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18 de abr. de 2010

Homens são como Lobos e Mulheres como Preguiças!

Como a nossa “pequena reforminha” continua passei a sofrer de alguns efeitos fisiológicos colaterais que me levaram a esta singela e escatológica ‘especulação científica’.
Falo especificamente das funções intestinais, que apresentam um padrão bastante diferenciado entre homens e mulheres. Assim, enquanto meu marido continua impávido colosso, com suas funções digestórias funcionando normalmente, eu passei a sofrer de uma incontrolável ‘ timidez intestinal’ e o meu orgulho feminino de ter um intestino regulado, que funciona todos os dias, está caído por terra.

Triste sina feminina, que só não afeta uma minoria das mulheres, ficamos com o ventre preso em situações “menos” seguras, como são os banheiros públicos. O fato é que a circulação de pessoas estranhas pela casa está deixando os meus banheiros com jeitão de banheiro público. Mesmo com a dieta rica em fibras, frutas e água meu intestino se torna “ausente”, voltando a se manifestar apenas durante o almoço quando os pintores saem e somem as vozes e sons estranhos pela casa.

O pior é que não adianta tentar impor racionalidades ou usar subterfúgios, pois, do mesmo modo que quando queremos dormir a qualquer custo parece que o sono some, ao forçar o funcionamento intestinal só pioramos as coisas. Diante deste quadro cabe perguntar-se por que com os homens as coisas costumam, na maioria dos casos, funcionar de forma diferente?

Daí a especulação de que os homens são como os lobos que costumam demarcar seu território usando urina e fezes. Por exemplo, os lobos-guará vizinhos geralmente respeitam as fronteiras impostas por outros casais. Para isso, cada indivíduo deposita sua urina com odor extremamente forte e fezes em cima de pequenos morros ou cupinzeiros, delimitando as fronteiras de seu território. Estes odores fortes e exclusivos servem de sinal de "não invada" para os outros animais da espécie (Ecoloja: Conhecendo o Lobo Brasileiro). 

Por serem espécies carnívoras e caçadoras os lobos tem “armas” para se defenderem de seus inimigos, por isso fazem questão de registrar sua presença com odores marcantes. Do mesmo modo, os homens não se preocupam se os outros compartilham com ele seus cheiros e ruídos, especialmente quando estão no seu território.

Ao contrário dos lobos, as Preguiças são animais que baseiam sua alimentação em folhas, raízes, brotos de algumas espécies de árvores e frutos. Devido a lenta digestão e baixo valor energético desses alimentos elas levam uma vida muito pacata, dormindo, aproximadamente, 14 horas por dia e usando suas grandes garras apenas para subir e permanecer na copa de árvores de grande porte, mas não para lutar contra predadores.

Às Preguiças não interessa revelar sua presença, assim suas fezes são bastante secas e elas descem do topo das árvores, indo para o solo da floresta, aonde se tornam incrivelmente desajeitadas, apenas uma vez por semana com o objetivo de fazer suas necessidades fisiológicas. Essa estratégia tem funcionado bem, pois um animal saudável costuma viver entre 30 e 40 anos (Bicho-Preguiça: uma vida bem devagar). 


Por isso especulo que as mulheres estão mais para o Bicho-Preguiça do que para os Lobos, ao contrário dos homens. A seleção natural pode ter favorecido esta diferença, uma vez que as mulheres ficavam com os filhos nos acampamentos, enquanto os homens saíam em bandos para a caça. Nesse caso, em “situações de perigo” era bem mais seguro não revelar a presença através de cheiros.

Esse argumento nos ajudaria a “explicar” o intestino feminino, mas quanto ao masculino, por que funciona diferentemente? Pode-se supor que para a proteção da prole o ideal é que os machos, ao saírem para as caçadas, levassem consigo seus cheiros e atraíssem os predadores para si afastando-os das mulheres e crianças acampadas. Para eles, mais fortes e armados esse seria um risco bem menor.

