primazia pela nossa atenção full-time, fico a me perguntar: para onde estão querendo nos empurrar com suas ondas (Wave), ou seja, vagalhões cada vez mais gigantescos a nos esmagar sob milhares de possibilidades de interação, nos reduzindo à incomunicabilidade hiper-comunicativa, posto que nos comunicamos de maneira absolutamente impessoal?

Talvez tenhamos que lidar brevemente com a “descontaminação conectiva”, quando nossos neurônios entrarem em fadiga galopante, pois onde quer que estejamos, em razão do bombardeio das múltiplas insistências para que fiquemos online, estamos nos distanciando de coisas simples, como do farfalhar das folhas ao vento, das alamedas umedecidas pelas emanações matutinas, ou da explosão de sons da passarinhada sob os matizes violáceos do cair da tarde.

Talvez, na ânsia de tentar transformar todas as sensações e mensagens em JPG e streaming de áudio e vídeo, estejamos perdendo o essencial, que é a interação conosco mesmos.


Leia também:
Google Buzz, uma nova wave para nos perdermos diante de infinitas possibilidades? [Samshiraishi]

9 comentários:

  1. ótima colocação!
    abração

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  2. Muito bom!

    A colocação de que estamos perdendo a interação com nós mesmos sintetiza tudo. Somos pressionados para entrarmos e nos mantermos nas redes sociais quase sempre sem uma finalidade para tal, apenas pelo fato de ser uma pressão "popular". Temos de ter em mente que existe vida fora das mídias sociais.

    Abraços!

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  3. Concentraram-se todos os meios nas novas tecnologias, esse deus contemporâneo e vazio, sem que ninguém parecesse pensar que o crescimento tecnológico depende, ele mesmo, da cultura.
    Educação sem cultura, como é? Computadores e redes sem pensamento, para que servem?
    A despromoção da filosofia nos currículos escolares sinaliza a abolição da inteligência investigadora, sem a qual não existe cultura.
    O pouco que se tem feito em matéria de cultura deve-se à energia de alguns seres luminosos.
    Por isso estranho, ninguém queira perceber o que há neste universo de crepúsculo.
    É preciso coragem para ir contra a cultura instalada no poder dos que se protegem mutuamente na defesa dos seus territórios.
    As diferenças fundamentais prendem-se com aquilo a que passe a redundância, chamo valores éticos. As pessoas transformaram-se em seres não pensantes. É uma forma socialmente aprovada de esquizofrenia a que chamo falta de integridade.
    Um bom exemplo é que a areia das praias cheia de lixo, as ondas do mar carregadas de latas, sacos de plástico, garrafas que trazem a mensagem da nossa pior pobreza, que é a de espírito.
    A minha parca inteligência não é capaz de atingir porque é que falta vontade de percebermos que a cultura é uma forma de pensar e trabalhar sobre todas as coisas da vida.
    O problema é que enquanto a cultura for apenas uma pregadeira de lapela, não mudamos.
    A imagem que temos de nós próprios afecta, de modo decisivo, as nossas expectativas e comportamentos.
    Só temos memória quando se trata de atirar as culpas para os outros.
    Quer isto dizer nós não temos o poder. Não, só obedecemos, sem questionar.
    Talvez nunca cheguemos a um sistema perfeito mas isso não é motivo para deixarmos de tentar.
    Que alternativa nos resta? A solução depende de nós.

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  4. ... resta saber o que vamos fazer nesse novo mundo, ou o que ele vai fazer de nós... #medo

    1 abraço =D

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  5. Putz, eu também acho um exagero essa profusão de redes sociais! Além de primitivas o nível de iteração é muito tosco, sempre htmlzinhio, videozinho, bla, bla, bla, bla. Enquanto não criarem algo mais inteligente dinâmico semelhantes as redes sociais da série Cáprica, em que você tem uma simulação neuro iterativa num mundo virtual, não vou ficar perdendo meu tempo com mais digitação, digitação e digitação... imagina que saco que isso é pra quem fica de 12 a 16 horas na frente do micro como eu!

