Cada vez que eu encosto o carro num posto de gasolina surge o seguinte dilema: qual é a opção mais ecologicamente correta? Álcool ou gasolina?
O álcool e o biodiesel estão inseridos no contexto complexo do debate sobre os biocombustíveis. Houve uma polarização da opinião pública mundial sobre o assunto em face do aumento da área de solo agricultável destinada à produção de combustíveis.
As raízes do debates e embates travados nas tribunas internacionais se localizam em vários níveis, por isso o assunto dos combustíveis alternativos tem incendiado tanto o humor dos debatedores. Para poder entender de maneira didática os interesses envolvidos e tentar responder o dilema que cada motorista consciente enfrenta ao abastecer seu carro, formulei algumas perguntas que vão em busca de um juízo de valor:
1 – O que é uma ação ecologicamente correta?
À primeira vista, a escolha de um combustível que polua menos o ar é a melhor alternativa. Porém, na prática as coisas não são tão simples assim pois quando se trata de conceitos ecológicos, deve-se pensar em nível multidimensional. Então, toda a cadeia de produção dos biocombustíveis dever ser analisada, desde o uso de solo, ao seu manejo e à disposição dos rejeitos. Um combustível “verde”, ou seja ecologicamente correto, não deve provir de monoculturas destruidoras, onde são empregados pesticidas e fertilizantes destruidores do solo. Os rejeitos do seu processamento não podem estar contaminando os lençóis freáticos e a sua produção não pode estar formando os “desertos verdes” - que são extensas áreas de terra, que apesar de cultivadas, se tornam indisponíveis e estéreis para a produção de alimentos.
Os países produtores de biocombustíveis ainda devem explicações sobre a adequação das suas cadeias produtivas.
2 – Qual é o fim último do solo?
A pergunta de tão óbvia, nunca precisou ser formulada, até agora. Hoje se tem dúvidas quanto ao fim sagrado da terra: ela serve para alimentar o mundo, ou para abastecer um sistema de transportes arcaico e desperdiçador? A crescente inflação mundial no preço dos alimentos alerta para o fato de que a pequeníssima área de terras cultiváveis no planeta, quase todo ele preenchido por mar, geleiras e desertos, não pode ser destinada a manter os mesmos padrões de consumo da era do petróleo. Enquanto não for eticamente óbvio que a terra serve para produzir alimentos, continuaremos debatendo filigranas do mercado de “commodities” sem nos atermos ao eixo principal da discussão: a fome do mundo.
3 – Por que a opção tecnológica dos transportes continua direcionada aos obsoletos motores a explosão?
Quando o consumidor brasileiro troca seu carro, ele não têm a opção de compra de um carro híbrido. Ora, os carros híbridos funcionam à base de células de combustível, motor à explosão e elétrico. Eles aproveitam dezenas de vezes mais o combustível líquido que queimam, gerando uma economia que em alguns casos pode chegar a 60 km por litro. O Brasil enveredou pelos motores Flex que são uma piada ecológica, pois continuamos a gastar os mesmos litros que gastávamos com gasolina. Apesar de se auto apregoar como o "país do futuro", o Brasil definitivamente não pensa no futuro.
4- Por que os esforços ecologicamente corretos de substituição de combustíveis não possuem o mesmo fôlego no assunto da diminuição do consumo?
O combate ao aquecimento global não pode ficar reduzido aos melhoramentos tecnológicos, ele deve envolver também a redução nos padrões de consumo. As pessoas têm que necessariamente cortar os seus deslocamentos supérfluos. O esforço para combater as emissões dos gases do efeito estufa deve ser canalizado para a diminuição do consumo de combustíveis, sejam de que tipo forem eles, fósseis ou não.
4 – Por que no Brasil o transporte individual ainda é a maior preocupação dos gestores públicos?
A inauguração da Ponte Estaiada na cidade de São Paulo é o maior monumento à burrice da opção pelo modelo de transporte rodoviário feita pelo Brasil . O apresentador de TV Datena definiu bem a real função do novo cartão postal de São Paulo: “é uma obra inútil ligando um engarrafamento ao outro”. Enquanto as obras do metrô se arrastam a passos de cágado, os políticos ufanistas inauguram na superfície uma obra rodoviária natimorta.
O Brasil, como país que sucateou completamente os seus sistemas de transporte ferroviário, fluvial e marítimo, “revoluciona” oferecendo ao mundo seus biocombustíveis. Dá para acreditar? Tenho cá as minhas desconfianças.
Ecologia, aquecimento global, inflação dos alimentos, Biocombustíveis, álcool, modelo rodoviário, redução do consumo
Realmente um tramporte ferroviario morto , trem bala para transporte de trabalhadores e gigantes combois de carga pasra parques industriais, a industria de mecanica pesada parou......
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