Em muitas espécies os machos se diferenciam das fêmeas. Helena Cronin necessitou de mais de seiscentas páginas para descrever os problemas conceituais e discordâncias entre Darwin e Wallace em relação às diferenças entre as caudas dos pavões machos e fêmeas. Ela também aborda várias tentativas de solução a esta questão tanto de defensores de Darwin quanto de Wallace, mostrando que este é um assunto espinhoso.

Por isso, não faço aqui mais do que especular, divertidamente sobre diferenças escatológicas entre homens e mulheres, a partir de uma pequena tragédia, tipicamente feminina, do “intestino preguiçoso”, ou melhor, dizendo, “assustadiço”, pois se não há solução o negócio é relaxar e gozar.

Por Gladis Franck

Referências:
CRONIN, Helena. A formiga e o pavão: altruísmo e seleção sexual de Darwin até hoje. Campinas : Papirus, 1995.
ECOLOJA: Conhecendo o Lobo Brasileiro.
SUA PESQUISA: Bicho-Preguiça: uma vida bem devagar.
FORA DA ROTA: Bicho-preguiça é mesmo preguiçoso? 

5 comentários:

  1. Eu diria que é uma situação deveras incômoda sair pra caçar com prisão de ventre. Simples assim. :P



    Entrementes... não existia nos primórdios evolutivos do ser humano como caçador-coletor uma convenção de que as mulheres é que cuidavam de grande parte do trabalho(lavoura, etc.)? Isso não faria essa estranha indisposição intestial um problema? Ou isso só foi acontecer muito mais após, de forma que o estrago evolutivo já estava feito?



    Eu não faço a mínima idéia, mas adoro especular. :P

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  2. Bruno,

    A agricultura chegou bem depois. Se atribui a formação de sociedades humanas mais estruturados ao período da era glacial. Foi tembém neste período que se verificou o maior desenvolvimento do cérebro dos Homo sapiens.
    Sobreviveram os grupos que se organizaram para caçar animais maiores, esta organização favoreceu a seleção da linguagem e simbolização, que afetou profundamente a inteligência humana.
    Já a agricultura necessitou de uma sociedade mais organizada, pois envolve a transmissão de uma cultura mais elaborada.
    Um forte indício disso são as pinturas rupestres, que retratam técnicas de caçada em grupo, mas não de atividades agrícolas. Já nas sociedades com cultura elaborada, como a egipcia, há farta representação de cenas de agricultura

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  3. Excelente matéria! Como sempre, a pessoa que escreve o blog tem idéias para escever matérias super interessantes .! Adoro ler aqui =]

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  4. Especular um dos meus prazeres.

    Com os meus conhecimentos rudimentares defino pré-história como uma época anterior ao aparecimento da escrita., talvez 4000 a 5000.a.C.
    Depois, na época do Paleolítico, começa aquilo que eu interpreto como a existência do ser humano, pois surge a comunicação e o exemplo mais expressivo são as pinturas rupestres.
    Nesta época aceito perfeitamente que os machos levassem consigo seus cheiros e atraíssem os predadores. Estou a falar do instinto da preservação.
    Já no período Mesolítico não concordo pela simples razão da descoberta que talvez tenha sido a mais importante “ o fogo “

    O fogo torna-se numa arma poderosa, além de outras utilizações e assim sendo a ideia inicial começa a ser ilógica. Porquê? Deixa de ser necessário para a sobrevivência o comportamento anteriormente mencionado, pois esta arma não tem sexo.
    Quanto à questão intestinal é uma situação psicológica que não é apenas feminina, pois os homens têm comportamentos análogos e a diferença é apenas uma. Não falam nela.

    Como é que posso classificar o que observo com alguma regularidade o comportamento de muitos homens que nos WC públicos são incapazes de urinar junto a outros homens?

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  5. Hahahaha Adorei!
    Excelente matéria!

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