Não é a toa que na Holanda tenham surgido tantos pintores renomados. Basta pesquisar por Dutch_painters na Wikipedia e temos acesso a uma listagem enorme da qual selecionei apenas alguns como Jheronimus Bosch; Marinus van Reymerswale; Lucas van Leyden; Maarten van Heemskerck; Gerard van Honthorst; Rembrandt; Cornelis Gerritsz Decker; Johannes Vermeer; Vincent van Gogh; Piet Mondriaan .
As paisagens holandesas têm certa magia, que contamina a todos e dá vontade de ser artista para compartilhar sua beleza. Partindo de trem de Colônia na Alemanha, de repente somos cercados por campos, canais, moinhos, vilarejos, até chegar na belíssima Centraal Satation de Amsterdam.
Em Amsterdam somos tomados por uma sensação de deleite estético e de inquietação, pois parece que entramos numa daquelas belas figuras de ilusão de óptica, pois vemos a maioria das casas fora de prumo. Ora se distanciando...
Ora se aproximando e se apoiando umas nas outras como uma espécie de embriaguês solidária.
As mais ‘velhinhas’ necessitam de apoios adicionais como colunas e amarras externas.
As casas de esquina, sem ter muito onde se escorar oferecem um visual inquietante.
De perto, o ângulo da foto pode não evidenciar tanto, mas visto mais de longe, dá um pouco de receio...
A razão de tanta ‘tortura’ é que Amsterdam é uma espécie de lago e as construções são feitas sobre fundações de madeira unidas de três em três, como abaixo.
Antigamente, eram permitidas fundações com 5 a 6 metros, mas atualmente elas devem ter 20 m, por isso algumas construções contemporâneas possuem uma arquitetura ousada que se mantêm intrigante.
Além de tortas as casas são muito estreitas e, para, não ocupar espaço interno as escadas são espiraladas. Por isso vê-se em todas as construções antigas um gancho com uma roldana na cumeeira da casa para içar os móveis aos andares superiores.
Outra característica que chama a atenção nas casas e prédios de Amsterdam são suas magníficas fachadas com altos e baixos relevos, belas portas e janelas.
Todavia, o repetir de casas tortas, pontes e canais, que se espalham por toda a cidade (são 1281 pontes, Revista Turismo) pode facilmente nos confundir. Então, não tem como se encontrar sem o auxílio de mapas e muito comum ver pessoas nas ruas portando e consultando os seus.
Caminhar em Amsterdam é muito bom, porque, além de não ter subidas e descidas, as ruas estreitas inibem o tráfego de veículos automotores, fazendo com que a maioria dos habitantes prefira bicicletas.
Porém é preciso ter cuidado, pois as calçadas são divididas em uma faixa destinada a pedestres (junto aos prédios) e uma faixa destinada aos ciclistas, que podem resolver correr em suas magrelas. Estas faixas são, em algumas ruas, separadas por balizas, que também entortam!
Outro atrativo são as casas flutuantes ou casas barco. Algumas mais parecem balsas...
Outras têm bem a cara de barcos...
Umas são tão lindas e decoradas com flores, que dá vontade de entrar...
Algumas têm um estilo Dark..
Outras têm um aspecto mais desleixado com entulhos acumulados...
Uma delas pareceu-nos apenas um barco velho encalhado.
Para ver toda esta riqueza habitacional dos canais nada melhor do que fazer um passeio numa barca turística. Enquanto se desliza suavemente pelos canais, são dadas informações sobre a cidade, primeiro em holandês, depois em inglês, italiano e japonês. Assim, ficamos sabendo que houve um período de crescimento desordenado das habitações nos canais, mas elas foram cadastradas e mais nenhuma pode se instalar sem autorização prévia.
Nas barcas turísticas, além de o teto ser de vidro, há mesinhas então é possível levar e fazer um lanche durante o passeio.
Este passeio está incluído no pacote que pode ser comprado, num pequeno edifício branco, bem em frente da estação, saindo pela porta principal. Ali funciona o Escritório de Informações Turísticas ou VVV (pronuncia-se fei, fei, fei). Nele há simpáticos e poliglotas atendentes, que ajudam a encontrar hospedagem, prestam todo o tipo de informações, vendem mapas e tickets para excursões, concertos, museus etc.
Neste escritório, também é bom trocar o dinheiro, pois não é cobrada comissão sobre o câmbio. Compramos um pacote, por 50 euros, que permitia circulação livre em todos os transportes públicos (ônibus, bondes e metrô) durante 72 horas. Além disso, incluía um livreto com endereços, indicação de transporte e entradas gratuitas para vários locais turísticos, incluindo os principais museus da cidade. Também havia tickets para descontos em outros locais como o Museu de Cera Madame Tussauds, entre outros.
Um local imperdível é a Dam (praça do Dique), entre outros atrativos, ali se encontram artistas de rua (como a morte branca e a negra) e o prédio da Companhia das Índias (VOC), na imagem abaixo.
VOC foi um grande negócio em muitas versões. Ele remete a um mundo ávido por sedas, porcelanas e especiarias. Segundo Bernadette de Castelbajac, aAli se comprava tudo o que vinha do Oriente, nos navios holandeses, ingleses, franceses que se lançaram à mesma aventura em diferentes momentos (Duetto - História viva).
Nas cercanias da Dam há muitos cafés, ruelas, museus e lojinhas, que vendem de tudo. O bom gosto holandês permite que se tragam lembrancinhas muito legais e baratinhas. Em outros locais são livremente vendidos haxixe, maconha, Absindo com 99%, mas estes não podem ser trazidos. Uma opção legalmente transportável seria algum destilado em recipiente criativo. Preferimos bibelôs e imãs de geladeira, com seus preços mais convidativos e facilidade de transporte.
Além das ruas, os museus são extraordinários, com quadros belíssimos e caríssimos. Há um exclusivo de Rembrandt, que está instalado na casa que foi sua, antes dele falir. Como seus móveis e objetos pessoais foram indisponibilizados, foi possível restaurar sua casa e visitá-la parece uma viagem no tempo. Mas os museus europeus merecerão uma postagem própria.
Há tantas imagens para compartilhar que foi impossível resumir a este post, por isso criei um álbum, que pode ser acessado aqui. Ele ajuda a matar a saudades ou acicata a vontade de conhecer esta cidade que tem um pouco de tudo, especialmente europeus simpáticos que atendem os turistas com amabilidade e até sorriem, coisa não muito frequente.
Poderá gostar também do texto: Da onça ao Knut, um passeio nos zoológicos alemães.
Por: Gladis Franck da Cunha
Deleite é a palavra apropriada. Pelas imagens a cidade é linda. Ainda não fui à Holanda, vontade não me falta mas o relato é estimulante.
ResponderExcluirComo português, sei que é uma das primeiras democracias parlamentares e um dos fundadores da U.E.e em termos de negócios é fabulosa.
Obrigado por compartilhar. Sou suspeito porque gosto muito da Europa.
Então, viaje de Portugal à Holanda de trem e dê a sua contribuição ecológica.
ResponderExcluir