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  6. Fazer amigos, manter amigos, perder amigos. A vida é assim.

    Fazer amigos: o mais difícil, com o passar do tempo. Quando miúdos, só são necessários uns interesses em comum. Entre os rapazes a coisa é ainda mais simples:basta ser adepto da mesma equipa, gostar dos mesmo rebuçados, ter uma certa fixação pelos seios da professora. E assim começa uma longa amizade. Mais ninguém que nos aparece é assim tão confiável.
    Fazemos amigos no trabalho, cúmplices de bares, mas amigos novos é coisa que vai rareando.

    Manter amigos: dependendo de com quem é pode ser uma missão simples. A amizade permite-nos um sem-número de erros. Claro, há sempre um limite. Mas não há amigos perfeitos, porque não há pessoas perfeitas. E o que seria da amizade sem a compreensão?

    Perder amigos: costuma ser uma tristeza pior que a morte. Quando o que morre é a amizade e não o amigo, o fantasma do que antes era belo assombra e assusta.
    Que pior coisa que um ex-amigo?

    Fazer amigos, manter amigos, perder amigos.
    Penso e repenso nisso ao reparar nas almas que me adicionaram como “friend” no Facebook. O que devo fazer para não decepcionar essas pessoas que não conheço? Como posso tornar sustentáveis estas relações virtuais sem (com isso e para isso) descuidar das pessoas de carne e osso que teimam em ter-me como amigo?

    Há muitas respostas para essas perguntas. Não gosto de estabelecer regras. Só pretendo alertar que vale a pena pensar no assunto.

    Existe gente que, desde que começou o Facebook, passou a não dar a devida atenção aos amigos reais das suas vidas.
    Eu mesmo apanho-me de vez em quando aborrecido com amigos que postam nas suas páginas coisas que, teoricamente, só os mais íntimos deveriam saber.
    Se calhar é coisa minha, da minha idade emocional.

    Amigos, amigos, Facebook a parte.

    “Amigo é alguém que, ao nos conhecer de verdade, não sai a correr.”

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  7. Mario, as relações cibernéticas estão a deformar definitivamente a outrora amizade "de verdade". Agora nem se sabe ao certo o que é intimidade.

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  8. Facebook cria "botão de pânico" no Reino Unido

    O Facebook vai disponibilizar, em conjunto com uma organização de protecção de menores britânica, um botão de alerta destinado a adolescentes que pensem que estão a ser alvo de "bullying" ou algum contacto mal intencionado.
    Ao utilizar o botão, disponível através de uma aplicação do Facebook, o utilizador fica em contacto com o serviço de aconselhamento do Centro de Protecção da Exploração de Crianças Online (CEOP). O adolescente terá, também acesso a informação sobre boas práticas nos contactos on-line.
    A aplicação não vai estar instalada por defeito nos perfis de Facebook, mas a empresa vai doar publicidade gratuitamente para promover o serviço.
    Na página da aplicação "ClickCEOP", podem-se ler alguns dos casos em que é recomendada a utilização deste botão de alerta: “Tens dificuldade em encontrar respostas a questões que te preocupam na Internet? Tens mensagens desagradáveis de desconhecidos no teu mural? Viste alguma coisa escrita sobre ti que não é verdade, ou pior que isso?”.

    Negociações com as autoridades

    A cedência ao pedido do CEOP aconteceu depois de, no Reino Unido, Ashleigh Hall, uma rapariga de 17 anos, ter sido morta por um predador sexual que conheceu no Facebook.
    Nessa altura, as autoridades britânicas intensificaram a pressão para que os responsáveis pela rede social criassem um meio que protegesse as crianças na rede social.
    Disponível apenas a utilizadores com endereço IP do Reino Unido, a aplicação foi desenvolvida em conjunto pelo CEOP e o Facebook.
    Não há informação sobre a disponibilidade de uma aplicação semelhante para Portugal.

    Fonte: Diário de Noticias

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