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6 de jun. de 2008

Charles Darwin teve uma hospitalidade bem “brasileira” no Rio de Janeiro?

Darwin in Rio de Janeiro
Pela leitura do diário de Charles Darwin “Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo”, depreende-se que em alguns lugares do litoral brasileiro a hospitalidade não chega a ser um ponto forte. Então, o que os turistas sofrem em termos de padecimentos e maus tratos na temporada de veraneio, não chega a ser uma novidade típica apenas dos nossos dias, já que nos idos do ano de 1832 o naturalista que revolucionou a biologia se queixa amargamente da baixíssima qualidade dos nossos serviços.

Charles Darwin narra o tratamento infame que dono da venda reservou à caravana, na sua chegada a Mandetiba, Rio de janeiro no dia 9 de abril de 1832:

“A venda fica num pátio, em que se alimentam os cavalos. Costumávamos, ao chegar, desarrear os animais e dar-lhes a ração de milho. Em seguida, curvando-nos reverentemente, pedíamos ao senhor que nos fizesse o favor de ar qualquer coisa que comer.

- Qualquer coisa que quiserem, senhores! Era a sua resposta habitual.

Nas primeiras vezes, dei em vão graças à providência, por nos haver guiado à presença de tão amável pessoa. Prosseguindo o diálogo, porém, o caso invariavelmente assumia o mesmo aspecto deplorável:
- Pode fazer-nos o favor de servir peixe?

- Peixe! Não, senhor.

- Sopa?

- Não, senhor.

- Carne seca?

- Oh! Não, senhor! Se tivéssemos sorte, esperando umas duas horas, poderíamos conseguir frangos, arroz e farinha. Não raro, tivemos que, pessoalmente, abater com pedradas as galinhas que nos iam servir para o almoço. Quando extenuados de cansaço e de fome, dávamos a entender que ficaríamos satisfeitos de ver a mesa posta, a resposta pomposa usual, se bem que verdadeira, mas assaz desagradável, era:

- Fica pronto, quando estiver pronto. Se ousássemos insistir mais, mandar-nos-iam seguir viagem, por sermos tão impertinentes.”

Referência: http://www.darwinsgalapagos.com/Darwin_voyage_beagle/darwin_beagle_chapter_2.html

Hospitalidade, Rio de Janeiro, serviços, atendimento, fato histórico

2 comentários:

  1. Meu nome é Pedro Fassini e tenho 7 anos. Gosto de ler sobre o Darwin e fiquei surpreso com a visita do Darwin ao Rio e o fato dele ter sido mal recebido.

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  2. Fabio,
    não é muito surpreendente quando se sabe que Darwin, na época em que chegou no Brasil, não passava de um desconhecido fedelho de 20 anos.

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